A busca pelo equilíbrio entre vida pessoal e profissional é o aspeto mais valorizado pelos trabalhadores desta área de atividade, ainda que a compensação financeira tenha ganho destaque no estudo da Boston Consulting Group.
A pesquisa, realizada em vários países do mundo, mostrou ainda que está a diminuir o número de profissionais dispostos a mudar de país, enquanto aumentam os que estão disponíveis a trabalhar remotamente para empresas no estrangeiro.
O estudo realizado pela Boston Consulting Group (BCG) e The Network junto de 10.000 profissionais da área tecnológica, procurou compreender o pulsar de um dos setores mais competitivos a nível global e apoiar as empresas nas suas estratégias de retenção de talentos digitais.
“Num setor tão competitivo como o da tecnologia, onde se encontram não só as tecnológicas, mas outras empresas de diferentes setores com departamentos de inovação e desenvolvimento, é essencial compreender o que procuram os profissionais”, sublinha Eduardo Bicacro, Principal na Boston Consulting Group.
“Decoding the Digital Talent Challenge” revelou que cerca de 40% dos profissionais que trabalham na área das tecnologias de informação estão ativamente à procura de emprego e quase 75% esperam deixar o seu cargo atual num futuro próximo.
Entre os principais fatores que levam os profissionais das áreas tecnológicas a mudar de funções, destacam-se a oportunidade de progredirem nas suas carreiras e a procura de novos desafios, indicados por 63% e 49% dos inquiridos, respetivamente. Para estes colaboradores, o equilíbrio entre vida pessoal e profissional continua a ser o aspeto mais valorizado no emprego, ao qual se segue a boa relação com os colegas de trabalho.
Também a compensação financeira, tanto sob a forma de salário, como de incentivos a longo prazo – tais como opções de compra de ações – ganhou terreno, passando do quinto para o terceiro lugar nas preferências, quando comparado com os resultados do último inquérito, realizado em 2018.
A diversidade e a inclusão, assim como as questões ambientais também aumentaram de importância no último ano para 61% dos profissionais da área tecnológica. 50% dos inquiridos não trabalharia para empresas que não partilhassem as suas crenças sobre diversidade e inclusão, enquanto 48% adotam a mesma posição relativamente a políticas ambientais.
Embora a crise da COVID-19 não tenha tido o mesmo impacto nos padrões de trabalho dos colaboradores da área tecnológica, em comparação com outros setores, o trabalho totalmente remoto aumentou significativamente para os funcionários nestas funções, atingindo 76% no final de 2020, face a 41% em 2018.
Londres é a cidade mais atrativa para talentos digitais
Segundo o estudo, 95% dos inquiridos gostariam de manter alguma flexibilidade, trabalhando pelo menos um dia por semana a partir de casa, embora apenas 25% gostassem de trabalhar de forma totalmente remota. Outros tipos de flexibilidade são também altamente valorizados, com 75% dos inquiridos a preferir trabalhar com horários total ou parcialmente flexíveis.
“A pandemia veio derrubar barreiras físicas e a presença geográfica é um pormenor cada vez menos relevante na escolha de um emprego. É curioso, contudo, verificar que a realidade que temos vindo a observar em Portugal é uma tendência global e que podemos sobressair nesta competição, quanto mais cedo oferecermos opções realmente adequadas às preferências dos trabalhadores”, explica Eduardo Bicacro.
“a presença geográfica é um pormenor cada vez menos relevante na escolha de um emprego”
Com a tendência do trabalho remoto a aumentar, a disponibilidade dos profissionais para mudarem de país diminuiu, registando 55%, menos 12p.p. do que em 2018. No entanto, 68% dos inquiridos estariam dispostos a trabalhar remotamente para um empregador sem presença física no seu país, um valor significativamente mais elevado do que a média de 57% de colaboradores de outras áreas de trabalho, que não tecnológicas.
Os Estados Unidos da América, o Reino Unido e a Austrália são os países onde estão as empresas com as quais os inquiridos gostariam de trabalhar remotamente. Já quando se menciona a deslocação física para trabalhar, o Canadá é o destino mais desejável, tendo ultrapassado os Estados Unidos da América desde o último inquérito.
Os países europeus, incluindo Alemanha, Suíça e França, viram a sua popularidade diminuir, enquanto Singapura e Nova Zelândia entraram no top 10 do ranking dos países considerados, refletindo a situação favorável da COVID-19 nestes países. O Reino Unido manteve a sua quinta posição, sendo Londres ainda a cidade mais atrativa para a transferência de talentos digitais.