84% das empresas portuguesas pretendem concorrer ao apoio financeiro europeu

Foto: UE/PE

Um inquérito, da FI Group, ao tecido empresarial português no âmbito da consulta pública ao Plano de Recuperação e Resiliência revelou que a grande maioria das empresas – 83,9% – têm interesse na realização de investimentos até ao final de 2023, data limite para a execução do programa Next Generation EU.

O Next Generation EU é um instrumento financeiro da União Europeia, com caracter temporário, no valor de 750 mil milhões de euros, destinado a ajudar e a reparar os danos económicos e sociais imediatos provocados pela pandemia de coronavírus no conjunto dos países da União Europeia.

Segundo a pesquisa da FI Group as tipologias mais comuns para projetos com investimentos até 1 milhão de euros, destacam-se nas áreas de qualidade, formação/qualidade profissional e internacionalização. Já os investimentos entre 1 e 5 milhões de euros têm especial relevância nas áreas de investimento produtivo, projetos de investigação e desenvolvimento e digitalização. Os maiores investimentos, com valores superiores a 10 milhões de euros promovem, sobretudo, projetos nas áreas do investimento produtivo, I&D, eficiência energética e energias renováveis.

Para o diretor-geral da FI Group, Paulo Reis, “o elevado interesse demonstrado pelas empresas que operam em Portugal é revelador do efeito de arrastamento que temos a oportunidade de potenciar com o incentivo à criação de novas capacidades produtivas. Tanto os projetos com menor financiamento, como os que exigem valores de apoio maiores são, neste momento, decisivos para as empresas portuguesas. Os primeiros podem contribuir para alavancar capacidades internas de muitas empresas com dependência ao nível do capital humano e atividades comerciais e marketing, ao passo que os projetos de I&D e de aquisição de novas capacidades produtivas implicam custos de aquisição dos meios técnicos e humanos associados muito elevados”.

O estudo incidiu nas respostas de 168 entidades das diferentes regiões do país e os setores de atividade com maior peso na amostra são a Indústria transformadora (44,6%) e as atividades de consultoria científica e técnica (19%). Aproximadamente duas em cada três são PMEs e 70,2% têm ligação ao comércio externo por via da importação e/ou exportação, tendo ainda uma expressão significativa as empresas que atuam ao nível do mercado interno, fortemente abalado pelo atual contexto pandémico.

Ao nível do histórico no recurso aos fundos europeus, cerca de metade das empresas inquiridas (51,2%) afirma ter recorrido ao PT2020, existindo um novo segmento de empresas, cujas atividades estão significativamente condicionadas pelo impacto da Covid-19, que apresenta necessidades de apoio.

O inquérito da FI Group reúne ainda contributos das empresas relativamente ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), sendo que apenas uma em cada cinco empresas considera que a alocação de subvenções para financiamento do investimento empresarial privado se apresenta suficiente. As empresas referiram também a necessidade “de uma revisão da política fiscal nacional” e “de uma maior flexibilidade em termos de legislação laboral, licenças, menos burocracia e mais rápidas decisões dos vários organismos públicos”.

Para a FI Group, a necessidade de recapitalização das empresas pós-pandemia, a internacionalização da economia e o setor do turismo, maior atividade económica exportadora do país, não são devidamente considerados no plano. Por outro lado, a empresa com vasta experiência na preparação de candidaturas a fundos destaca o foco que é dado à capacitação do sistema científico e a ligação entre o sistema académico, científico e tecnológico e o tecido empresarial português, considerando que é importante reforçar as verbas para uma efetiva cooperação que contribua para o desenvolvimento de uma indústria forte e baseada no conhecimento, fundamental para a recuperação económica.

Com sede em Espanha, a FI Group desenvolve atividades de captação de financiamento para o desenvolvimento das suas atividades de Investigação e Desenvolvimento (I&D), por meio de uma gestão de fundos de investimento, incentivos fiscais e soluções de Business Intelligence. Em Portugal, a FI Group apoiou mais de 1150 empresas com projetos que permitiram captar, 1300 milhões de euros.

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