A adoção da Inteligência Artificial (IA) está a transformar o cenário empresarial em Portugal, com 90% das empresas a identificarem a otimização das operações como a principal motivação. Este é um dos dados revelados no relatório Ascendant Digital 2024, apresentado pela Minsait, que analisa a evolução e aplicação da IA nas organizações portuguesas.
O relatório, intitulado “IA: Uma revolução em curso”, foi elaborado com base em inquéritos a mais de 130 empresas nacionais, em colaboração com a AESE Business School, e envolveu também 900 organizações do Sul da Europa e da América Latina. Vicente Huertas, Country Manager da Minsait em Portugal, destacou o potencial transformador da IA, salientando a sua crescente centralidade nos debates sobre o futuro tecnológico e regulatório.
A implementação de IA nas empresas portuguesas visa não só a otimização das operações, mas também o aumento de vendas (37%) e a melhoria da experiência dos clientes e utilizadores internos (32%). No entanto, a falta de um modelo de governação de dados e a sua gestão são apontadas como os principais obstáculos (39%) à adoção de IA, seguidos pela inadequação das infraestruturas tecnológicas (39%) e a escassez de profissionais qualificados (34%).
O relatório sublinha a importância da IA em várias áreas da cadeia de valor, como o desenho de produtos e serviços (93%), operações de cliente (85%), estratégia (85%) e vendas (80%). Estas aplicações incluem análise preditiva, investigação e desenvolvimento de novos produtos, personalização de campanhas e previsão da procura dos clientes.
A nível global, 78% das organizações já possuem infraestrutura na cloud para suportar a IA, e muitas têm parcerias com hiperescaladores para facilitar a adoção de IA Generativa, essencial devido aos elevados custos e conhecimento técnico necessários.
A Minsait defende a integração de ética e cibersegurança desde as fases iniciais de conceção e implementação de IA, embora apenas 9% das organizações globais tenham planos específicos de cibersegurança para IA. Setores como a Banca, Energia, Seguros e Telecomunicações lideram na incorporação de IA, enquanto Consumo & Retalho, Indústria e Administrações Públicas ainda estão a explorar o seu potencial.
A recente aprovação da Lei Europeia da IA (AI ACT) pretande impulsionar a adoção da IA, criando um quadro regulamentar que incentiva o investimento e garante a utilização responsável e segura desta tecnologia. No entanto, apenas 24% das organizações nacionais identifica a necessidade de um quadro regulamentar estável como uma barreira ao aumento da sua adoção.