Como acontece com a maioria dos projetos empreendedores a ideia de criar a Agri MarketPlace surgiu das dificuldades experimentadas por um dos sócios – Filipe Núncio, agricultor – em aceder aos mercados, e em conseguir preços justos para os seus produtos. O conceito tomou forma no projeto NAVES (Novas Aventuras Empresariais), apresentado por Filipe Núncio, José Eduardo Magalhães, Luís Silva e Tiago Pessoa, no âmbito do Executive MBA da AESE, que fizeram entre 2014 e 2016.
Com esta plataforma, os produtores conseguem ‘o acesso direto a compradores e vendedores, com margens de intermediação substancialmente inferiores às praticadas pelo mercado’, explica ao Empreendedor José Eduardo Magalhães. O objetivo é vencer o risco de flutuações especulativas, com que os agentes intermediários ‘esmagam’ os preços dos produtores, e ao mesmo tempo criar um canal direto para os compradores.
Com efeito, os custos comerciais são elevados para os produtores que pretendem alargar a sua base de clientes, ao mesmo tempo que os compradores industriais têm de contactar numerosos fornecedores para as suas encomendas. Esta especificidade levou a Agri Marketplace a posicionar-se no mercado como uma solução para as duas partes deste negócio, sublinha José Eduardo Magalhães. ‘A redução de esforço e custo na obtenção de contrapartes para realizar negócios e a facilitação do acesso a serviços complementares, para garantir a entrega dos produtos transacionados, com controlo de qualidade e de forma expedita e segura, bem como o conhecimento das diferentes ofertas no mercado, com total transparência’, destaca o cofundador do projeto.
A Agri Marketplace apresenta, de uma forma transparente, as ofertas dos produtores agrícolas inscritos na plataforma, possibilitando aos compradores industriais analisar as propostas existentes e colocar as suas próprias propostas no mercado, negociando numa plataforma digital que disponibiliza também as ferramentas para a contratualização final.
O projeto ainda está numa fase inicial pelo que é prematuro falar em financiamento, explica José Eduardo Magalhães. ‘Estamos a trabalhar com capitais próprios, mas estamos a analisar hipóteses de financiamento para fases posteriores do projeto, e estamos muito satisfeitos com as perspetivas’, justifica. Atualmente, os promotores do projeto trabalham na rede de serviços de suporte à contratação, como a consultoria jurídica, fiscal e serviços logísticos e de transporte de mercadorias, por via terrestre e marítima. Também serviço de controlo de qualidade para os produtos transacionados, e serviços financeiros no suporte ao pagamento das transações, entre outros. A fase de angariação de clientes (produtores e compradores) ocorrerá num momento posterior.
Apesar da juventude do projeto, a Agri Marketplace ‘ganhou’ um passe para a Web Summit, porque o objetivo dos fundadores da empresa é internacionalizar o conceito. ‘Este negócio só faz sentido com uma estratégia de internacionalização. A prototipagem será feita no mercado nacional, com uma primeira fase de expansão para o mercado da Europa comunitária, e em fases posteriores para outros mercados’, adianta José Eduardo Magalhães.