Associação Portuguesa de Franchising quer nova dinâmica para o setor

Ainda que a evolução económica lhe mereça alguma cautela, Cristina Matos vê no interesse crescente pelo franchising um sinal positivo, ‘se a tendência se mantiver como até aqui, espero que no próximo ano o mercado venha a evoluir favoravelmente’. Há, pelo menos, sinais promissores, como a entrada de grandes grupos económicos no setor. ‘Já começámos a ver isso o ano passado, com a entrada de empresas do Grupo Sonae no mundo do franchising, e neste momento continua-se a verificar a entrada de outras empresas, que procuram desta forma expandir a sua atividade’, salienta. ‘Claro que temos de trabalhar muito para isso, as empresas têm de sentir que a associação é uma mais-valia’, diz a diretora-geral da APF.

Entre os projetos para 2017 está a parceria da Associação Portuguesa de Franchising e o Empreendedor. As duas entidades vão realizar em conjunto um grande evento na área do empreendedorismo e franchising em Portugal. Esse evento faz parte do conjunto de atividades que a APF tem programadas para assinalar os trinta anos de história da associação, com os quais a direção pretende trazer um novo dinamismo ao setor do franchising em Portugal. ‘Depois deste primeiro ano, que acabou por ser um ano de teste, vamos avançar para 2017 com muitos projetos e parcerias que irão trazer para a associação dinâmicas muito interessantes. Temos parcerias na área do ensino, da banca e dos serviços que vão ajudar-nos a impulsionar diversas iniciativas que pretendemos efetuar’.

A associação surgiu em 1987, numa altura em que o franchising dava os primeiros passos em Portugal. Na fase inicial, a associação teve um papel muito proactivo, mas com a saída do presidente fundador, acabou por perder algum protagonismo. ‘O que origina essa desaceleração é a falta de disponibilidade dos associados, que por razões óbvias, acabam por ter de se focar nas suas empresas não permitindo ter disponibilidade para o associativismo’, explica Cristina Matos. E o que aconteceu foi precisamente isso. O grupo fundador saiu da associação, em meados dos anos 90, mudando nessa altura a direção executiva, mas as equipas seguintes não conseguiram manter o mesmo ritmo de trabalho. Com o decorrer do tempo, o dinamismo que até então se tinha alcançado acabou por perder-se. Em 1996 surge o Instituto de Informação em Franchising (IIF), uma organização, com fins lucrativos, que acaba por assumir o papel de dinamização do setor, que até então estava reservado à associação.

‘Houve um período ainda considerável onde o Instituto foi ganhando protagonismo e fazendo aquilo que era da competência da associação, como a Feira, o Salão do Franchising – a associação ainda chegou a organizar quatro salões, antes do Instituto do Franchising aparecer – a associação editou o Anuário de Franchising, que depois passou a ser produzido pelo IIF, e criou, em 1989, a primeira Academia de Franchising para a formação dos profissionais do setor’ recorda Cristina Matos.

Nos últimos anos ‘A associação acabou por ser mais um espectador do que propriamente uma entidade mediadora e promotora do franchising em Portugal’ lamenta Cristina Matos.

A mudança de rumo aconteceria em 2013, com a nomeação da Isabel Andrade, CFO da McDonald’s Portugal, para assumir a presidência da APF, e esta nova direção retoma o modelo inicial, criando uma estrutura executiva e definindo um plano de atividades com o objetivo de levar a APF a desempenhar o papel de promotora do franchising em Portugal.

É neste contexto que Cristina Matos assume, em 2015, as funções de diretora-geral, numa altura em que também a economia dá sinais de crescimento, depois de alguma letargia em resultado da crise económica de 2008.

Simultaneamente, com a crise, houve igualmente mudanças profundas nas empresas ligadas à dinamização do franchising, o que acabou por afetar o protagonismo que, entretanto algumas dessas empresas, já tinham alcançado. ‘Quando entrou a nova direção da APF, havia, por assim dizer, um vazio na promoção do franchising’, sublinha Cristina Matos. ‘Nesse sentido, foram definidos alguns vetores que eram muito importantes para estimular o crescimento da associação, desde logo, criando regulamentos para a atividade, uma vez que não há em Portugal legislação para o franchising, com o objetivo de transformar a associação numa entidade reguladora’ destaca a diretora-geral da APF.

A associação também decidiu impulsionar a Certificação em Franchising, para ajudar a dar credibilidade ao setor, e criar mecanismos para apoiar as redes franchisadoras na expansão a nível nacional, mas também promovendo a internacionalização das marcas nacionais e trazendo mais empresas internacionais para o mercado nacional.

‘Quando nós começámos a implementar estes vetores foi também quando se começou a ouvir falar mais de franchising em Portugal. Certamente que a saída da troika acelerou um pouco a economia, mas foi a própria dinâmica que a associação implementou no setor que também contribuiu para esse crescimento’ frisa Cristina Matos.

‘Olhando para o futuro – e para um futuro muito próximo, uma vez que o próximo ano já está aí à porta – a associação faz 30 anos em 2017, e vamos assinalar a efeméride com alguns eventos importantes’ promete a diretora-geral da APF. ‘Queremos fazer da comemoração uma bandeira para que a associação seja a entidade de referência do franchising em Portugal, sublinha.

‘Em 2016 testámos a nossa posição no mercado e o balanço foi muito positivo, tendo servido para demonstrar um genuíno interesse em termos uma associação de franchising forte e ativa. Crescendo no número de associados, atualmente com 67 marcas associadas, contra as 19 existentes no final de 2014. O resultado deste ano de 2016 tem sido uma motivação para continuarmos a trabalhar no sentido de termos uma associação mais forte, que luta pelos seus direitos, pela credibilização do setor e que esteja disponível para desenvolver atividades que viesse ao encontro das necessidades das empresas’ diz Cristina Matos.

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