Value Creation Wheel: Nova metodologia para enfrentar os desafios do século XXI

Nos dias de hoje as empresas operam num mundo dinâmico que exige ferramentas que sejam simultaneamente flexíveis e estruturadas. O mundo ‘After Google’ (A.G.) é plano e irregular, e por isso exige modelos que ajudem a resolver desafios paradoxais, que não estejam limitados por caixas, mas antes que permitam integrar o conhecimento acumulado para crescer e lidar com a mudança e resolver os complexos paradoxos que se colocam atualmente à gestão – é desta forma que Luís Filipe Lages enquadra a necessidade da metodologia Value Creation Wheel (VCW), projeto que resulta de duas décadas de construção e testes, em cooperação com empresas, executivos, cientistas, universidades e estudantes um pouco por todo o mundo. De acordo com este professor da Nova SBE, a VCW ‘representa um passo fundamental na nossa estratégia de colocar a investigação ao serviço do mundo empresarial, oferecendo novas soluções para lidar com um mundo cada vez mais dinâmico e exigente e no qual a inovação é um fator crítico para o sucesso’.

Durante o período de testes e desenvolvimento, a VCW foi já usada para lidar com problemas, crises, desafios e paradoxos complexos em muitas áreas, tais como a indústria aeroespacial, astronomia, biotecnologia, indústria química, energia, setor da saúde e setor financeiro, ONG, turismo, entre outros. A VCW pode ser aplicada em muitos campos distintos, uma vez que a vida é, em si mesma, um processo de escolhas permanente. Nesse sentido, esta metodologia pode ser usada, por exemplo, para descobrir um emprego ou qual o mercado com maior potencial para uma empresa ou para decidir como começar a procurar um avião perdido no meio do oceano.

n Os fatores disruptivos da Value Creation Wheel nA Value Creation Wheel surge fruto de um consenso generalizado entre profissionais, agentes de políticas públicas, professores e investigadores em torno da necessidade de uma alternativa às metodologias tradicionais. Estas não dão todas as respostas e assentam em compromissos, revelando-se muitas vezes incapazes para resolver paradoxos.

Luís Filipe Lages exemplifica com três problemas reais empresariais aos quais a VCW foi aplicada: ‘Como reduzir os custos da organização, promovendo ao mesmo tempo a inovação? Como converter os denominados late-adopters de tecnologia em motores de inovação nos ciclos de produto? Qual a melhor opção para a nossa empresa crescer?’

Um dos fatores mais disruptivos da VCW é a forma como provoca o nascimento de novas ideias. Ao contrário de outras metodologias, a VCW liberta o brainstorming de fatores tradicionalmente inibidores, tais como filtros aplicados prematuramente, ou ainda a presença da hierarquia. Por outro lado, a Value Creation Wheel parte do pressuposto que ‘não há más ideias’, tudo depende dos filtros, nomeadamente os temporais: o que é hoje uma má ideia, pode amanhã ser um excelente caminho. Em aplicações recentes da VCW no contexto empresarial, a metodologia passou pela recuperação de sugestões de bancos de ideias, geradas em anos passados e que se encontravam votadas ao esquecimento. A VCW ‘sistematiza o processo de brainstorming e, ao fazê-lo, dá-lhe uma direção e confere-lhe dinamismo no processo de busca de soluções’, explica Luís Filipe Lages.

n ‘O mundo ‘After Google’ exige modelos que permitam integrar o conhecimento acumulado para crescer e lidar com a mudança e resolver os complexos paradoxos que se colocam atualmente à gestão’

nOutra inovação fundamental da VCW reside na sua abrangência. Este carácter holístico manifesta-se em dois sentidos: por um lado, permite e estimula a utilização de outras metodologias não vendo as outras metodologias como sendo concorrentes. Incorpora por exemplo outras metodologias (ex., Six Sigma, TQM, Lag-User Method, Lead-User Innovation), como se se tratassem de ‘plug-ins’ sempre prontos a serem incorporados; por outro, convida ao contributo de stakeholders internos e externos à organização.

‘Há quem defenda que devemos ser solution-driven, focalizar no brainstorming para gerar no maior número possível de ideias/soluções, sejam elas boas ou más, ao mesmo tempo que há quem defenda que devemos ser seletivos, exigentes, céticos e apresentar as limitações para as diferentes soluções’, exemplifica Luís Filipe Lages. Trabalhando em paradoxos e não em compromissos, a VCW acredita que tanto a geração de problemas como soluções são críticos no processo de tomada de decisão e que este deve ser aberto a vários parceiros internos e internos. ‘O que não podemos é juntar no mesmo processo as ideias e os filtros, ao mesmo tempo que devemos manter as hierarquias afastadas da fase de geração de ideias’, refere.

n Cinco etapas nA VCW desenvolve-se em cinco passos, que vão desde a formulação do problema à solução, passando por um processo inovador de criação colaborativa das ideias, às quais são aplicados filtros para seleção das ideias com maior potencial. Esta metodologia tem duas componentes, que dão pelo nome de DIANA e TIAGO, a primeira que representa o enquadramento científico e geral, enquanto a segunda traduz os passos de implementação customizada a realidades concretas.

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nFig: A ferramenta de implementação da VCW, denominada TIAGO, é composta por cinco etapas de ação: Tap, Induce, Analyse, Ground, Operate

n’Numa era de mudanças constantes, damos por nós a pensar se deveremos pensar ‘dentro da caixa’ ou ‘fora da caixa’. Metodologias que foram muito populares no século XX constituíram-se em torno de compromissos a preto e branco, passos autónomos e decisões lineares que não estão ajustadas ao mundo dinâmico de hoje. Vivemos numa era em que temos de pensar não só ‘dentro da caixa’ e ‘fora da caixa’, mas também ‘sem caixa’ para conseguir resolver problemas e crescer’, conclui Luís Filipe Lages.

n VCW lecionada em Portugal e nos EUA nEm Portugal, a Nova SBE vai lançar a 16 de Setembro o curso ‘Unlocking Growth’ destinado a CEOs, diretores e empreendedores dos mais variados sectores empresariais. Este curso será apoiado pela framework Value Creation Wheel (VCW) e para além da presença de Luís Filipe Lages, contará entre outros com a presença de João Abecassis, João Talone, Miguel Pina e Cunha, Paulo Portas e Pedro Santa Clara.

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Fig: Seminário sobre a Value Creation Wheel no MIT

nAlém-fronteiras, a VCW acaba de ser alvo de um ‘roadshow’ por universidades da costa Leste norte-americana, incluindo o MIT, Harvard e o Babson College. Vários professores de diferentes escolas americanas e europeias já solicitaram o teaching material para começar a lecionar a metodologia VCW para resolver problemas nas mais diversas áreas, desde o empreendedorismo até engenharia mecânica, passando pelos polímeros e bioelectrónica. Por exemplo, o Babson College, universidade líder a nível mundial na área do Empreendedorismo, já começou a lecionar a executivos a metodologia VCW nos EUA. Após o sucesso da iniciativa, o Babson College irá lançar em breve um case-study sobre uma empresa tecnológica portuguesa que aplicou a VCW para descobrir novos mercados para as suas tecnologias.

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