Ricardo Carvalho, João Amorim, e Francisco Portugal jogam habitualmente futebol entre amigos, mas quando as partidas se tornaram mais disputadas procuraram um árbitro para apitar os seus jogos e perceberam que essa não era uma tarefa fácil, por isso, explica Ricardo Carvalho, ‘surgiu a ideia de criarmos uma plataforma para as pessoas que se encontram na mesma situação que nós’.
Para já a plataforma conta apenas com árbitros para Braga, mas os criadores do projeto querem alargá-lo a mais cidades de Portugal, ou mesmo além-fronteiras, porque a ideia é o ‘ovo de Colombo’ dos futebolistas amadores: ‘Somos a primeira plataforma que fornece árbitros para jogos de futebol entre amigos. Neste momento não há no mercado nada semelhante’, destaca Francisco Portugal. ‘Estamos a criar um oceano azul‘, sublinha João Amorim.
Com o Apito.pt os criadores do projeto procuram dar resposta a uma necessidade dos praticantes de futebol amador, fornecendo um árbitro a baixo custo e através de um processo de compra rápido e simples. Mas a plataforma tem também um papel social, uma vez que é uma oportunidade para pessoas que necessitam de uma fonte de rendimento adicional. ‘Qualquer pessoa poderá registar-se na nossa plataforma e, após aprovação, fazer parte da nossa rede de árbitros’, salienta Ricardo Carvalho.
Se o papel da plataforma é mudar vidas, fazendo cumprir as regras do jogo, os três jovens esperam que pelo menos ela comece por mudar as suas. ‘Empreendemos precisamente com o propósito de mudar a nossa vida. Acreditamos que dentro de 5 ou 6 anos, vai ser possível trabalhar apenas a partir de plataformas e aplicações disponíveis em cada smartphone‘ diz Ricardo Carvalho.
Com a tecnologia existente, diz Francisco Portugal, ‘qualquer pessoa pode criar o seu próprio emprego, seja como árbitro, motorista, transportador de bens, ou qualquer outra profissão’. Mas as novas tecnologias abrem também portas para um mundo de trabalho flexível e com total liberdade de horário. Na opinião de Ricardo Carvalho ‘esta nova organização do mercado de trabalho é a verdadeira definição de empreendedorismo: trabalhar o tempo que convém a cada um, ganhando em conformidade, experimentando vários trabalhos, até encontrar o mais adequado. O Apito é apenas um produto desta forma de pensar’.
E para começar um projeto, nem é preciso muito dinheiro: ‘apenas tivemos custos com domínios e alojamento da plataforma que são bastante baixos, financiámos o negócio com recursos financeiros próprios’ diz Francisco Portugal. ‘Temos na equipa os recursos de que necessitamos, nomeadamente, noções fundamentais de informática e programação e experiência no desenvolvimento de ideias de negócio’.
Não precisaram de mentor e aconselharam-se com pessoas que jogavam futebol, discutindo a ideia de negócio e ouvindo o seu feedback. ‘Depois criámos um MVP (minimum value product) e lançámos’, explica Ricardo Carvalho. ‘Neste momento, continuamos com um grupo de pessoas que nos dão feedback sobre UI (user interface), preço e qualidade do serviço. São eles as pessoas que nos aconselham nesta fase inicial.’
Apesar de tudo, nem sempre é fácil começar um negócio. ‘Para nós, a variabilidade da carga de trabalho pode ser bastante difícil de gerir. Por vezes estamos estagnados e há pouco para fazer, o que se torna desmotivante, no entanto, às 18:30 de sexta-feira acontece alguma coisa que nos obriga a trabalhar muito, durante a noite e o final da semana’, diz Francisco Portugal. ‘No entanto, é altamente motivante e as vitórias, por pequenas que sejam, são sempre muito festejadas. O ambiente de trabalho é muito bom.’
‘Recordo-me que quando lançámos a plataforma, não estava a funcionar devidamente e passamos bastante tempo para a conseguir pôr no ar’, conta João Amorim, ‘no final, quando conseguimos, foi uma sensação ótima. Fomos logo beber umas cervejas…’