Os Estados Unidos continuam a ser os maiores cotistas do FMI, seguidos pelo Japão. A Alemanha, França, Reino Unido e Itália também continuam a integrar a lista dos 10 países com maior cota na instituição. Porém a alteração das cotas altera os equilíbrios até então existentes no Fundo Monetário Internacional, o que levou a instituição a classificar como ‘histórica’ a reforma de cotas e de governança do FMI.
A reforma das cotas do FMI começou a ser discutida em 2008 e foi aprovada internamente em 2010, tendo o Brasil participado ativamente nesse processo, defendendo que os países emergentes deveriam ter maior representatividade. Porém, questões de política interna dos Estados Unidos levaram a que as alterações fossem sucessivamente proteladas.
Apesar do apoio declarado do presidente Barack Obama, a alteração era barrada pelo Congresso norte-americano, em resultado da oposição do Partido Republicano, que domina a casa, não querer gastar mais recursos e comprometer o orçamento do país. Com efeito, além de aumentar o poder de voto dos emergentes, todos os países-membros terão que fazer um aporte para o Fundo, que vai duplicar sua capacidade de empréstimo, para cerca de US$ 660 bilhões (606 mil milhões de euros).
Inesperadamente, o Congresso dos EUA aprovou, em dezembro, o orçamento para o ano fiscal de 2016 sem vetar a reforma do FMI. Com isso, a mudança pode finalmente sair do papel. ‘Essa reforma vai assegurar que o Fundo seja capaz de melhor representar as necessidades dos países-membros em um ambiente global em rápida transformação’, afirmou a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, no comunicado.
Um dos argumentos do governo brasileiro era de que os emergentes vinham ganhando peso na economia mundial nos últimos anos, mas não em organismos multilaterais como o FMI, onde a Bélgica e Holanda tinham maior poder de voto, apesar de serem economias mais fracas que a do Brasil.
Com a reforma, no ranking de maiores cotistas, a China fica em terceiro lugar e o Brasil em décimo. O Brasil tinha até agora 1,396% das cotas do FMI e 1,72% do poder de voto. Com a reforma, a projeção é de que o país passe a ficar com 2,32% das cotas e 2,22% do poder de voto. Os Estados Unidos devem ter ligeira redução na participação nas cotas, de 17,6% para 17,4%. O Canadá e Arábia Saudita saíram da lista dos 10 primeiros.
A alteração das cotas amplia o poder de voto dos países emergentes, mas obriga também a um reforço dos recursos. A expectativa do FMI é que esse processo seja concretizado em um mês.n