Recém-licenciados preferem Zuckerberg a lobo de Wall Street

Nos dias que correm é muito comum ouvirmos dizer que o amigo x ou amigo do amigo y ou a prima da amiga z montou uma startup, trabalha numa incubadora ou está a frequentar um programa de aceleração. Mas será que esta euforia em redor do empreendedorismo é apenas uma nuvem passageira ou antes uma tendência que veio para ficar?

Em entrevista à revista do Expresso, João Vasconcelos, recentemente empossado secretário de Estado da Indústria, diz que, mais do que uma moda, o crescente interesse pelo empreendedorismo resulta de uma mudança no tecido empresarial, consequência da evolução tecnológica e de todo um mundo novo que se abriu a partir desta. ‘Grande parte das empresas do PSI-20 estão a estruturar-se para lidar com as startups. E estas empresas [as do PSI-20] não fazem nada que não compense. Muitas startups existem para serem compradas, temos empreendedores que já vão na terceira ou na quarta empresa, as outras venderam-nas’.

João Vasconcelos realça ainda o facto de as startups estarem a substituir os centros tecnológicos e as universidades. ‘Se tradicionalmente a principal fonte de inovação das grandes empresas era as universidades e os centros tecnológicos, hoje em dia é as startups. As empresas sabem que inovar é essencial para o seu negócio e perceberam que as startups são uma fonte fundamental’. E dá como exemplo o Google, o Yahoo e o Facebook, que compram startups todas as semanas, muitas vezes para incorporarem na sua oferta os produtos desenvolvidos por estas.

A forma como o tecido empresarial português se tem vindo a alterar nos últimos anos também merece a atenção do secretário de Estado. ‘As [empresas] que abrem são mais inovadoras, mais ágeis, mais flexíveis e mais globais (…). Já não estão tão focadas no mercado interno, estão a valorizar mais a inovação, os colaboradores, a responsabilidade social, o respeito pelo ambiente. Está a surgir uma nova geração de empresas e empresários’.

Sobre a vinda do Web Summit – o maior evento de tecnologia do mundo, que se realiza este ano em Lisboa pela primeira vez – para Portugal, João Vasconcelos diz ser a melhor oportunidade que o país já teve desde a Expo-98. ‘Os maiores investidores em inovação vêm ao Web Summit beber tecnologia para o seu negócio. Junto com eles chegam milhares de jornalistas ligados à inovação, ao empreendedorismo, e também decisores políticos, reitores, investigadores, professores, fundadores de empresas, CEO…’

Para João Vasconcelos, o digital está a alterar profundamente os setores tradicionais da economia, por isso, defende, o Web Summit é um evento importante para todos, não só para quem detém startups ou é informático. ‘Existem muitas feiras onde podemos ver a inovação de cada setor. Nas de telemóveis, por exemplo, podemos ver quais são os modelos que vão sair daqui a dois anos. A diferença é que o Web Summit mostra-nos se vai haver telemóveis ou não. Temos os melhores cérebros do mundo a apresentar as suas ideias para o sector’.

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