Carnegie Mellon Portugal atribui 2,7 milhões a consórcio de Gestão de Resíduos

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

A Compta, NOVA Information Management School, Instituto Superior Técnico e 3drivers uniram-se para criar uma plataforma inovadora, recorrendo a tecnologia blockchain, que irá permitir às Entidades de Gestão de Resíduos otimizar a sua operação e implementar sistemas Pay As You Throw (PAYT).

O projeto foi um dos 10 selecionados pelo Programa Carnegie Mellon, uma parceria internacional que reúne empresas e universidades portugueses e equipas de investigação da universidade norte-americana, Carnegie Mellon University, com a missão de colocar Portugal na linha da frente da inovação em áreas-chave do campo das Tecnologias de Informação e Comunicação (ICT). O projeto conta com uma linha de financiamento de 2,7 milhões de euros do COMPETE 2020 e da FCT.

informação fiável com vista à criação de “créditos de reciclagem”

A plataforma “Bee2WasteCrypto”, permitirá a quantificação, a caracterização da produção e a otimização das tecnologias a usar na gestão dos resíduos, em função dos objetivos ambientais e de serviço de cada entidade gestora, considerando o contexto em que atua. Recorrendo à tecnologia blockchain e a uma carteira de criptmoedas, será possível implementar mecanismos de incentivo do tipo PAYT, para estimular boas práticas do cidadão, das quais dependem o sucesso de qualquer estratégia de gestão de resíduos. Poderá assim ser produzida informação fiável com vista à criação de “créditos de reciclagem”, método análogo aos de créditos de carbono em uso no setor de energia.

Dar valor aos resíduos

Na União Europeia são gerados, em média, 480 kg de resíduos sólidos urbanos por pessoa todos os anos, dos quais apenas 46% são reciclados ou submetidos a compostagem, enquanto um quarto é depositado em aterro. Os resíduos urbanos representam cerca de 10% do total de resíduos gerados na UE, sendo, no entanto, um dos fluxos mais complexos de gerir devido à sua composição diversificada, grande número de produtores e à fragmentação de responsabilidades.

Trata-se assim de um desafio global, que exige novas respostas de cada um de nós, as quais podem ser induzidas com inovação e mais “inteligência urbana”, essenciais para que todos os Estados-Membros atinjam a meta de 55% de resíduos urbanos reutilizados e reciclados até 2025.

O Bee2WasteCrypto será a primeira ferramenta tecnológica a fornecer uma solução totalmente integrada para projetar soluções de gestão de resíduos, desde a produção até à transformação, maximizando a dimensão económica e minimizando o seu impacto ambiental, com base numa filosofia de economia circular.

Para Paulo Fernandes, coordenador I&DT do projeto Bee2WasteCrypto na Compta: “a validação de operações financeiras em tempo real e a sua possibilidade de interação com múltiplos sistemas de tratamento de resíduos só é possível realizar via blockchain. Estamos a apostar profundamente nesta tecnologia base para os produtos Bee2 da COMPTA. Bee2Waste é o primeiro produto a ver esta tecnologia implementada de forma estruturante”.

Além disso, o Bee2WasteCrypto pretende contribuir para mudar o comportamento dos cidadãos, incentivando-os a adotar hábitos de reciclagem e reutilização, através do pagamento de tokens, aumentando dessa forma o valor económico dos resíduos.

Dessa forma, as empresas de gestão de resíduos podem alavancar os seus negócios, dando parte do seu lucro aos cidadãos, contribuindo para uma economia circular e um ambiente mais sustentável.

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