Mercado do Luxo sobrevive à pandemia

Foto de Hans M. para findbyplate.com em Unsplash

Impacto da pandemia será seguido de rápida recuperação nas indústrias da moda e luxo. Hotéis de luxo, cruzeiros, relógios e jóias e mobiliário serão mais afetados. Os bens pessoais de luxo serão mais resilientes.

Os efeitos da pandemia do Coronavírus e a eventual instabilidade política global, em resultado das políticas protecionistas como consequência de novos acordos comerciais, e a difusão de tecnologias digitais estão a ter um impacto profundo na alteração dos modelos de negócios no mercado global de luxo.

O Global Fashion & Luxury Private Equity and Investors Survey 2020, é um estudo da Deloitte que analisa as tendências do mercado de luxo a nível global. Segundo pesquisa, apesar da perturbação económica resultante da pandemia da Covid-19, cerca de 70% dos investidores irão manter os seus investimentos no mercado de luxo. De acordo com esta análise, os setores do vestuário & acessórios, cosméticos & perfumes e luxo digital serão os mais importantes.

Para Duarte Galhardas, partner da Deloitte, “mesmo durante este ano difícil e inesperado, a indústria do luxo continua a ser uma boa aposta para os investidores. Prevê-se uma retoma do mercado e um crescimento contínuo até 2025”.

Após a queda em 2020, devido ao impacto da Covid-19, o mercado de bens pessoais de luxo deverá atingir até 2025, 1,1 vezes o nível de vendas registado em 2019. O estudo antevê que os hotéis de luxo, a indústria de cruzeiros, relógios & joias e móveis de luxo sejam os setores mais afetados pela pandemia. Por seu turno, cosméticos & perfumes e aviões particulares serão os menos afetados.

No que toca ao ritmo de recuperação pós-Covid-19, hotéis de luxo, vestuário & acessórios e cosméticos & perfumes terão uma retoma mais rápida, beneficiando da reabertura de fronteiras e do aumento do foco nas vendas online.

No setor de bens pessoais de luxo, espera-se que a Europa e Américas sofram uma maior contração da procura, com uma queda esperada nas vendas de 30 a 40% e tempo de recuperação esperado de entre 12 a 18 meses. As estratégias mais adotadas para superar a crise serão o foco dos canais de distribuição online, marketing e promoção digital e sustentabilidade ambiental.

Fusões e aquisições de Hotéis de Luxo impulsionam crescimento

O ano de 2019 provou ser um ano positivo para o mercado de luxo, com 271 transações, que representou um aumento ligeiro, de mais 6 operações em comparação com o ano anterior.

O setor de hotéis, que representa 43% do total, foi o melhor segmento em termos de crescimento de transações em relação ao período homólogo, com mais 40 negócios. As transações no setor de carros de luxo aumentaram durante 2019 (mais 6 operações), impulsionadas pela indústria de carros elétricos.

As transações em Artigos de Luxo Pessoais diminuíram (-53 em comparação com 2018), com “vestuário & acessórios” (17% do total) diminuindo 26 transações, Relógios & Joalharia (4% do total) diminuindo 17 negócios e Cosméticos & Perfumes (12% do total) diminuindo 10 operações, em comparação com o ano anterior.

Em 2019, os investidores estratégicos, que representam 55% do total, lideraram as operações de fusões e aquisição concentradas principalmente no mundo dos “hotéis” e “outras indústrias”.

Oportunidade para tecnologias disruptivas como Big Data & Analytics, Inteligência Artificial e Internet das Coisas

Perspetiva no setor de moda permanece alto

A partir dos resultados recolhidos, a Deloitte detetou que 70% dos fundos de investimento estão a considerar investir num ativo de Moda & Luxo em 2020, com o interesse a aumentar em setores como o Vestuário & Acessórios (+28 pts), Cosméticos & Perfumes (+15 pts) e luxo digital (+53 pts), que teve o crescimento mais expressivo.

Os investidores esperam que Ásia e Médio Oriente tenham uma recuperação mais rápida após o impacto negativo da Covid-19, com um crescimento da indústria de Moda & Luxo. Já para a Europa e América Latina espera-se uma queda nos próximos anos.

A pandemia da Covid-19 também aumentará a adoção de tecnologias disruptivas. Disrupções digitais como o Big data & Analytics, a inteligência artificial ou Internet das Coisas (IoT), permitem às empresas acompanhar o ritmo dos seus clientes virtuais. Posto isto, as empresas de luxo estão à procura de empresas/startups digitais para explorar sinergias.

A penetração digital levará a alterações no modelo de negócio e na forma como as lojas lidam com os seus clientes. A loja clássica mudará inevitavelmente de ponto de vendas para se transformar num ponto de contacto. De acordo com os entrevistados, em 2020, 57% provavelmente investirão em tecnologias disruptivas para beneficiar de possíveis sinergias.

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