Empresas apostam na formação de RH para a recuperação pós pandemia

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36% dos decisores portugueses consideram que os desafios resultantes da pandemia fazem da formação um tema ainda mais estratégico e pretendem aumentar os seus investimentos na área. Ainda assim, 56% das organizações portuguesas assumem que vão focar os seus recursos em desafios prioritários relacionados com a retoma e continuação do negócio.

O Grupo CEGOS – representado em Portugal pela CEGOC, apresentou as principais conclusões do estudo realizado internacionalmente, “Decoding the future of learning: Post lockdown”. Este trabalho visa aferir as motivações das empresas no que concerne à sua estratégia formativa junto dos seus quadros, perante a complexidade do contexto em que vivemos.

O estudo, realizado em Portugal, Espanha, Itália e Inglaterra, pretende antecipar o futuro das empresas, dos seus colaboradores e clientes, bem como dos fornecedores de serviços no setor da formação e desenvolvimento profissional. Portugal participou com cerca de 220 profissionais (num total de 800), entre eles Diretores de Recursos Humanos (19%), Especialistas no setor (13%) e responsáveis pela área de L&D (11%).

Para Ricardo Martins, Diretor-geral da Cegoc Portugal, “embora estejamos em pleno período pandémico, com todas as dúvidas que levanta no que concerne ao futuro imediato das organizações, temos verificado que estas têm um rumo definido, uma perspetiva estratégica para as Pessoas, afinal a maior riqueza das empresas.”

O responsável da empresa portuguesa de formação sublinha que “a vontade de manter ao máximo um conjunto de ações formativas, mesmo que num crescente mix entre presencial e digital, a que se soma a perceção que a Transformação Digital exige, igualmente, a maior Humanização possível, bem como o desenvolvimento de dinâmicas de reciclagem de conhecimentos, são aspetos relevantes, que nos dão maior otimismo para os próximos tempos”.

a Transformação Digital bem como a reciclagem de conhecimentos, são aspetos relevantes na formação

Segundo o estudo, a formação continua a ser considerada uma alavanca estratégica no novo normal. Durante o confinamento, as organizações aceitaram o desafio da aprendizagem, especialmente quando síncrona; e a maturidade digital das organizações acabará por contribuir para uma combinação crescente de metodologias de formação, com o foco nas soft skills, para melhor enfrentar os desafios deste novo cenário.

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Empresas mantêm investimentos em formação

A esmagadora maioria das empresas continua a considerar estratégica a formação e mantêm a intenção de continuar a investir nesta área. A complexidade dos tempos atuais não permite, pelo menos para já, uma solução formativa 100% presencial. Mas verifica-se por parte das empresas a consciência que a formação contribui para o aumento do desempenho das pessoas, com resultados na competitividade da organização, mesmo em formatos digitais, em especial as plataformas colaborativas.

Esta perceção é bem visível entre os profissionais portugueses, com 56% dos inquiridos no estudo CEGOC a afirmar que irão alocar orçamento para outras áreas necessárias para potenciar o seu negócio, mas não interromperão programas de formação que consideram essenciais.

Já 36% dos decisores portugueses afirmam, inclusivamente, que a formação é, agora, ainda mais estratégica. Aqui, entre aqueles que apontaram para esta necessidade, 67% referem como prioritário o investimento em competências que sejam estratégicas para o negócio e, também, fundamentais para o futuro que se desenha: a digitalização, trabalho remoto e mais incerto. Apenas uma pequena percentagem dos inquiridos, 8%, considera interromper temporariamente os seus programas de formação.

Formação ‘Blended’ é a preferida

Em 2021 a generalidade das empresas inquiridas pretende fazer formações blended (Digital/Presencial), com as plataformas digitais a merecerem um crescente interesse pelas soluções formativas à distância, e um grande fluxo de pedidos de soluções passíveis de ser integrados de forma digital. Já os clientes e parceiros procuram igualmente responder às suas necessidades, mas sem descurar completamente o formato presencial.

Em 2020, cerca 59% das empresas portuguesas adotaram exclusivamente a formação digital para os seus colaboradores, na linha dos resultados globais. Para o próximo ano prevê-se que as formações exclusivamente digitais ou presenciais deem lugar a uma abordagem blended (também 59%), com maior utilização de soluções presenciais, valor ligeiramente acima da média registada entre os 800 inquiridos dos quatro países que fazem parte do estudo CEGOC (55%).

Ainda assim, 26% das empresas nacionais irão manter a formação essencialmente digital, também por via da redução do seu orçamento para esta área, neste caso, um valor um pouco abaixo da média global do estudo, que é de 30%. Verifica-se, ainda, que 15% das organizações portuguesas pretendem organizar formações com maior enfoque presencial logo que seja possível (percentagem equilibrada face ao resultado global do estudo, que aponta para 16%).

Isso leva a concluir que nos últimos meses as empresas nacionais aprenderam a valorizar o digital e não pretendem abandoná-lo. E quanto às características das formações, no caso específico português, 87% das empresas optou pelo formato webinar, os módulos de e-learning foram a segunda opção com 76% e por último as virtual classrooms, bem como os vídeos e podcasts, surgem em quarto lugar, com 67% de menções.

Competências como trabalhar em qualquer local do mundo, agilidade e adaptabilidade, são temas críticos

Soft Skills entre as prioridades formativas

Relativamente aos conteúdos programáticos das formações, as soft skills encontram-se na linha da frente. Entre 40% e 42% das competências correm o risco de se tornarem obsoletas nos próximos 3 a 5 anos, assim, é fundamental potenciar os hard skills, mas também ter a noção que as soft skills devem merecer maior cuidado. Competências como trabalhar em qualquer local do mundo, agilidade e adaptabilidade, são temas críticos e merecedores de atenção das organizações.

Os resultados do estudo CEGOC indicam que em Portugal 38% das empresas pretendem atualizar ou desenvolver soft skills ligados à gestão e desenvolvimento pessoal. De seguida, com percentagem similar, 35%, dos responsáveis inquiridos apontam a importância dos hard skills ligados aos seus cargos, bem como a necessidade de atualizar os skills relativos aos desafios que se verificam com o Covid-19.

De referir, ainda, que a pandemia levou a mudanças radicais na forma de trabalhar das organizações. Os novos modelos e as formas de relacionamento à distância são competências mencionadas por 35% dos inquiridos nacionais. A comunicação no decorrer da crise foi referida por 29% dos decisores nacionais nas áreas de RH, com o smart working, a gestão à distância e a capacidade de decisão também merecerem especial atenção, com 28%, 26% e 24%, respetivamente.

a incerteza destes tempos aponta para uma formação exclusivamente digital

Futuro aponta para aprendizagem contínua

Ao analisar os resultados do estudo, verifica-se uma tendência que aponta um equilíbrio entre os vários formatos que se perspetivam como melhores práticas formativas. Ou seja, entre a aprendizagem alternada com o trabalho; a aprendizagem e o trabalho em simultâneo; a experiência, o ensinar (síncrono), a contribuição (cursos abertos), a partilha (aprendizagem social) e o digital, e, por fim, a presença em simbiose, ou seja, uma aprendizagem híbrida.

Portugal foi, de entre os quatro países inquiridos, aquele em que a maioria dos responsáveis (43%), demonstrou a sua intenção de continuar apenas com formação digital, numa perspetiva de promover o trabalho inteligente. Já 21% aponta para uma formação digital exclusiva, neste caso, por via do apertar orçamental. De salientar que apenas 16% das empresas portuguesas têm como intenção organizar formações presenciais assim que o enquadramento social e regulatório o permita possível.

Em conclusão, e de uma forma global para todos os países, a incerteza destes tempos leva a uma orientação que indica uma formação exclusivamente digital (67%). Facto que se deve, quer à necessidade de reduzir o orçamento destinado à formação (29%), quer ao evitar de comportamentos que possam aumentar o risco de contágio. A escolha do Smart Working, um recurso que apoia os formandos nos vários processos remotos que levam a cabo, foi apontada como uma prioridade para 2021 por mais de 38% dos profissionais de L&D inquiridos.

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