Cinderela Shoes é uma loja online dedicada exclusivamente a calçado de senhora com tamanhos de 32 a 35. O projeto foi pensado na necessidade de mulheres que, por terem pé pequeno, se veem limitadas aos modelos disponíveis nas seções infantis. Usar saltos altos era apenas um sonho para Teresa Henriques, algo inacessível exposto numa montra. Com a Cinderela Shoes Teresa Fernandes realizou os seus sonhos e quer ajudar outras mulheres a calçar também o sapatinho da Cinderela.
Cinderela Shoes foi um projeto finalista do Concurso Montepio Acredita Portugal (categoria Produto /edição 2020) e integra um conjunto de entrevistas que o jornal Empreendedor está a realizar junto de fundadores de empresas cujos projetos se distinguiram no maior concurso de empreendedorismo português.
Teresa Henriques, como define o seu projeto? O meu projeto é um concretizador de sonhos! Primeiro o meu: um sonho que se foi formando durante muitos anos e que se tornou cada vez mais real. Realizar o meu sonho permitiu a muitas mulheres realizar também o delas. Todas as mulheres com pés pequenos sonhavam ter calçado de adulta, como os sapatos, sandálias e botas de salto alto, cunhas ou plataformas que víamos em todas as montras, mas que para nós eram inacessíveis.
– Como surgiu a ideia? Eu calço tamanho 32 e a indústria do calçado só fabrica a partir dos tamanhos 35 ou 36. Não existe calçado de adulta nos nossos tamanhos no mercado convencional. A solução, para mim, era a secção de criança, mas a oferta não satisfazia os meus critérios enquanto mulher. Era algo frustrante a compra de calçado e até o simples facto de vestir no dia-a-dia – para não falar em ocasiões especiais – me deixava triste e com a autoestima em baixo.
“Realizar o meu sonho permitiu a muitas mulheres realizar também o delas”
Após muitas pesquisas e algumas compras dececionantes na internet, acabei por perceber que realizar o meu sonho fazia cada vez mais sentido. Não era só eu que tinha este problema, a internet estava cheia de comentários de mulheres à procura das mesmas soluções. A Cinderela Shoes nasce desta necessidade.
– Portanto uma solução para resolver um problema… Resolvemos vários problemas, desde o facto de finalmente termos o que calçar nos nossos tamanhos, mas sobretudo dispor de calçado feminino de vários estilos e cores que nos permitisse vestir o que quiséssemos, nas cores que desejássemos, sem restrições. Por consequência sentimo-nos mais bonitas e felizes, com autoestima elevada que se reflete em tudo o que fazemos.
– Quem faz parte da equipa da Cinderela Shoes? Nesta fase sou eu que praticamente faço de tudo! Sou modelo, fotógrafa, comercial, marketeer, gestora, enfim, tudo o que se possa imaginar! Contratámos alguns serviços externos, como tradutor, suporte técnico e contabilidade mas brevemente a aposta numa equipa será essencial para o crescimento do projeto.
– Tinha experiência em alguma dessas áreas que agora desempenha no projeto? Não tinha qualquer experiência na área do calçado, Ecommerce ou Marketing Digital que são a base do meu projeto, mas já tinha gerido várias empresas – a última na área das tecnologias e informática – toda a experiência adquirida ao longo da minha história profissional acabou por contribuir para o desenvolvimento da Cinderela Shoes. Todavia, para o Ecommerce e Marketing Digital foi necessária muita pesquisa e formação.
– Quais são os próximos passos para o projeto? O passo mais importante é a divulgação, é essencial fazer chegar ao nosso nicho de mercado a existência da Cinderela Shoes, uma maior aposta nas redes sociais e comunicação social. Estão também planeadas PopUps no Norte e Sul do país que tiveram de ser adiadas. E temos o mundo à nossa espera, muitas Cinderelas a precisar de sapatinhos! Apesar de já termos muitas clientes por diversos países, ainda há muito a explorar e queremos apostar noutros mercados.
“há sempre muito a aprender e a absorver das experiências partilhadas”
O percurso no Concurso Montepio Acredita Portugal
– Porque decidiu participar no Concurso Montepio Acredita Portugal? Aprender, crescer e divulgar, estes foram os grandes incentivos que me levaram a querer participar no concurso. Claro que ganhar teria sido perfeito!
– Que balanço faz desse percurso no Acredita Portugal? Muito positivo e apesar da minha realidade ser um pouco diferente da maioria dos participantes porque o meu projeto já estava em pleno funcionamento ao contrário de muitos que ainda não tinham passado da ideia de negócio, foi mesmo assim muito produtivo, há sempre muito a aprender e a absorver das experiências partilhadas, visões diferentes que nos levam a repensar aspetos que pareciam óbvios. A mentoria ajudou-me muito a considerar pontos que descurava e que são importantes, vi-me obrigada a sair da minha zona de conforto e a explorar novos caminhos.
– Qual foi para si a experiência mais marcante no concurso? Tudo foi marcante neste percurso, mas receber os mails a anunciar que tinha passado à fase seguinte, bem, foram sem dúvida momentos altos. A expectativa em saber se tinha sido selecionada e a felicidade e alívio quando a notícia chegava… É reconfortante sabermos que para além de nós há um júri que acredita no nosso projeto, isso é super gratificante.
– O que recomenda a quem se candidata ao Acredita Portugal? Para quem está a começar um projeto é uma ótima forma de aprender e valorizar cada detalhe, repensar todas as etapas e explorar novos caminhos. O simples facto de nos candidatarmos já nos obriga a responder a questões que a maior parte de nós, no início, não tem em conta, mas que são importantes para o desenvolvimento e arranque com sucesso do projeto. O programa de aceleração e a mentoria que a Acredita Portugal nos proporcionam são incríveis e desejo a quem se candidatar que chegue até esta fase e que aproveite ao máximo.
– O que cada empreendedor deve ter em conta antes de se candidatar? Devem ter total disponibilidade para se dedicarem a 100% ao projeto e estarem preparados para trabalhar a sério, houve fases em que trabalhámos até altas horas para termos tudo preparado para a sessão no dia seguinte, algumas dessas sessões chegaram a levar mais de 12 horas, com 30 min para almoçar.
Por outro lado muitos concorrentes entram a achar que tem o projeto perfeito e nem sempre é assim, apaixonamo-nos pelas nossas ideias e acabamos por descurar aspetos importantes e até de validar se temos mercado para os nossos produtos e serviços. Ouvir críticas, repensarem o projeto e tomarem novas direções se necessário são possibilidades para as quais devem estar recetivos.