Internacionalizar: Um exemplo de uma PME Portuguesa

Imagem de Pete Linforth por Pixabay

A globalização é um processo de aproximação de mercadorias, serviços e pessoas, que visa a troca de sinergias entre as diversas sociedades e nações existentes, numa perspetiva económica, social, cultural e política. O foco é sempre o mesmo: aproximar, abrir e alargar mercado, aumentando a concorrência e o ritmo de inovação. Como responder a este desafio? Só tenho uma resposta: internacionalizar.

Confesso que o tema internacionalização sempre esteve no meu mindset. Sempre tive a ambição de sair do mercado de origem e procurar novas oportunidades, desafios e novas culturas. Sou um ser inquieto que gosta de se desafiar, procurar oportunidades e derrubar paradigmas.

Portugal é um país cada vez mais virado para o mundo, portanto é só lançarmo-nos, uma vez mais, “ao mar” e conquistarmos novos mercados. É importante termos a noção de que a dinâmica da internacionalização assume uma importância fundamental para que as empresas se tornem mais competitivas. Temos de ver o comércio internacional como um “mar” de oportunidades, quer numa perspetiva de exportação quer de importação. Independentemente de ser uma PME ou não, não subestime a sua marca, as suas valências, o seu valor. Se definir bem o plano estratégico, é possível pensar de uma forma global, com sucesso, sem surpresas ou sobressaltos e lançar-se neste desafio.

Partindo da análise da empresa, pense e defina a estratégia de internacionalização: para onde quero crescer? Analise os países mais próximos e que se adequem ao seu target. Conheça os hábitos de consumo, como se desenvolve o mercado e, sobretudo, saiba quem são os seus concorrentes. Visite o país, sinta-o e viva-o. Vá a eventos do seu setor de atividade.

Possivelmente, o primeiro obstáculo à internacionalização que vai encontrar é precisamente saber por onde começar. Como em tudo na vida, há vários caminhos até chegarmos ao destino, mas o importante é chegar onde se deseja. No meu caso, comecei por Espanha (2012), o nosso mercado natural, foram dois anos perdidos, um tremendo erro por razões que não vou aqui partilhar, mas fazem jus ao ditado, de Espanha nem bom vento, nem bom casamento. Depois, andei na Polónia (2015) durante mais dois anos, esta alternativa surgiu naturalmente como uma economia com um bom crescimento e forte presença portuguesa, também não correu bem, desta vez essencialmente por questões e diferenças culturais.

Finalmente, resultado de um contacto pessoal, olhei para a Roménia, primeiro com alguma desconfiança, mas depois com entusiamo.

Na Roménia tivemos a sorte que nos tinha faltado anteriormente, as pessoas certas, no lugar certo. Desde logo, o apoio de uma empresa de consultoria portuguesa que já estava instalada há 12 anos em Bucareste e cuja missão foi apresentar-nos o mercado e garantir uma soft landing.

Identificados os alvos a adquirir, e efetuadas as due diligences, fomos confrontados com uma realidade contabilística bastante diferente da anunciada. Os negócios caíram, mas a nossa vontade não. Em novembro de 2019 fundámos a EAD Digital Roménia e iniciámos sozinhos a nossa internacionalização.

Como podemos concluir, internacionalizar é uma maratona onde a resiliência é fundamental. É preciso estarmos preparados para não casar com o nosso primeiro amor, temos de ter estrutura para apoiar, uma equipa madura e ambiciosa, dinheiro e sorte.

Muitas mais dicas ficaram por enunciar, mas o mais importante é ligar o seu “ship” e pôr “mãos à obra”. Pense que a internacionalização vai permitir-lhe ganhar visibilidade, conhecer novos produtos/serviços, valorizar o seu negócio perante o mercado onde atua, os seus concorrentes e clientes.

O processo de internacionalização, com sucesso, não é linear. É muito importante ter uma estratégia bem definida, capacidade de adaptação e muito foco. Mas se calhar este será um risco menor, porque o maior talvez seja não se internacionalizar.

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