E-Commerce: Aumento nos preços trava consumo

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Os gastos globais online crescem 11% em relação ao 3ºTrimestre de 2020, e registando também uma recuperação face ao trimestre anterior. Porém, a inflação está a afetar o retalho e consumidores estão a pagar mais 12% pelos mesmos produtos que compraram no ano passado e isso reflete-se na descida de 2% no número de encomendas.

O mais recente Shopping Index Report, da Salesforce, aponta para um aumento nos gastos em compras na internet, face a igual período em 2020, mas a inflação preocupa e faz descer o tráfego online em todas as categorias e setores, com os consumidores a pagarem mais pelos mesmos produtos.

A performance do retalho no terceiro trimestre foi forte, com os gastos online a nível global a crescerem 11% em relação a igual período no ano passado, uma recuperação face aos parcos 2% do trimestre anterior. A categoria mobília continua a demonstrar uma boa performance neste período, registando o maior crescimento comparando com outras categorias, com um aumento de 50% face ao 3º Trimestre de 2020. Já a categoria de eletrónica e acessórios observou a maior queda nos gastos dos consumidores (9%), comparando o mesmo período nos dois anos.

Mas o crescimento das compras online é sempre uma combinação entre o aumento no tráfego e o gasto dos consumidores e, este ano, é a primeira vez que se assiste a um aumento impulsionado inteiramente pelo crescimento do gasto por parte do consumidor, ao mesmo tempo em que o tráfego está a diminuir (-2%). Não se trata de um declínio surpreendente, uma vez que à medida que o mundo vai desconfinando, os consumidores voltam às suas vidas normais, o que provavelmente significa menos visitas online e mais tráfego físico. Mas os aumentos nos gastos dos consumidores estão a assegurar todo o crescimento do e-commerce, com um aumento de 13% no terceiro trimestre.

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Inflação leva a travão no consumo

À medida que a economia emerge da pandemia, era expectável que a inflação tivesse um efeito temporário sobre os preços mas, oito meses depois, a realidade é clara: a inflação veio para ficar por muito mais tempo do que pensávamos inicialmente. Impulsionada por uma maior procura por parte dos consumidores, por maiores gastos governamentais, escassez de mão-de-obra e crise nas cadeias de abastecimento, a realidade é que a inflação está a ter um impacto significativo na carteira dos consumidores.

O gabinete norte-americano de estatística estima que a inflação em setembro e em todos os setores foi de 5,4%, impulsionada principalmente por aumentos acentuados nos preços da energia. No entanto, os dados da Salesforce mostram algo diferente, uma vez que a empresa, ao contrário do instituto americano (que analisa dados através de uma combinação de pesquisas com consumidores e dados recolhidos junto do retalho, escritórios profissionais, e outros estabelecimentos em todo o país) analisa dados transacionais de compras online.

Na análise da Salesforce, são tidos em consideração os preços que os consumidores estão a pagar este ano – pelos mesmos produtos e em comparação com o ano passado – bem como os preços dos novos produtos que entraram no mercado este ano, em comparação com o ano passado.

Os dados indicam que a inflação está a afetar o retalho e o consumo a um ritmo mais rápido. No terceiro trimestre de 2021, os consumidores em todo o mundo pagaram 12% a mais pelos mesmos produtos que compraram no ano passado. Os móveis estão a ter o maior aumento nos preços, crescendo 32% no último trimestre, tendência que não é surpreendente, devido aos desafios que a cadeia de abastecimento da indústria enfrentou desde o início da Covid. Mas a eletrónica e os brinquedos também estão a demonstrar um aumento nos preços sem precedentes, com ambos a registarem um crescimento de 21% em relação ao ano passado.

Quando olhamos para produtos acabados de chegar ao mercado, o crescimento é ainda mais expressivo. Os novos produtos chegados durante o terceiro trimestre de 2021 estão listados a um preço médio 14% superior aos novos itens que chegaram ao mercado no terceiro trimestre de 2020. Os setores que lideram esse crescimento são os da beleza, brinquedos, decoração e malas de senhora.

Com base nestes dados torna-se então claro que os consumidores estão a pagar mais pelos seus produtos, fator que leva inevitavelmente a alterações nos hábitos de consumo, a uma oferta restrita e ao desemprego elevado, com o mundo a caminhar para períodos de estagflação.

O Shopping Index é desenvolvido pela Commerce Cloud, e analisa a atividade e as estatísticas de compras online de mais de mil milhões de compradores em mais de 54 países, com foco em 12 mercados principais: EUA, Canadá, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Espanha, Japão, Holanda, Austrália, Nova Zelândia além dos países da Ásia Pacifico e Escandinávia.

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