Cinco estratégias para uma transição energética sustentável

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Esta semana, a conferência Estocolmo +50, irá celebrar os 50 anos de ação ambiental global iniciados pela Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente em 1972. Desde então foram dados passos importantes para proteger o ambiente, no entanto, vivemos ainda um momento crítico para acelerar a descarbonização e cuidado ambiental.

As empresas têm um papel fundamental neste percurso para se alcançar um futuro mais sustentável e inclusivo para todos. Na passada COP26, cerca de uma centena de CEO’s de grandes organizações multinacionais, assinaram uma carta aberta aos responsáveis mundiais, comprometendo-se a trabalhar lado a lado com governos de todo o mundo para acelerar a corrida à neutralidade carbónica. Porém, este compromisso estende-se a todas as empresas a nível global, que devem ter como prioridade a diminuição da sua pegada ambiental, criando um mundo melhor para a geração atual e as futuras.

A pensar nesta urgência, e para assinalar o Dia Mundial do Ambiente, que se comemora hoje, 5 de junho, o ManpowerGroup apresenta aos leitores do Empreendedor as cinco estratégias que as empresas devem ter em conta na sua transição energética.

1. Analisar o ponto de partida e medir emissões

Desde modelos de desenvolvimento de novos produtos até decisões de compras, a integração de critérios de sustentabilidade torna-se cada vez mais relevante e implica mudanças nas organizações. Por isso, antes da implementação de qualquer estratégia de sustentabilidade, é importante perceber como é que esta afeta a cada área da empresa e os benefícios que irão decorrer da sua implementação.

As empresas devem analisar a sua situação atual em termos de sustentabilidade e pegada ambiental para poder, em seguida, definir targets e planos de ação. Este processo de identificação e análise do impacto nos processos atuais, permitirá também perceber onde é que se devem concentrar os esforços de sustentabilidade da organização, salientando as questões com maior impacto e relevância para a empresa e os seus stakeholders.

2. Examinar toda a cadeia de valor e reduzir impactos

Para reduzir o impacto ambiental, a análise à organização deverá ir além da sua própria atividade e considerar todos os atores da sua cadeia de valor e a sua respetiva pegada, nomeadamente, a forma como consomem recursos, o impacto ambiental dos produtos e dos serviços que disponibiliza, a gestão dos resíduos gerados, entre outros. Segundo a associação Carbon Disclosure Project, a maior parte do consumo mundial de energia e emissões de CO2 vem desta relação.

A empresa deve assumir que a redução da utilização de energia deve ser feita tanto na fase da produção, de expedição e mesmo até ao final de vida de cada produto. Desta forma, na definição da estratégia é importante que a organização possa considerar a utilização de tecnologias como a Internet das Coisas (IoT) ou o Cloud Computing, que permitirão uma maior capacidade de seguimento e medição do impacto ambiental ao longo da cadeia de valor, permitindo maximizar eficiências e reduzir esse impacto.

As organizações podem igualmente apostar em cadeias de abastecimento mais resistentes, operações mais eficientes e em oportunidades para desenvolver produtos novos, inovadores e sustentáveis, com um melhor desempenho financeiro a longo prazo.

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3. Investir nos processos e alocar recursos, vendo a jornada para a sustentabilidade como um esforço contínuo

A implementação de uma estratégia de sustentabilidade requer processos bem definidos, que devem ser otimizados através da adoção e integração de ferramentas nos sistemas de gestão já existentes na empresa. Desta forma, é necessário adaptar e aperfeiçoar os sistemas já operacionais, mas agora à sustentabilidade. A revisão de processos deve ser alinhada com as equipas alocadas a estes, já que serão essas pessoas que irão concretizar a estratégia de transição energética.

Manter o foco e o progresso na jornada da sustentabilidade requer esforço. Nesse sentido, é importante estabelecer equipas de projeto dedicadas, ou até mesmo um “embaixador” interno de sustentabilidade. Será sua a responsabilidade de acelerar o progresso da empresa, colaborando com os diferentes atores, internos e externos.

Dependendo da realidade de cada empresa, a alocação de recursos pode ir mais além destas equipas. Segundo a Organização Internacional do Trabalho, a mudança para uma economia mais verde poderá significar, a nível global, o surgimento de 24 milhões de novos empregos, até 2030. Estas são funções que contribuem para preservar o meio ambiente, tanto em setores tradicionais, como em atividades “verdes” por natureza, e que se relacionam com uma economia emergente, como são exemplo as energias renováveis, entre outros.

No entanto, a criação destes novos empregos deve ser acompanhada por uma resposta equivalente do lado da oferta de talento, o que se tem revelado um importante desafio para as empresas. Nesse sentido, a qualificação ou requalificação de trabalhadores será fundamental para que a passagem de profissionais para estes empregos seja bem-sucedida. Este trabalho deve ser feito através da identificação das competências transferíveis, que potenciarão o êxito nessa transição, e da construção de percursos de desenvolvimento e formação que permitam suprir o desencontro de competências.

4. Envolver os colaboradores e criar dinâmicas internas que incentivem às práticas sustentáveis

A mudança a nível ambiental tem de ser visível e estar presente em todas as dimensões da organização, nomeadamente no comportamento dos seus colaboradores, que devem ter um papel ativo no processo de transição energética.

Desta forma, é importante que os líderes, além de darem o exemplo, incentivem os trabalhadores a terem práticas sustentáveis, ouvindo ainda as suas ideias e estratégias para tornar a empresa mais responsável ambientalmente, contribuindo assim para a definição de políticas concretas. Desta forma, em conjunto, líderes e profissionais perceberão os diferentes desafios de sustentabilidade, vendo-o como um elemento competitivo, permitindo-lhes também construir o seu espírito de equipa para resolverem os obstáculos que forem surgindo.

É ainda fulcral envolver os colaboradores nas ações que forem ocorrendo, que podem passar por atos diários, como a redução do papel no local de trabalho, ou a reciclagem, ou pela dinamização de ações de sustentabilidade fora do escritório, que promovam a ligação conjunta dos trabalhadores ao objetivo ambiental da empresa. Este esforço pode ainda ter em conta sugestões por parte das empresas para o dia-a-dia do trabalhador, como a utilização de meios de transporte mais ecológicos, que podem ser acompanhadas de incentivos financeiros.

5. Medir os progressos, reportar e certificar

A transparência é um elemento fulcral do processo de transição energética, já que as organizações devem ir relatando os resultados que vão alcançando e verem as melhorias e as falhas como uma oportunidade de aprendizagem. Neste sentido, a elaboração de relatórios completos e a adesão a índices de sustentabilidade é fundamental para mostrar aos interessados o que já foi alcançado e refletir o desempenho da organização.

A nível interno, esta comunicação contribui para definir prioridades em torno a áreas de atuação e iniciativas, bem como fomentar o envolvimento dos trabalhadores em torno da sustentabilidade. A nível externo, é fundamental em termos de responsabilização perante os diferentes stakeholders e para cumprir com as obrigações de reporting.

Atualmente, as empresas utilizam uma variedade de modelos de reporting de sustentabilidade. Contudo, a inexistência de normas globais consistentes, dificulta uma boa compreensão do impacto das empresas e a sua comparação. Para responder a este desafio, o International Sustainability Standards Board (ISSB), apresentado na COP26, está a desenvolver standards de reporting de sustentabilidade que permitirão a elaboração de relatórios de sustentabilidade globalmente consistentes, comparáveis e fiáveis.

Estas são apenas algumas estratégias que podem ajudar as empresas a fazerem a sua transição energética, sendo um agente ativo para um mundo mais sustentável e uma economia em ascensão.

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