Um quinto dos gestores defende “Liderança mais Humanista”

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Um em cada cinco líderes tem como principal prioridade para 2023 o desenvolvimento de uma liderança mais humanista, com maior foco no bem-estar e a promoção de um ambiente de trabalho mais justo, transparente, autêntico e seguro para os seus colaboradores. Esta é a principal conclusão revelada na 1.ª edição do Boyden Leadership Trends, um estudo conduzido à escala global e coordenado pelo Centro de Excelência da Boyden, sobre tendências de liderança.

Uma liderança mais autêntica, com foco em políticas de flexibilidade e uma forte aposta no desenvolvimento de valor acrescentado, são alguns dos destaques entre as tendências de liderança para 2023, de acordo com o Boyden Leadership Trends, divulgado esta quinta-feira, em Lisboa, pelo Centro de Excelência da Boyden.

O relatório Boyden Leadership Trends foi conduzido durante o primeiro semestre de 2022, e contou com um total de 463 contributos de líderes em funções de CEO, Conselhos de Administração, Talento e RH por todo o Mundo, dos quais 42,7% da América do Norte, 30% da Europa e 17,1% da China e Singapura. Deste grupo, 56% homens, 42,9% mulheres e 1,1% que preferiu não se identificar.

Em termos de setores, as respostas recolhidas somam 16,2% do setor das telecomunicações, 14,9% de serviços profissionais e 12,7% dos setores da energia, recursos e indústria, e os restantes cerca de 56,2%, do setor do consumo, serviços financeiros, cuidados de saúde e ciências da vida, Governo e serviço públicos, educação, desporto, artes, cultura e entretenimento.

O estudo destaca sete tendências de liderança para 2023, surgindo em primeiro lugar da tabela como a principal prioridade dos líderes inquiridos, a tendência “Human-Centered Leadership”. Quase metade dos inquiridos identificou esta como a sua principal prioridade para este ano. São os líderes mais jovens e em empresas de pequena e média dimensão (50,1%), quem dá mais importância ao investimento em práticas de liderança mais humanistas, quando comparado com líderes em grandes organizações (34,4%).

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“Parece haver uma consciência cada vez mais clara dos líderes de que a vocação das suas empresas é, também, a de valorizar as suas pessoas. A capacidade de o fazerem terá um impacto muito positivo no desenvolvimento mais sustentável das suas organizações”, sublinha João Guedes Vaz, Partner e Global Head of Leadership Consulting.

Para alcançar esta meta, os líderes referem que será importante investir em processos mais personalizados de desenvolvimento, como o coaching e a mentoria; no desenvolvimento de uma liderança mais empática e autêntica, e no reforço das relações interpessoais e redes de colaboração; e, ainda, na criação de um ambiente psicologicamente seguro dentro da organização.

Manter a conexão apesar da distância

Uma “Freedom-Centric Culture” é uma das tendências que também se destaca no estudo e que pressupõe uma aposta numa liderança que inspire e encoraje a implementação de formas de trabalho que se adequem aos diferentes estilos de vida e expetativas profissionais e que contribuam para o sucesso de cada colaborador.

“O foco numa liderança humanista e que promova uma maior liberdade de escolha por parte dos colaboradores, foram muito valorizadas no nosso estudo”, destaca Katia Pina, Head of Global Center of Excellence da Boyden. “Durante a pandemia, líderes com maior capacidade de ajustar as suas formas de trabalho às necessidades específicas das suas equipas conseguiram uma valorização do seu papel e uma diferenciação positiva.”

“Curiosamente, a importância de uma cultura centrada na liberdade revela também uma tensão paradoxal com a expetativa de uma liderança humanista. Existe uma necessidade de pertença e conexão, mesmo em contextos de trabalho remoto e virtual. Esta ambiguidade pressiona a responsabilidade individual e traz mais complexidade à liderança”, explica Katia Pina.

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Quase 70% dos líderes inquiridos no estudo consideram que a estratégia mais eficaz para conseguir implementar e desenvolver uma cultura de liberdade de escolha, passa por ter líderes que promovam uma cultura de responsabilidade individual; e que invistam em ferramentas e processos que promovam a colaboração, a comunicação e o trabalho remoto.

Este estudo analisa também a maturidade das empresas, no que diz respeito à implementação destas tendências. Neste critério, e apesar de esta ser uma das principais prioridades dos líderes, parte dos inquiridos considera que estas estratégias não são, em alguns casos, implementadas de forma concertada e consistente.

A dificuldade como oportunidade competitiva

Em terceiro lugar, os inquiridos apontam a tendência “Beyond Resillience”, ou seja, a capacidade de aproveitar os desafios para se diferenciar da concorrência, através de uma maior agilidade e capacidade de adaptação.

Cerca de 70% dos líderes refere que é importante melhorar a comunicação e a colaboração, promover equipas autónomas e descentralizar as decisões (56,9%); criar um modelo organizacional e de gestão que promova agilidade (42,5%) e, ainda, promover uma cultura de tolerância ao erro (31,7%).

A maioria dos líderes acredita que as organizações já dispõem de ferramentas e práticas de liderança que apoiem a implementação destas medidas, sendo que neste caso, os mais otimistas são os líderes de regiões como a China e Singapura.

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“Esta é uma das tendências mais relevantes, tendo em conta o contexto dos últimos anos e o mundo em que vivemos, em rápida transformação. A agilidade implica uma aprendizagem constante e capacidade de adaptação sob pressão, pelo que é uma competência essencial no contexto atual”, sublinha Katia Pina.

Um número significativo de inquiridos considera prioritário desenvolver negócios de forma responsável e com um impacto positivo na sociedade e no mundo. Neste caso, são os líderes seniores, provenientes de empresas de grande dimensão da Europa e América do Norte, quem dá mais importância a estas práticas de liderança.

Entre as estratégias que mais contribuem para a sustentabilidade e responsabilidade dos negócios está a capacidade de envolver os colaboradores no propósito da organização, e capacitá-los para comportamentos e práticas éticas e de responsabilidade social.

No entanto, mais de 60% dos inquiridos refere que há uma escassez de urgência e de promoção destas políticas por parte da liderança de topo, e, ainda, pouco entendimento sobre os benefícios destas práticas, uma fraca aposta na formação sobre as mesmas, e um desajuste das métricas de diversidade, equidade e inclusão (DEI).

“É uma oportunidade única conseguirmos recolher uma tão vasta diversidade de insights sobre liderança. Os dados recolhidos neste estudo poderão ajudar os líderes a ter uma perceção mais concreta das necessidades das pessoas e das suas organizações, preparando-se para 2023 e assegurando que conseguem prosperar num contexto de incerteza e constante mudança, mantendo o bem-estar das suas equipas e o sucesso dos seus negócios”, conclui João Guedes Vaz.

A Boyden é uma empresa especializada em consultoria de liderança e talento com mais de 70 escritórios em mais de 45 países. O seu Centro de Excelência global promove o desenvolvimento de competências de liderança e de soluções de consultoria para gestores de topo.

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