Agnieszka Czajkowska: Revolucionar a Gestão de Dados Médicos em Portugal

Plataforma inovadora utiliza inteligência artificial para otimizar o atendimento médico ao paciente

Na foto: Agnieszka Czajkowska, CEO da MedSynth

Num cenário de cuidados de saúde cada vez mais desafiador, a startup portuguesa MedSynth surge como uma resposta eficaz à gestão complexa de dados médicos. Fundada pela médica, de origem polaca, Agnieszka Czajkowska, a plataforma utiliza a inteligência artificial (IA) para simplificar e agilizar o acesso a informações cruciais, transformando a experiência médica.

O foco principal da MedSynth é reduzir o tempo gasto por médicos em tarefas administrativas, permitindo-lhes dedicar mais atenção aos pacientes. Atualmente em desenvolvimento, a solução criada por Agnieszka Czajkowska promete transformar a prática médica ao agilizar a recolha e processamento de informações clínicas. Este avanço permitirá aos médicos concentrar-se no que realmente importa: o cuidado humano e direto ao paciente.

“Trabalhar num hospital, e em particular num serviço de urgência hospitalar, exige decisões rápidas. No atendimento, o médico precisa de saber informações relevantes como alergias, medicação ou doenças crónicas. Porém, muitas vezes o doente não tem condições para passar essa informação, ou porque não está consciente ou está confuso, ou porque simplesmente não se recorda”, explica Agnieszka Czajkowska.

“Quero contribuir para um sistema de saúde mais eficaz”

Agnieszka Czajkowska

Para encontrar essas informações, os médicos têm de pesquisar no histórico de hospitalizações ou de consultas no Serviço Nacional de Saúde. Porém, os profissionais de saúde muitas vezes deparam-se com informações redundantes e desorganizadas, prejudicando a eficácia dos tratamentos e aumentando os riscos para os pacientes. A falta de acesso rápido a dados relevantes contribui para custos operacionais inflacionados nos serviços de saúde.

“Um dos problemas que eu constatei é que passamos bastante tempo no computador a pesquisar o histórico das consultas e da medicação dos pacientes para depois fazer o tratamento adequado. Muitas vezes temos de ler o histórico do centro de saúde para saber a informação relacionada com a saúde do doente para tomar a decisão certa.”

Agnieszka Czajkowska, CEO da MedSynth
Apresentando o projeto MedSynth no âmbito da Web Summit

A MedSynth é uma solução inovadora que pode ser integrada nos sistemas médicos existentes. Utilizando algoritmos avançados de machine learning e processamento de linguagem natural, para converter grandes volumes de dados clínicos em resumos claros. Isso permite que profissionais de saúde tomem decisões informadas em tempo real, melhorando a eficiência do atendimento. “Eu sou médica e sei o que falamos. Vivo com esta dificuldade todos os dias e sinto que ela precisa de ser resolvida” sublinha.

Gene de Empreendedorismo

Agnieszka Czajkowska veio para Portugal em 2016, para fazer um estágio de cirurgia, e acabou por ficar. Atualmente está a fazer a especialidade em Medicina Interna, no Hospital Curry Cabral, em Lisboa. As limitações burocráticas que os médicos enfrentam diariamente, bem como a necessidade de aceder rapidamente a informações relevantes, inspiraram-na a criar a MedSynth.

“O meu pai é empreendedor na Polónia e eu sempre tive vontade de criar a minha própria empresa. Sempre sonhei desenvolver o meu projeto, salienta”. “Neste momento o meu trabalho são os meus pacientes, mas comecei a pensar como é que eu posso ajudar o doente que está na minha frente e reparei nas limitações que os médicos enfrentam. Por isso, agora enquanto empreendedora, eu consigo ajudar os pacientes e ajudar os meus colegas.”

No stand da startup durante a Web Summit

A sua ambição é conseguir que a sua ideia possa entrar nos hospitais públicos e contribuir para a eficácia do sistema nacional de saúde. “A MedSynth já foi reconhecida pela Ordem dos Médicos como uma das 12 startups mais promissoras na área da saúde. A missão é proporcionar uma abordagem mais centrada no paciente e reduzir significativamente o tempo dedicado pelos médicos às tarefas administrativas.

“Um estudo, nos Estados Unidos, mostrou que os médicos passam em média 2 horas no computador por cada hora que passam junto do doente, esse é um número que eu gostaria de ver reduzido para metade”, acentua.

O projeto arrancou este ano, e ainda está na fase de definição de estratégia de negócio. Porém, Agnieszka Czajkowska aceita o desafio de empreender e quer levar a sua ideia para a frente.

“Este é um trabalho extra que eu tenho e que faço porque acredito na ideia. Poder melhorar o sistema de saúde e ajudar os outros é uma motivação. É verdade que ainda estou sozinha e sem um grande background em empreendedorismo e em tecnologia. É um pouco como “jogar-me ao mar”, mas eu acredito na ideia e o meu conselho para os empreendedores é que têm de acreditar na sua ideia e fazer com que ela avance sem desistir”.

Embora ainda em fase inicial, a solução proposta por Agnieszka Czajkowska já demonstra potencial para revolucionar a abordagem aos dados médicos, proporcionando uma visão promissora para o futuro do setor de saúde em Portugal.

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