Estima-se que a Inteligência Artificial (IA) possa levar à perda de 481 mil empregos em resultado dos novos processos de automatização. Embora a mesma tecnologia venha a gerar novas oportunidades de emprego, com a criação de 400 mil postos de trabalho, o saldo líquido é negativo apontado para a perda real de 80,3 mil empregos.
A inteligência artificial apresenta desafios e oportunidades para o mercado de trabalho português, segundo o mais recente estudo da Randstad Research. Estima-se que a IA possa levar à perda líquida de 80,3 mil empregos em Portugal na próxima década, com a automatização de 481 mil empregos e a criação de 400 mil novos empregos.
Os setores mais afetados pela automatização incluem atividades administrativas e atividades informáticas e telecomunicações. “Funções profissionais como IT, Finanças; Vendas; Operações; Recursos Humanos; Marketing; Jurídico e Cadeia de abastecimento são as que apresentam o mais alto grau de automatização e atualização, tendo, por isso, um maior grau de exposição”, sublinha-se no relatório.
Por outro lado, espera-se que as atividades informáticas e de telecomunicações e as atividades de consultoria, científicas e técnicas sejam os setores com maior potencial de criação de emprego.
“Num curto espaço de tempo, a inteligência artificial está a transformar a forma como trabalhamos com impacto direto em diversos setores de atividade. Ao mesmo tempo, a sua entrada cada vez mais massificada faz-nos colocar algumas questões éticas em cima da mesa”, sublinha Isabel Roseiro, diretora de marketing da Randstad Portugal.
Isabel Roseiro, diretora de marketing da Randstad Portugal, destaca a importância crescente das competências tecnológicas especializadas entre os trabalhadores e a necessidade de adaptação das empresas a esta nova realidade.
No entanto o estudo indica que ainda há um longo caminho a percorrer. 62% das empresas portuguesas já experimentaram a IA, principalmente para análise de dados, otimização de tarefas administrativas, automatização de processos e atendimento ao cliente. No entanto, cerca de 37,3% das empresas ainda não incorporaram esta tecnologia em nenhuma das suas atividades, devido a desafios como falta de precisão, falta de competências dos colaboradores e incertezas relacionadas com legislação e proteção de dados.
“Um dos pontos críticos identificado nesta análise foi o facto de as empresas que introduziram a IA em alguns dos seus processos terem enfrentado desafios em termos de competências. Em 75,8% dos casos, a importância de ter competências tecnológicas especializadas entre os seus trabalhadores aumentou. E, em muitos casos, a importância de outras competências não tecnológicas, que podem complementar estas últimas, também aumentou”, comenta ainda Isabel Roseiro.