O apelo do Presidente Emmanuel Macron para eleições antecipadas em 30 de junho abalou o cenário político europeu, incluindo as políticas agrícolas, especialmente em França, o maior país agrícola da UE. As sondagens iniciais em França, antes das eleições de 30 de junho e 7 de julho, sugerem uma polarização crescente. A atual maioria de centro-direita, que suporta o Presidente Macron poderá terminar em terceiro lugar após sete anos no poder, ultrapassada pela extrema-direita e pela coligação das esquerdas.
Na liderança das sondagens está o Rassemblement National (RN) de extrema-direita, que pode bem representar uma maioria na Assembleia Nacional e, assim, liderar o futuro governo. Em segundo lugar, encontra-se o Nouveau Front Populaire (NFP) – uma aliança dos principais partidos de esquerda, seguida pela Renaissance, o partido de Macron.
Impacto na Agricultura
A potencial ascensão de Jordan Bardella (RN) ou Jean-Luc Mélenchon (NFP) como primeiros-ministros levanta questões significativas sobre o futuro da agricultura francesa.
As forças à esquerda desejam reconciliar a agricultura com a ecologia, planeando eliminar gradualmente os pesticidas e promover a agricultura biológica. A nível europeu, mantêm-se alinhados com o Green Deal, que é apoiado, pelo menos nas suas ambições, pela Esquerda na Europa.
Por outro lado, o Rassemblement National vê estas normas ambientais como o principal inimigo. Não aceitam a interdição de pesticidas sem alternativas viáveis, e querem uma redução dos encargos fiscais e administrativos para os agricultores. A extrema-direita pretende revitalizar a competitividade francesa, focando-se na desregulamentação.
Interessante é notar as convergências entre estes dois movimentos opostos. Ambos procuram eliminar os acordos de livre comércio, condenados por quase todos os manifestantes nos últimos meses. O partido de Bardella promete pôr fim a novos acordos comerciais entre a UE e países terceiros, defendendo uma “moratória” sobre todos os acordos anteriores. O partido de Mélenchon também quer acabar com a era do livre comércio.
Assim, à medida que se aproximam as eleições, o futuro da agricultura francesa permanece incerto, mas é certo que tanto ganhe a direita quanto a esquerda deverão ser introduzidas mudanças substanciais que contribuirão para uma transformação significativa das políticas agrícolas em França e, eventualmente, na restante União Europeia.