O atual panorama geopolítico global, marcado por tensões crescentes e instabilidade entre as nações, está a gerar uma crescente incerteza para as empresas. Segundo o estudo da Boston Consulting Group (BCG) intitulado “Geopolitical Risk Is Rising. Here’s How CEOs Can Prepare”, os líderes empresariais devem reforçar as suas capacidades de análise geopolítica e incorporar potenciais desenvolvimentos globais na sua tomada de decisões. A BCG prevê quatro cenários geopolíticos que poderão moldar a próxima década, influenciando diretamente o ambiente de negócios.
Carlos Elavai, Managing Director e Partner da BCG em Lisboa, alerta os líderes empresariais para se prepararem “para cenários geopolíticos plausíveis, desenvolvendo planos de contingência e gestão de riscos, pois os conflitos em curso, e os que possam surgir, terão impactos profundos nas empresas e cadeias de abastecimento.”
Empresas precisam de reforçar as suas estruturas de gestão de risco geopolítico
O estudo realça a necessidade de as empresas se adaptarem às perturbações geopolíticas. Para isso Carlos Elavai recomenda que os executivos:
- Monitorem continuamente o cenário geopolítico, criando indicadores que funcionem como sistemas de alerta para eventuais crises que possam afetar o negócio;
- Planeiem respostas detalhadas para riscos, criando equipas especializadas em geopolítica que possam gerir estas situações com eficácia;
- Mantenham uma análise constante dos cenários e atualizem os seus planos à medida que o contexto global evolui;
- Desenvolvam estruturas ágeis para garantir que a informação flui rapidamente dentro da organização e que as respostas sejam rápidas e eficazes.
Os quatro cenários geopolíticos para a próxima década
- Regresso ao futuro: O cenário mais otimista, embora improvável, caracteriza-se por um renascimento da cooperação internacional, com o comércio livre a prosperar, os conflitos militares a diminuírem e as cadeias de abastecimento a funcionarem sem entraves. Países do Sul Global, como os africanos, veem a sua participação nas rotas comerciais globais aumentar.
- Proliferação de conflitos regionais: Aqui, observamos o surgimento de conflitos militares regionais, sem um envolvimento direto das grandes potências. Este cenário leva a uma maior volatilidade dos preços dos bens de consumo e perturbações nas cadeias de abastecimento devido à instabilidade.
- Rivalidade multipolar: Neste cenário, vários blocos globais coexistem, evitando conflitos diretos entre grandes potências, mas com normas comerciais e políticas distintas entre blocos. A inflação mantém-se ligeiramente superior aos níveis pré-pandémicos devido à fragmentação do comércio mundial.
- Escalada global de conflitos: O pior cenário, marcado por uma escalada de conflitos económicos e militares, com grande envolvimento das potências mundiais. As cadeias de abastecimento sofrem grandes perturbações, os preços energéticos disparam e a inflação aumenta significativamente.
Estes cenários são alguns dos quadros informativos que permitirão avaliar a direção das dinâmicas globais a médio prazo e ajudar os líderes empresariais e respetivas equipas a ganharem um sentido de orientação num mundo cada vez mais imprevisível.