Nos últimos cinco anos, o panorama do empreendedorismo tecnológico em Portugal tem demonstrado um crescimento robusto, consolidando o país como um dos polos emergentes na cena internacional de startups. O relatório ScaleUp Portugal 2024, recentemente publicado, fornece uma análise abrangente do ecossistema, destacando as principais startups, os desafios enfrentados e as oportunidades para o futuro.
O estudo identificou as TOP 25 startups tecnológicas que lideram em desempenho, inovação e impacto económico. Estas empresas, que representaram 47% das receitas totais do ecossistema digital em 2023 (€87 milhões), destacam-se em quatro setores principais:
- Tecnologias da Informação e Comunicação (ICT): Com 51% das startups analisadas, este setor é o mais representado. As empresas de ICT geraram €89 milhões em receitas, refletindo a crescente digitalização da economia e a adoção de soluções tecnológicas avançadas.
- CleanTech & Industry 4.0: Empresas focadas em sustentabilidade e processos industriais avançados lideram em termos de receitas médias por empresa, contribuindo com €64 milhões.
- Consumer & Web: Startups orientadas ao consumidor geraram €35 milhões, destacando-se como um setor dinâmico, embora com menor representatividade.
- MedTech & Health IT: Este segmento, ainda em fase inicial, demonstra potencial para crescimento, apesar de representar apenas 0,18% das receitas das TOP 25 startups.
Lisboa no Centro da Inovação
“Lisboa tornou-se um vibrante hub para startups e talentos tecnológicos, oferecendo uma combinação única de inovação, cultura e qualidade de vida”, salientou Paddy Cosgrave, CEO da Web Summit.
Com efeito, Lisboa consolida-se como o principal hub de inovação em Portugal, abrigando 34% das startups e gerando 43% da tração de mercado. Cidades como Porto e Aveiro também emergem como centros importantes, contribuindo com 28% e 8% das receitas totais, respetivamente. Essa concentração geográfica reflete não apenas o papel central da capital, mas também o crescimento regional do ecossistema tecnológico.
“O ecossistema de startups português está a prosperar, com empreendedores que não têm medo de assumir riscos e pensar globalmente”, salienta o relatório citando Ricardo Marvão, cofundador da Beta-i.
Desafios e Oportunidades
Apesar dos resultados promissores, o relatório destaca desafios importantes. Entre eles, a queda na criação de novas startups nos últimos cinco anos, atribuído a possíveis limitações no acesso a financiamento e recursos. Além disso, o desequilíbrio de género permanece evidente, com 74% das startups de maior desempenho lideradas por homens, acima da média do setor (67%).
Por outro lado, as oportunidades são expressivas. As exportações cresceram a um ritmo anual composto de 37%, com destaque para o mercado europeu (48% de crescimento anual). Este aumento reflete a competitividade e a capacidade de adaptação das startups portuguesas no cenário internacional.
“Nos últimos cinco anos, as startups portuguesas demonstraram um crescimento notável de 44% no Valor Acrescentado Bruto, sublinhando o seu impacto económico crescente e o papel crucial na condução da inovação e produtividade em Portugal”, salienta o relatório.
Perspetivas Futuras
O ecossistema de startups em Portugal encontra-se num momento crucial. Para garantir um crescimento sustentável, será necessário:
- Diversificar as fontes de investimento, reduzindo a dependência de capital estrangeiro.
- Incentivar políticas e iniciativas que promovam a criação de novas startups.
- Abordar o desequilíbrio de género, oferecendo mais suporte a empreendedoras.
- Apostar em setores emergentes, como MedTech, que apresentam grande potencial de inovação.
O ScaleUp Portugal 2024 reforça a mensagem de que o empreendedorismo em Portugal não só está a evoluir, como também a posicionar-se como uma força relevante no cenário tecnológico global. Contudo, a superação dos desafios apontados será fundamental para consolidar esta trajetória de sucesso.
O Relatório ScaleUp Portugal é uma pesquisa anual realizada pela BGI, com o apoio do EIT Digital. A edição de 2024 contou ainda com os dados da Informa D&B e o apoio da Lispolis.