Energia, bens alimentares e produtos de higiene são as categorias onde os consumidores mais valorizam opções sustentáveis, mas há um longo caminho até à prática efetiva.
Um estudo da Boston Consulting Group (BCG) revela que a maioria dos portugueses está disposta a pagar um valor acrescido por produtos e serviços mais sustentáveis, especialmente em categorias essenciais como energia (57%), bens alimentares (56%) e produtos de higiene (55%). Apesar desta abertura, apenas 32% dos consumidores considera frequentemente o impacto ambiental nas suas decisões de compra, abaixo da média europeia de 37%.
Em média, os consumidores portugueses aceitam pagar cerca de 10% a mais por opções sustentáveis em qualquer categoria de produto. No entanto, o estudo “Consumer Sentiment Survey 2024” aponta que a prática ainda não acompanha a intenção: 12% dos inquiridos admitem não tomar decisões sustentáveis, uma subida de 2 pontos percentuais em relação a 2023.
Sustentabilidade ganha força, mas enfrenta desafios
Carlos Elavai, Managing Director e Partner da BCG em Lisboa, sublinha o paradoxo entre a intenção e a ação: “Embora na teoria haja disponibilidade para pagar mais por sustentabilidade, na prática muitos consumidores não traduzem esta intenção em escolhas concretas. Este é um reflexo dos constrangimentos financeiros e da falta de informação.”
Entre os grupos etários, os adultos com mais de 64 anos mostram maior consciência ambiental, com 41% a considerar frequentemente o impacto ambiental nas suas decisões de consumo. No extremo oposto, 1 em cada 10 portugueses declara não estar familiarizado com o impacto das suas escolhas, destacando a necessidade de maior sensibilização e informação.
Oportunidade para as empresas
Segundo Elavai, o cenário atual representa uma oportunidade significativa para as organizações: “Ao desenvolverem e promoverem produtos e serviços sustentáveis mais atrativos e acessíveis, as empresas podem impulsionar escolhas mais conscientes e contribuir para uma transformação sustentável a nível nacional.”
O estudo, que abrangeu 1.000 portugueses em todo o território continental entre 6 e 20 de agosto de 2024, fornece um panorama detalhado sobre os hábitos de consumo sustentável em Portugal, destacando a crescente relevância deste tema nas decisões dos consumidores e os desafios que persistem na sua implementação prática.