Apenas 1 em Cada 3 Jovens Acredita Ser Possível Comprar Casa nos Próximos Anos

Preços elevados e rendimentos baixos dificultam independência dos jovens, com apenas 32% a acreditar que poderá comprar casa.

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A dificuldade em aceder à habitação está a adiar a independência dos jovens portugueses. Segundo o estudo “Habitação para Jovens em Portugal: Desafios e Tendências Atuais”, desenvolvido pela Century 21 Portugal, os preços elevados das casas (43%) e rendimentos insuficientes (30%) são os principais obstáculos à emancipação. Apenas 32% dos jovens consideram viável a compra de uma habitação nos próximos anos, enquanto 46% optariam pelo arrendamento como forma de alcançar a independência.

Mercado Imobiliário Torna Independência Mais Difícil

O estudo revela que os jovens portugueses precisam de mais tempo para se emancipar. Entre os 36 e 40 anos, 88,6% já vivem de forma independente, enquanto entre os 28 e 35 anos esse valor desce para 76,3%. No entanto, quase metade (49,5%) dos jovens entre os 20 e 27 anos ainda vive com os pais.

As dificuldades no acesso à habitação são agravadas pela falta de imóveis acessíveis. Em Lisboa, 59% das casas disponíveis custam mais de 300.000€, enquanto no Porto esse valor é 56%. Já na faixa até 125.000€, a oferta é praticamente inexistente, com apenas 1% das casas disponíveis.

“O problema não é a falta de desejo de independência, mas sim a falta de rendimentos adequados e de estabilidade profissional. Ter uma casa própria continua a ser um sonho para a maioria dos jovens portugueses, mas para muitos, esse sonho está a ser adiado indefinidamente”, explica Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal.

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Soluções Governamentais Percebidas como Insuficientes

Apenas 24% dos jovens consideram os benefícios governamentais adequados, sendo que a maioria critica a lentidão e ineficácia dos apoios. Apesar da introdução de medidas que facilitam o acesso ao crédito, o problema estrutural do mercado imobiliário mantém-se, com a escassez de habitação acessível e a falta de soluções habitacionais compatíveis com os rendimentos nacionais.

Os jovens são forçados a fazer sacrifícios financeiros para alcançar a independência: 89% estão dispostos a abdicar de viagens, lazer e compras, reconhecendo que os seus pais enfrentaram desafios semelhantes.

Arrendamento Domina Preferências, Mas Muitos Querem Mudar de Casa

Entre os jovens que já se emanciparam, 59% vivem em regime de arrendamento, enquanto 34% possuem habitação própria com hipoteca. No entanto, 64% planeiam mudar de habitação, sobretudo os que vivem arrendados (80%).

Apesar das dificuldades, 63% dos jovens pretendem permanecer na mesma cidade, enquanto 25% consideram mudar-se para outra cidade ou país. O estudo também destaca que 42,4% dos jovens gastam entre 30% e 40% do rendimento mensal na habitação, refletindo a forte pressão financeira associada à habitação.

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Lisboa vs. Porto: Diferenças no Mercado e Expectativas

Área Metropolitana de Lisboa (AML): 73% dos jovens são independentes, mas apenas 24% planeiam emancipar-se no próximo ano, um valor inferior ao do Porto (35%). Além disso, 27,6% dos jovens de Lisboa consideram o tempo de deslocação para trabalho ou estudo demasiado demorado.

Área Metropolitana do Porto (AMP): 67% dos jovens já se emanciparam, mas há maior intenção de independência a curto prazo. Os jovens do Porto também mostram maior satisfação com o tempo de deslocação (77,4%) em comparação com Lisboa (72,4%).

Conclusão: Necessidade de Soluções Estruturais e Apoios Eficazes

O estudo da Century 21 Portugal destaca que os desafios para a emancipação jovem são significativos e estruturais, exigindo uma abordagem que vá além dos apoios financeiros pontuais.

A concentração da oferta em imóveis acima dos 300.000€, a escassez de habitação acessível e os baixos rendimentos face aos preços do mercado estão a tornar a independência cada vez mais difícil para os jovens. O problema não se resume apenas à habitação acessível, mas sim a um custo de vida sustentável, onde os jovens possam equilibrar habitação, mobilidade e outras despesas essenciais.

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