Belmiro de Azevedo – Um exemplo para os Empreendedores

Foto de Valdemir1 - Obra do próprio, CC BY-SA 4.0, Ligação

Morreu Belmiro de Azevedo (1938-2017). Tinha 79 anos e era considerado “o maior empresário de Portugal depois do 25 de Abril”. Mais do que um empresário, Belmiro era um exemplo de exigência, disciplina e ética para todos os empreendedores. A sua vida foi marcada por uma rebeldia e inconformismo contra a inércia e imobilismo do poder, e uma voz dura contra uma sociedade cristalizada na troca de favores.

Nascido em Marco de Canavezes, a 17 de fevereiro de 1938, Belmiro de Azevedo licenciou-se em Engenharia Química Industrial, pela Faculdade de Engenharia do Porto. Em 1965 começou a trabalhar na Sonae, uma empresa de aglomerados de madeira. Em 1973 parte para os Estados Unidos, onde vai fazer uma pós-graduação em Gestão.

Quando ocorre a revolução de 1974, Pinto de Magalhães – o dono da Sonae – parte para o Brasil e Belmiro regressa dos Estados Unidos para conduzir a empresa durante o período de instabilidade social que marcou o período revolucionário.

A capacidade para enfrentar a mudança valeu-lhe a confiança dos trabalhadores e do patrão. Quando Pinto de Magalhães regressa do Brasil, em 1982, oferece-lhe parte do capital da empresa. Com o tempo, Belmiro de Azevedo acaba por reforçar a sua posição na Sonae, tornando-se o seu principal acionista. Ao mesmo tempo, alarga a área de atividade da empresa criando a Sonae SGPS, a sociedade de investimentos com a qual iria construir um império.

Hoje com uma presença em 90 países e um volume de negócios de mais de cinco mil milhões de euros anuais, a Sonae opera nas áreas das telecomunicações, distribuição, imobiliário e indústria, empregando mais de 60 mil colaboradores.

Durante a sua vida, Belmiro de Azevedo ficou conhecido pela coragem com que enfrentou os poderes instituídos e pela liberdade de sempre dizer o que pensava e agindo de acordo com essa atitude. Essa determinação na defesa das suas ideias era sustentada numa visão de futuro que, muitas vezes, colidia com as agendas políticas de curto e médio prazo. Isso valeu-lhe inimizades de uns, mas também o reconhecimento de outros.

Não sendo uma figura consensual – ele, em vida, nunca o procurou ser – Belmiro de Azevedo deixa ainda um legado cultural e social através da sua Fundação e do jornal o Público. Como diz António Saraiva, o presidente da CIP, “Tinha o condão de chamar as coisas pelos nomes e pôr o dedo na ferida”. Deixou marca e é um bom exemplo para todos os jovens empreendedores.

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