A produtividade, ou falta dela, é um problema de todos. Não é o nosso calcanhar de Aquiles, porque Aquiles era forte e tinha apenas um ponto fraco. Já no caso de Portugal, das suas pessoas e empresas, existem vários pontos fracos. A produtividade é, portanto, mais um dos problemas nacionais.
Mas afinal o que é produtividade?
Produtividade é o resultado daquilo que é produtivo, ou seja, do que se produz, do que é rentável. É a relação entre os meios, recursos utilizados e o produto final. É o resultado da capacidade de produzir, de gerar um produto, um serviço, fruto do trabalho, associado à técnica e ao capital disponibilizado.
Produtividade é a expressão da eficiência de qualquer negócio. Para uma indústria, por exemplo, a produtividade está diretamente ligada à eficiência na produção, para um país será o PIB e para uma empresa poderá ser o EBITDA.
Pode ser medida de formas diferentes, mas significa sempre a mesma coisa: a capacidade de, com os mesmos recursos, produzir mais.
A cada ano, o PIB dos países cresce porque há mais capital, porque há mais pessoas a trabalhar e/ou porque a produtividade aumentou. Em economias, como a portuguesa mas não só, onde o investimento cresceu durante anos a ritmos baixos – e o stock de capital pouco ou nada se alterou – e onde a taxa de desemprego se aproxima do seu nível estrutural, resta à produtividade o ónus de meter o PIB a andar.
E é aqui que o problema começa. Apesar da revolução tecnológica permanente em que a economia mundial tem vivido, desde que a Intel inventou o microprocessador em 1971, o andamento da produtividade já não é o que era. A capacidade de produção das economias desenvolvidas está quase estagnada, e nos mercados emergentes está mesmo a cair.
Este é um tema deveras importante e algo descurado nos discursos dos dirigentes. A produtividade é como o sangue das economias: para crescerem, todos precisam dela.
Em termos mundiais, no médio prazo, as perspetivas para a produtividade são incertas. Assistimos, naturalmente, a um renascimento impulsionado pela inteligência artificial e todas as outras ruturas tecnológicas, embora a sua magnitude e tempo de concretização sejam difíceis de prever os reais impactos no emprego e na produtividade.
Se o panorama da economia mundial é o que acima descrevi, o mesmo é resultado da maneira como todos trabalhamos, desde políticos, empresários e colaboradores.
Para quando uma verdadeira estratégia nacional que esteja acima de interesses temporais e eleitorais e que aponte Portugal no caminho do desenvolvimento sustentado? Para quando é que os empresários irão perceber que os seus colaboradores não conseguem fazer melhor se não têm os recursos adequados, sejam eles materiais ou formação? E os colaboradores, que estão cientes dos seus direitos mas olham para o lado quando se trata de deveres? Estarão preparados para essa mudança cultural, investir na sua formação, pensar e agir?
Não tenham dúvidas: hoje, a pressão no mercado para que as empresas sempre tenham procedimentos que permitam aos seus profissionais trabalhar da melhor forma e no menor tempo concebível, em duas palavras eficiência e eficácia, é a maior de sempre. Quando isso não ocorre, o projeto perde competitividade frente aos seus concorrentes pela falta de capacidade de responder às solicitações de clientes e parceiros em tempo útil.
Por outras palavras, a produtividade deixou de ser um fator de diferenciação. Hoje, ela ocupa o papel de ator principal no universo das empresas startups, ou não, e até no empreendedorismo, especialmente no que diz respeito à competitividade.
Vejam quais são as perguntas que um investidor faz para fundamentar uma decisão de investimento. Ele vai querer saber onde está a inovação e qual a vantagem competitiva do produto ou serviço e, para isso, é essencial demonstrar que somos produtivos.