Vivemos numa sociedade moderna que ainda padece das falhas do passado. Um passado que teima em querer vingar num presente bastante consolidado, e que pode atrapalhar um futuro que se constrói a cada dia que passa.
A grande parte de nós recebeu uma educação com pouca tolerância e margem de manobra para o erro, fazendo-nos com isso crer que, enquanto seres dotados de uma capacidade racional, não podemos de maneira nenhuma errar em todos os caminhos que construímos na nossa vida pessoal e profissional.
Volta e meia ouvimos uma mãe queixar-se porque o filho, em dez coisas que fez, errou uma e esse erro tem a terrível capacidade de anular o que de bom foi feito nas outras nove situações.
É também assim a nível profissional, quando o nosso chefe parece estar a aguardar por um erro nosso para puxar dos galões de uma suposta liderança e dizer a célebre frase : “Achas que isso é assim que se faz?”
Acontece também muito no mundo do empreendedorismo, onde quem lança uma ideia de negócio e o concretiza em projeto real, ao mínimo erro é quase trucidado pela opinião pública e por investidores que parece que nunca erraram na vida.
Nos EUA e Canadá por exemplo, a par dos países nórdicos, o erro é encarado com uma naturalidade que para nós, mais conservadores, até assusta; isto acontece por que a maneira que estes países encontraram para lidar com o erro é aceitar que ele faz parte de um processo assente na aprendizagem e que só errando é que se poderá corrigir o que outrora falhou.
A intolerância ao erro, quando demasiado vincada e levada ao extremo, pode castrar os sonhos de muitas crianças que durante o seu percurso de vida vão ter receio de arriscar e levar as suas ideias avante, porque foram educadas a não admitir o erro. Com isso o mundo pode perder cientistas geniais, empresários com sentido de humanidade e até empreendedores dispostos a mudar o mundo.
Errar é humano: só temos de aprender de uma vez por todas que o erro faz – e sempre vai fazer – parte de uma vida que é tudo menos uma linha reta.