Alberto Carvalho Neto: “Queremos valorizar o bom que se faz em Portugal”

Alberto Carvalho Neto é um dos promotores da plataforma “Nós os Pequenos Produtores”, dedicada ao apoio e valorização dos pequenos produtores nacionais estabelecendo uma ligação dos consumidores “ao que de melhor se faz em Portugal”.

O projeto “Nós os Pequenos Produtores”, é uma plataforma que visa aproximar os consumidores e produtores nacionais, apoiando a valorização da produção nacional e o escoamento dos produtos dos micro e pequenos produtores portugueses. A plataforma tem ainda uma componente social atribuindo 1% do volume transacionado em doações de alimentos a associações de cariz social parceiras.

“Estamos a dar a conhecer novas caras ao mercado, apresentando micro e pequenos produtores, que ainda não tinham rosto associado ao seu trabalho” destaca Alberto Carvalho Neto, cofundador da plataforma “Nós os Pequenos Produtores”. A iniciativa pretende associar a promoção de cada de produto, à história do seu produtor, refletindo o carinho e narrativa por trás de cada produto.

“Criamos um site prático e estamos presentes nas redes sociais, com uma ligação muito próxima aos consumidores, que na realidade têm sido fantásticos na interação com o projeto”, sublinha. “Acima de tudo, damos a conhecer produtos que não estão tão acessíveis, produtos de excelente qualidade, feito pelos mais pequenos e que normalmente estão restringidos a uma área geográfica mais reduzida ou sem marca referenciada (caso dos legumes e hortícolas em geral).

Embora tenha a concorrência das grandes cadeias de distribuição Alberto Carvalho Neto acredita que “existe muito espaço no mercado” e o seu objetivo é conseguir um nicho para a plataforma, fidelizando consumidores e dando primazia “ao bom que se faz em Portugal”, simplificando o processo de compra. “Com um simples clique no nosso site, os consumidores conseguem conhecer melhor o produto e a sua história, e apoiar o produtor diretamente, com uma entrega rápida em sua casa.”

caixa com produtos agrícolas (frutas, legumes, vinho, azeite, doces e mel) distribuídos pela plataforma

Fazer dos desafios oportunidades

A ideia surgiu no inicio da pandemia, em resultado das restrições que se estavam a fazer sentir, e com muitos produtores sem saber como escoar os seus produtos – na maioria produtos agrícolas perecíveis – devido ao encerramentos dos supermercados, restaurantes e feiras locais.

Essa, uma realidade que Alberto Carvalho Neto conheceu de perto, enquanto dirigente da Associação de Jovens Empresários Portugal-China (AJEPC). A pandemia afetou não apenas os pequenos produtores que vendiam no mercado nacional, mas também as medias empresas exportadoras para a União Europeia ou China.

“De um dia para o outro ficaram sem solução. Daí nasceu este projeto, que não pretende competir, mas sim acrescentar valor, explorar uma relação direta entre quem produz e quem consome. Mais que uma plataforma, queremos sensibilizar o nosso país a consumir mais produtos nacionais.”

“Em momentos de crise, temos de nos unir, tentar olhar para os desafios como oportunidades e lutar contra a adversidade, arranjando soluções, testando as mesmas, pondo em prática, não deixar ficar o conceito num rabisco de papel. É necessário arregaçar as mangas e transformar as ideias em projetos concretos.”

“Em momentos de crise é preciso transformar as ideias em projetos concretos”

“Nós os Pequenos Produtores” começou com uma pequena equipa de voluntários e produtores que se juntaram para ajudar o arranque da plataforma, juntando-se a uma equipa especializada em marketing, para poder dar corpo ao projeto.

“Essencialmente, somos produtores, com realidades e produtos diferentes, mas que em comum tivemos de arranjar soluções e alternativas para arranjar resposta às perdas de encomendas. Trabalhamos em conjunto e partilhamos estruturas”, frisa o cofundador da plataforma.

“A interação, organização e apoio logístico é coordenada pela empresa BCN, que já estava muito focada na exportação e que agora apoia a integração de mais produtores no mercado nacional. No marketing, contamos com o apoio do CIC (Centro Internacional de Cultura), empresa especializada em ações de marketing e organização de eventos, liderada por Gabriela Faria de Oliveira, cofundadora do projeto. E, desde o início tivemos o carinho e vontade de fazer mais e melhor da Torrestir, parceiro que se disponibilizou a rever a interação e cobertura nacional”, explica Alberto Neto.

Ao projeto “Nós os Pequenos Produtores” juntaram se também associações de solidariedade social como a Ajuda de Mãe (apoio a jovens Mães com dificuldades), a Acreditar (apoio a luta contra o cancro nas crianças) e mais tarde a Semear (apoio a jovens com deficiência ou motora) além do movimento Escolhe Portugal e a associação AJAP ( associação de jovens agricultores de Portugal) que dinamizam a entrada de produtores na plataforma.

“O conceito está a evoluir bem e a interação com os produtores está a ser muito dinâmica, já fizemos as primeiras exportações de produtos para consumidores dentro da União Europeia, e queremos continuar a aproximar da comunidade portuguesa e luso-descendente para chegar com mais impacto nos mercados estrangeiros”, frisa Alberto Neto, ainda que no imediato, o objetivo seja “consolidar o projeto a nível nacional, solidificar a relação entre os pequenos produtores e fidelizar os nossos consumidores.”

Investir no interior do país

Para o cofundador da plataforma “Nós os Pequenos Produtores” foi o desafio do momento e a necessidade de criar soluções que o levaram a empreender. “Existem diversos desafios, sendo que no sector agrícola começa pelas condições meteorológicas que influenciam e afetam, e são fatores que não conseguimos controlar. Temos de investir e colher mais tarde e quando estamos a falar de plantações podemos estar a falar em retornos de 10 a 15 anos”, explica Alberto Neto.

“Temos também o desafio da lei de trabalho, pois temos um país com uma grande tradição agrícola e a lei laboral não está ainda preparada para entender os esforços e necessidades do sector. Faça chuva, faça sol, existem trabalhos que têm de ser feitos e outros que podem ser adiados. Tem de haver uma gestão ao dia, não é um trabalho de escritório!”

A dificuldade em contratar jovens para aprenderem e dar continuidade à informação dos mais velhos e experientes, é outro problema que afeta os produtores portugueses, destaca Alberto Neto. “Acredito que devem ser implementadas medidas concretas e duradouras, baseadas numa estratégia a médio longo prazo para incentivar a promoção do interior do nosso país e permitir que as pessoas voltem às suas origens, combatendo a desertificação e êxodo rural.

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