Empreendedorismo. O conceito que ganhou vida com os self-made men e tem vindo a respirar nas últimas gerações. Ser empreendedor é um estilo de vida desafiante e, muitas vezes, requer financiamento para se tornar uma realidade.
Ora, entre avançar com dinheiro próprio ou pedir financiamento a um banco, para a sociedade em geral, o desconhecido e rodeado de mitos é o da obtenção de investimento através das capitais de risco – as Venture Capital.
Está na hora de desmistificar o financiamento através de uma Venture Capital
Resumidamente: é uma forma de capital privado e um tipo de financiamento que os investidores fornecem às empresas em fase de arranque ou, também, às pequenas empresas que mostrem ter potencial de crescimento a longo prazo.
Normalmente é uma opção viável para financiar um negócio que se encontra numa fase inicial. E, neste contexto, dou-vos o exemplo da Talent Protocol, da qual sou cofundador e neste momento Advisor estratégico.
Para quem ainda não conhece – a Talent Protocol é uma comunidade profissional web3, que permite que builders e profissionais de alto potencial transformem conexões soltas numa rede de apoio que investe no seu futuro.
Existem vários enquadramentos e vários passos, assim como formas para prosseguir com este financiamento; no entanto, irei concentrar-me nas conhecidas “rondas de investimento” em que – tal como muitas empresas ou projetos iniciais – a Talent Protocol participou.
Bem, mas então como é feito este processo?
As fases do investimento de Venture Capital
A primeira etapa é a pre-seed.
Na fase pre-seed, os empreendedores trabalham na sua ideia e validação – por exemplo: um produto. Ainda, nesta ronda, os empreendedores podem criar o seu protótipo e uma equipa maior para trabalhar no projeto.
Um ponto importante e que deve ser tido em consideração, desde o início do projeto, são as valuations – avaliações – e em que assentam.
As valuations são o processo de avaliação do valor de uma empresa, de um projeto ou de um ativo. Portanto, é uma análise que pretende determinar o valor atual, ou potencial de uma empresa, com base em diversos fatores, tais como o desempenho financeiro, a concorrência, as tendências de mercado, entre outros.
A fase de investimento seed
Na segunda fase do processo – “seed” – os empreendedores, normalmente, já têm um protótipo e estão prontos para fazer o pré-lançamento do produto no mercado, normalmente a startup está já em formato de versão Alfa ou Beta. Nesta fase, a empresa tem uma equipa capaz de pôr o negócio ou projeto a funcionar.
Na seed deve haver um trabalho de desenvolvimento, de operações, de gestão de marca e marketing, assim como uma gestão de equipa.
Geralmente, nesta ronda, os empreendedores procuram um financiamento que se encontre acima dos 500 mil euros (variando consoante o tipo de projeto), de forma a potencializar o negócio.
Por norma, os investimentos vêm de fundos de Capital Venture e Business Angels, assim como de Crowdfunding.
A terceira etapa é a fase A
Nesta altura a empresa já tem o produto no mercado e está em crescimento: com receitas consistentes a fluir e dá-se uma procura por novas bases de dados de clientes.
Na ronda A, o investimento desejado tende a ser acima dos 1,5 milhões de euros, e vem, principalmente, de fundos de venture capital.
Fase B para expandir o projeto
Posteriormente temos a fase B, onde o produto está consolidado, mas a empresa pretende continuar a crescer: dá-se a expansão da equipa de colaboradores, assim como do mercado-alvo, investimento maior em marketing, entre outros.
Portanto, o negócio é bem-sucedido e já provou aos investidores que tem potencial para crescer exponencialmente.
De forma a expandir a operação, os investimentos nesta fase vêm principalmente de fundos de capital de risco e empresas de private equity, que tendem a ser superiores a 7 milhões de euros, consoante as necessidades da operação.
Um ponto importante é que, a cada rodada, a percentagem de capital próprio disponível para diluir diminui, enquanto a avaliação da empresa aumenta.
Fase C: Internacionalização
A fase seguinte é a fase C, na qual a empresa já tem uma presença consolidada no mercado, de tal forma que apresenta condições para adquirir startups pequenas, que estejam alinhadas com os seus valores. Mais, a empresa pensa alargar a sua gama de produtos e internacionalizar-se.
Outro ponto nesta fase é que a mesma quer tornar-se pública.
Os investimentos tendem a rondar até aos 100 milhões de euros, embora os níveis de valores de fundraise possam variar muito, de startup para startup, ou de ronda em ronda. Isto porque, diferentes etapas pedem diferentes níveis de recursos, dependendo do potencial de cada negócio, a concorrência e saturação de mercado, entre outros. Estes investimentos vêm, essencialmente, de fundos de venture capital e empresas de private equity.
IPO ou fusão
É normal o próximo estágio ser a IPO – Initial Public Offering; contudo, a empresa poderá ter de concorrer a uma fase D, caso não tenha conseguido atingir os objetivos que estavam estabelecidos na anterior, ou caso se dê uma fusão de empresas.
Mantendo um foco nas rondas iniciais, cada etapa de investimento tem os seus próprios desafios e oportunidades.
Conclusão
Na minha opinião, a etapa que apresenta um maior desafio é a pre-seed, já que é o momento em que os empreendedores têm de convencer os investidores a investirem na sua ideia inovadora.
Na pre-seed é fundamental ter um plano de negócios claro e sólido, assim como uma equipa forte, resiliente e, em casos de produtos, um protótipo que possa ser validado pelo mercado em questão.
Já na fase A, a maior dificuldade, diria que é conseguir uma avaliação justa da empresa em causa. Os investidores pretendem investir numa empresa em crescimento, mas também querem garantir que este investimento é seguro. Para nós, empreendedores, é importante ter um bom relacionamento com os investidores e ser transparente sobre as finanças da empresa.
Como podem imaginar, empreender através de rondas de investimento com capital de risco é uma viagem emocionante. Acima de tudo, diria que é importante entender cada uma das etapas de investimento, o que engloba como oportunidades e desafios únicos, que nos são apresentados ao longo do caminho.
Nós, empreendedores, através de uma abordagem estratégica e de um plano sólido, podemos transformar as nossas ideias de negócio num sucesso – com o apoio certo.