Antecipação Estratégica do Risco: A Nova Fronteira da Competitividade Empresarial

Antecipação do risco e talento em cibersegurança serão determinantes para a resiliência e competitividade empresarial nos próximos anos.

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O cibercrime está a tornar-se uma das maiores ameaças ao tecido empresarial global, com custos que poderão atingir 13,8 biliões de dólares até 2028, segundo um estudo da Boston Consulting Group (BCG). No entanto, para Pedro Pereira, Managing Director e Senior Partner da BCG em Lisboa, as empresas precisam de deixar de encarar o risco apenas como uma vulnerabilidade e começar a vê-lo como uma oportunidade para ganhar vantagem competitiva.

“Num mundo cada vez mais digital e vulnerável a ameaças, nomeadamente de cibersegurança, a identificação e a capitalização de oportunidades potenciais decorrentes de riscos e disrupções é crucial para aumentar a resiliência das empresas. A antecipação estratégica destes riscos permite uma compreensão mais profunda das potenciais oportunidades, aumentando a capacidade da organização para tomar decisões estratégicas, adaptar-se a contextos disruptivos e agir de forma pioneira.”

Apesar de 71% dos líderes empresariais acreditarem que as suas organizações estão preparadas para gerir riscos estratégicos, mais de 53% das empresas enfrentou uma crise grave no último ano. Para que as empresas não sejam surpreendidas, mas sim antecipem desafios e criem valor a partir da disrupção, a BCG identifica três áreas prioritárias para reforçar a gestão de risco e a resiliência organizacional.

Empresas estão preparadas para enfrentar choques globais.
Na foto Pedro Pereira, Managing Director & Senior Partner da BCG em Lisboa.

1 | Mudar a mentalidade organizacional: do risco como ameaça ao risco como oportunidade

Grande parte das empresas ainda perceciona o risco exclusivamente como um fator negativo, sem reconhecer o seu potencial para impulsionar inovação e diferenciação competitiva.

Ao promover uma cultura organizacional que veja o risco como um equilíbrio entre proteção e oportunidade, as empresas podem criar estratégias proativas, em vez de apenas reativas. A adoção de modelos de análise preditiva e planos de contingência dinâmicos pode permitir às empresas responder com agilidade e até capitalizar as disrupções do mercado.

2 | Aproximar as funções de estratégia e risco para decisões mais ágeis e eficazes

Os processos de gestão de risco devem ser integrados no planeamento estratégico, garantindo que estas funções trabalham em conjunto para fortalecer a resiliência organizacional.

A criação de equipas transversais – que combinem especialistas em risco, estratégia e inovação – permite uma abordagem mais holística, aumentando a capacidade de prever ameaças e de agir antes da concorrência.

Além disso, as organizações que implementam mecanismos de deteção precoce de riscos conseguem não só reduzir potenciais danos, mas também posicionar-se como líderes em mercados altamente voláteis.

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3 | Reforçar a monitorização e preencher a lacuna de talentos em cibersegurança

O cibercrime é um dos maiores desafios da era digital e representa um risco crescente para as empresas. No entanto, há um défice global de 2,8 milhões de profissionais especializados em cibersegurança, deixando muitas empresas vulneráveis a ataques que poderiam ser evitados.

O estudo da BCG destaca que, se esta escassez de talento persistir, será responsável por mais de metade dos incidentes graves de cibersegurança nos próximos anos.

Para mitigar este risco, as empresas devem investir no mapeamento de competências em cibersegurança, garantindo que possuem equipas preparadas para lidar com as ameaças atuais e futuras.

A criação de programas de formação e aprendizagem contínua para os seus profissionais, também deve ser uma das prioridades, para evitar que as lacunas de competências se tornem um ponto fraco estrutural.

Por fim, apostar em tecnologias avançadas, como Inteligência Artificial e automação, para monitorizar potenciais ataques e detetar vulnerabilidades em tempo real.

Conclusão

A cibersegurança e a gestão de riscos estratégicos já não podem ser vistas apenas como um departamento técnico ou uma exigência regulatória – devem ser um eixo central da estratégia empresarial.

A antecipação do risco, em vez da mera reação a crises, permitirá às empresas fortalecerem a sua resiliência, garantirem uma vantagem competitiva e prosperarem num ambiente de constante disrupção.

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