Arrendamentos aceleram em Portugal, mas preços continuam a surpreender inquilinos

Em Lisboa, inquilinos esperam rendas 275€ abaixo do real, enquanto no Porto sobrestimam preços em 99€. Mercado segue tendência de arrendamentos rápidos.

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O mercado de arrendamento em Portugal continua a demonstrar um dinamismo sem precedentes, com 10% das casas disponíveis no quarto trimestre de 2024 a serem arrendadas em menos de 24 horas. Segundo dados da plataforma Idealista, esta elevada procura reflete-se, sobretudo, nos imóveis com rendas até 750 euros, onde 26% das casas desaparecem do mercado num único dia. No entanto, enquanto a velocidade dos arrendamentos se mantém elevada, os inquilinos continuam a subestimar os preços reais do mercado, conforme revela o Rent Gap Monitor da HousingAnywhere.

Funchal e Coimbra lideram rapidez dos arrendamentos

O Funchal destaca-se como a cidade com o mercado de arrendamento mais rápido, onde 43% das casas são arrendadas em menos de 24 horas. Coimbra e Aveiro seguem-se com 19%, enquanto cidades como Lisboa e Porto registam percentagens mais reduzidas, de 8% e 6%, respetivamente.

A procura por arrendamentos mais acessíveis é particularmente intensa. Em Faro, todas as casas disponíveis por menos de 750 euros/mês foram arrendadas em menos de um dia, um cenário semelhante ao do Funchal (50%) e Coimbra (43%). Já em Lisboa (40%) e Porto (38%), a pressão da procura mantém-se elevada, refletindo a escassez de oferta nesta faixa de preço.

Mesmo nos segmentos mais elevados, os arrendamentos expressos são frequentes. No intervalo entre 1.000 e 1.500 euros/mês, 33% dos imóveis no Funchal foram arrendados em menos de 24 horas, enquanto em Lisboa e Porto, essa percentagem foi de 10% e 5%, respetivamente.

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Inquilinos ajustam expectativas, mas continuam longe da realidade

Apesar da rapidez na absorção dos imóveis disponíveis, os inquilinos continuam a ajustar as suas expectativas em relação aos preços reais do mercado. Segundo o Rent Gap Monitor da HousingAnywhere, os inquilinos europeus aumentaram em 9,3% o valor máximo que estavam dispostos a pagar, um reflexo da adaptação às subidas dos preços.

No entanto, em Lisboa, a diferença entre o que os arrendatários esperavam pagar e os preços reais manteve-se significativa. Enquanto o preço médio do arrendamento na capital foi de 1.650 euros no último trimestre de 2024, os inquilinos estavam dispostos a pagar, em média, 1.375 euros, ou seja, menos 275 euros. Apesar da disparidade, esta diferença reduziu 31,3% face a 2023, indicando que os inquilinos estão mais conscientes da realidade do mercado.

No Porto, verificou-se um fenómeno inverso: os inquilinos sobrestimaram os preços do arrendamento. Enquanto o valor médio real das rendas foi de 1.100 euros, os arrendatários esperavam pagar 1.199 euros, ou seja, 99 euros a mais. Este comportamento distingue o Porto da maioria das cidades europeias, onde os inquilinos tendem a subestimar os preços.

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Tensão no mercado de arrendamento mantém-se elevada

A disparidade entre valores reais e expectáveis no mercado de arrendamento continua a ser um reflexo da pressão da procura sobre a oferta disponível. Segundo Djordy Seelmann, CEO da HousingAnywhere, a diferença média entre os valores esperados e os preços reais reduziu apenas de 273 euros para 233 euros ao longo de 2024, uma evolução modesta face à dimensão do problema.

Os dados indicam que o mercado português segue a tendência europeia, onde os preços das rendas continuam a crescer de forma sustentada, ultrapassando a capacidade de adaptação dos inquilinos. Cidades como Estugarda, na Alemanha, apresentam disparidades ainda mais acentuadas, com uma diferença de 790 euros entre os preços reais e o valor que os inquilinos esperavam pagar.

A solução para equilibrar o mercado, segundo os especialistas, passa pela expansão da oferta de habitação. Sem medidas concretas para mitigar a pressão da procura, a crise habitacional continuará a impulsionar preços elevados, afastando muitos inquilinos do mercado formal e dificultando o acesso a habitação acessível.

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