O setor bancário português está a atravessar uma fase de transformação profunda, marcada pela integração crescente de tecnologias digitais, pela pressão regulatória e pelo surgimento de novas entidades financeiras. Segundo o Guia Salarial 2025 da Adecco Recruitment, a procura por profissionais com perfis híbridos, que aliam competências financeiras a capacidades tecnológicas, está a crescer significativamente. Esta tendência é impulsionada pela automatização de processos, pela digitalização de serviços e pela necessidade de reforçar áreas críticas como o compliance, a gestão de risco e a proteção de dados.
A banca tradicional, pressionada pela concorrência das fintechs e por um ambiente regulatório cada vez mais exigente, está a reforçar o investimento em soluções digitais como CRM, cibersegurança e reporting regulatório. Neste contexto, ganham destaque os profissionais com visão analítica, fluência em software de gestão e experiência na interação com canais digitais, sendo valorizados não apenas pelo domínio técnico, mas também pela sua capacidade de antecipar riscos e alinhar tecnologia com objetivos de negócio.
Funções como Corporate Finance, Responsável de Risco e Responsável de Compliance encontram-se entre as mais bem remuneradas, com salários que podem atingir os 90.000 euros por ano em Lisboa. Também no segmento de Private Banking se registam valores competitivos, entre os 30.000 e os 70.000 euros anuais. Cargos como Analista de Risco, Auditor Interno ou Product Specialist apresentam uma amplitude salarial que varia consoante a senioridade e a localização, mas refletem igualmente a valorização de competências técnicas num setor em rápida evolução.
O estudo revela ainda uma tendência de convergência salarial entre Lisboa e Porto, impulsionada pela globalização dos centros de decisão e pela crescente presença de operações internacionais em ambas as cidades.
Para Bernardo Samuel, Diretor da Adecco Recruitment Portugal, a escassez de talento qualificado é uma realidade que exige das organizações uma abordagem mais estratégica ao recrutamento. A banca, afirma, não procura apenas especialistas técnicos, mas sim perfis com visão integrada, capazes de compreender o negócio e atuar em ambientes regulatórios exigentes.