A 20.ª edição do eGovernment Benchmark, realizada pela Capgemini em colaboração com a Comissão Europeia, revela que 84% dos serviços públicos na Europa estão disponíveis online. No entanto, menos de metade desses serviços (49%) estão acessíveis aos utilizadores transfronteiriços. Barreiras linguísticas e desafios na identificação eletrónica contribuem para essa disparidade.
O estudo eGovernment Benchmark, conduzido pela Capgemini em colaboração com a Comissão Europeia, revelou que 84% dos serviços públicos em toda a Europa já estão disponíveis online. Apesar deste progresso notável, a acessibilidade dos serviços cross-border para utilizadores de diferentes nações continua a ser um desafio significativo. O estudo anual avaliou mais de 15.000 sites da Administração Pública em toda a Europa.
Os resultados indicam que apenas 49% dos serviços avaliados estão disponíveis para utilizadores transfronteiriços, ficando aquém do número total de serviços públicos online disponíveis para os cidadãos nacionais. Isso ocorre devido a múltiplos desafios, incluindo barreiras linguísticas e a falta de opções de identificação eletrónica. Além disso, muitos websites da Administração Pública só estão disponíveis na língua nacional, e apenas 25% permitem a autenticação transfronteiriça através da identificação eletrónica. No entanto, em 2022, 46% dos serviços públicos destinados especificamente a utilizadores transfronteiriços já estavam disponíveis online, indicando que as instituições públicas estão a trabalhar para reduzir essa lacuna.
Para atingir os objetivos definidos no âmbito do projeto europeu Digital Decade para 2030, é necessário oferecer serviços a todos os utilizadores, independentemente do país de origem. “Temos vindo a avaliar o progresso dos serviços online da Administração Pública na Europa nos últimos 20 anos, testemunhando uma profunda transformação na disponibilidade e qualidade dos serviços digitais disponibilizados aos cidadãos”, afirmou Marc Reinhardt, Public Sector Global Industry leader da Capgemini. “Para oferecer uma experiência melhor aos cidadãos, será fundamental capacitar a transformação digital dos órgãos da Administração Pública local para que sejam eficientes e tirem partido dos dados e da IA nos serviços públicos que prestam.”
O estudo também destacou que Malta e a Estónia lideram na disponibilidade de serviços públicos digitais centrados no utilizador, transparência, tecnologia avançada e internacionalização. Alguns países, como Turquia, Grécia e Sérvia, registaram um crescimento notável na maturidade da digitalização da Administração Pública, em comparação com o ano anterior.
Serviços seguros e centrados no utilizador são essenciais para promover a adoção e acelerar a digitalização. No entanto, o estudo observou que menos de metade dos sites do setor público indicam os prazos necessários para a conclusão dos serviços solicitados. A compatibilidade com dispositivos móveis melhorou significativamente, com 94% dos websites a serem responsivos. No entanto, apenas 63% dos serviços online podem ser concluídos através de smartphones.
Niels van der Linden, Account Lead for the European Union Institutions da Capgemini Invent, enfatizou a importância da experiência do utilizador na digitalização dos serviços públicos. Ele destacou que a facilidade de utilização das comunicações móveis, a prestação de serviços sem fronteiras e o cumprimento das Web Content Accessibility Guidelines (WCAG 2.1) são fundamentais para atingir os ambiciosos objetivos do projeto Digital Decade.
O estudo inclui atualmente os 27 Estados-Membros da UE, bem como os países da EFTA – Islândia, Noruega e Suíça – e os países candidatos à adesão à UE, como Albânia, Montenegro, Macedónia do Norte, Sérvia e Turquia.