Através da exposição ‘Guetos Liminares’ patente na Bienal de Design do Porto, a CRA-Carlo Ratti Associati e o MIT Senseable City Lab procuram lançar uma nova luz sobre a questão da segregação social, no Porto e noutras cidades do mundo.
Analisando os dados de Big Data, disponibilizados pela Vodafone Portugal, os autores da exposição conseguiram perceber os movimentos das pessoas dentro dos limites urbanos, e criar uma interpretação alternativa à ideia centenária de gueto, iluminando as maneiras como a segregação funciona hoje.
A exposição insere-se na segunda edição da Porto Design Biennale 2021, um evento que decorre até 2 de julho em vários espaços na cidade do Porto e Matosinhos, e focado na reflexão dinâmica sobre a construção de um futuro “globalizado”, com o mote “Alter-Realidades: Desenhar o presente”.
Como parte integrante desta iniciativa a exposição, ‘Guetos Liminares’ utiliza os algoritmos desenvolvidos pelo MIT sobre dados geolocalizados, de natureza estritamente confidencial para, através do design, lançar um olhar sociológico sobre as cidades.
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Nos últimos anos, pesquisadores do Senseable City Lab do Massachusetts Institute of Technology começaram uma série de investigações para entender como a segregação funciona em diferentes lugares ao redor do mundo. Estudos semelhantes em Estocolmo e Singapura revelaram uma nova forma de gueto, onde a segregação se manifesta de maneiras cada vez mais sutis, criando guetos delimitados por linhas invisíveis.
“Em vez de sermos divididos por linhas divisórias claras e óbvias, nós nos dividimos de acordo com onde falamos, quando vamos e com quem falamos no decorrer do dia. A vida é confundida quando as experiências humanas, que podemos começar a quantificar com índices de segregação física e social, caem abaixo de um certo limite”, explicam os organizadores da exposição.
Para melhor compreender esses padrões de segregação social, os organizadores da exposição estudaram os tweets geolocalizados e os dados móveis anónimos – com o apoio da Vodafone Portugal – no Distrito do Porto, antes e durante a pandemia COVID-19, para mapear as atividades sociais e o panorama socioeconómico. Como resultado, a ‘Guetos Liminares’ retrata a as linhas invisíveis da segregação como uma forma de geografia social que muda com o tempo.
A iniciativa promovida pelos municípios dos Porto e Matosinhos e organizada pelo centro de investigação da esad-idea, conta com a parceria da Vodafone Portugal, Massachusetts Institute of Technology – MIT Senseable City Lab, Metro do Porto e a curadoria da Carlo Ratti Associati (CRA), para dar a conhecer, de forma mais detalhada e tecnicamente controlada, os padrões de segregação social antes e durante a pandemia da COVID-19 no distrito do Porto.
O objetivo da organização deste evento é demonstrar as fissuras sociais e profundas ao longo das demarcações de classe, uma vez que as comunidades em questão estão fisicamente próximas, mas segregadas na vida quotidiana.
A exposição pode ser acedida num espaço físico, na estação de metro Campo de 24 Agosto, no Porto, ou através de uma exposição virtual acessível online.