Crescimento dos centros de dados prejudica objetivos ambientais das tecnológicas, mas especialistas indicam que a inteligência artificial pode ser também uma solução eficaz para reduzir significativamente o desperdício energético.
A rápida expansão da inteligência artificial (IA) levanta preocupações ambientais relacionadas com o aumento exponencial do consumo energético dos centros de dados, essenciais para empresas tecnológicas como Google, Amazon e Microsoft. De acordo com um relatório recente da WTW, estes centros consomem atualmente cerca de 6% da eletricidade nos EUA, prevendo-se que este valor duplique até 2026, comprometendo as metas de sustentabilidade destas companhias.
No entanto, segundo Donatas Karčiauskas, CEO da Exergio, empresa especializada em ferramentas baseadas em IA para otimização energética, esta tecnologia pode não só contribuir para o aumento do consumo, mas também atuar precisamente na sua redução. Karčiauskas explica que já existem soluções baseadas em inteligência artificial que conseguem reduzir até 29% o consumo energético em edifícios, ao otimizar em tempo real sistemas como climatização, iluminação e ventilação.
O setor da construção é um dos principais consumidores de energia, responsável por cerca de 40% do uso energético global e 33% das emissões de gases com efeito de estufa. A adoção generalizada da IA permite que edifícios reduzam drasticamente as ineficiências energéticas através da previsão de padrões de ocupação e da adaptação automática das necessidades energéticas aos períodos reais de utilização.
Os benefícios da IA estendem-se também às redes inteligentes (“smart grids”) e cidades sustentáveis. De acordo com um estudo publicado no International Journal of Communications, Network and System Sciences, as redes inteligentes equipadas com IA conseguem reduzir perdas na transmissão de eletricidade em até 20%, prevendo variações no consumo e ajustando automaticamente os fluxos de energia.
Karčiauskas sublinha ainda que a integração da previsão meteorológica alimentada por IA nos sistemas de gestão de edifícios pode potenciar ainda mais poupanças. Um estudo da Nature refere que a aplicação em larga escala destas tecnologias, aliada a políticas energéticas adequadas e à geração de energia de baixo carbono, pode resultar numa redução de até 90% nas emissões.
Para alcançar resultados expressivos, será crucial escalar estas soluções através da automação avançada, incluindo robótica equipada com inteligência artificial. Neste sentido, a Exergio já está a explorar robôs humanoides baseados no sistema NVIDIA GR00T, projetados para identificar e resolver automaticamente falhas em equipamentos energéticos nos edifícios, otimizando ainda mais os processos e diminuindo a necessidade de intervenção humana.