Casos de fraude e corrupção aumentam em 2022

Fraude e corrupção em Portugal
Imagem de Mohamed Hassan do Pixabay

Empresários e gestores portugueses experienciaram eventos de fraude ou conduta imprópria nos últimos 2 anos na sua empresa. Segundo o último estudo da Deloitte sobre corrupção e fraude em Portugal, o desvio de fundos ou apropriação indevida de ativos (26%) é a principal tipologia de eventos ocorridos.

Os gestores e empresários portugueses revelaram ter experienciado eventos de fraude ou conduta imprópria nos últimos dois anos na sua empresa. De acordo com o estudo Corruption & Fraud Survey Portugal 2022 da Deloitte, 21% dos inquiridos no estudo revela ter identificado este tipo de ocorrências, afirmando que o desvio de fundos e apropriação indevida de ativos são as principais tipologias de eventos ocorridos (26%).

A lista prossegue com os crimes cibernéticos e fraudes tecnológicas (22%), deturpação de informações financeira (15%), fraudes em processos de procurement (9%), suborno e corrupção (9%) no topo da lista de principais tipologias de eventos ocorridos.

O Corruption & Fraud Survey Portugal 2022 é um estudo anual da Deloitte que procura aferir a perceção dos líderes organizacionais sobre os temas de corrupção e fraude nas empresas em Portugal, tipificando o entendimento e tendências do mercado empresarial nestas matérias. A edição deste ano teve o contributo de 190 empresários e gestores em Portugal, pertencentes a PME e grandes empresas de diversos setores de atividade.

O estudo revela que 53% dos inquiridos não conseguiu quantificar ou não tem dados para responder, quando questionados sobre a percentagem de receita total perdida pela sua empresa, no último ano, como resultado de eventos de fraude e corrupção.

Fraude e corrupção em Portugal
Imagem de Mohamed Hassan do Pixabay

A pesquisa demonstra, igualmente, que uma parte significativa das empresas inquiridas (44%) considera que o número de ocorrências de fraude no panorama empresarial aumentou em Portugal (com 33% dos inquiridos a considerar a existência de um aumento ligeiro e 11% de um aumento significativo).

O estudo identifica ainda que 33% dos inquiridos afirma não ter uma estrutura interna devidamente definida para a prevenção da corrupção e de infrações conexas (aspeto relevante considerando a entrada em vigor em junho de 2022 do Regime Geral da Prevenção da Corrupção), tendo igualmente revelado que as principais barreiras para uma correta avaliação do risco de corrupção são a existência de outras prioridades dos órgãos responsáveis em matérias de compliance (33% dos inquiridos) e a subvalorização pela Administração da necessidade de avaliação recorrente de risco de corrupção (27% dos inquiridos).

Ainda no contexto da regulamentação anticorrupção que entrou recentemente em vigor, o estudo apura que 31% dos inquiridos admite que o principal desafio para o funcionamento eficaz de um canal de whistleblowing prende-se com a relutância em denunciar devido ao medo de repercussões.

Das empresas inquiridas, a liderança pelo exemplo (25%) e procedimentos recorrentes de auditoria interna e externa em matérias de corrupção e infrações conexas (23%) são considerados como sendo os mecanismos em que a liderança da organização pode demonstrar ativamente o compromisso com uma abordagem de não tolerância à corrupção e infrações conexas.

 De acordo com Paulo Fernandes, Partner da Deloitte, “o combate à fraude e corrupção terá que ser sempre um esforço contínuo e, por isso, esperamos que o estudo seja benéfico para as organizações portuguesas e contribua para aprofundar o conhecimento sobre os riscos e os mecanismos de mitigação, prevenção e remediação de práticas de fraude e corrupção”.

Fraude e corrupção em Portugal
Imagem de Mohamed Hassan do Pixabay

Mercado das tecnologias para deteção de fraudes com potencial de crescimento

A utilização de tecnologia para a deteção de eventos de fraude ainda não está generalizada. 48% dos inquiridos afirma não dispor de qualquer ferramenta tecnológica para o efeito. Entre os que afirmam utilizar estas tecnologias, as ferramentas para background checks (25%) e de ferramentas de analytics especializadas para a deteção de fraude (19%) são as mais comuns.

Verifica-se ainda que apenas 8% deste grupo de inquiridos dispõe de ferramentas como machine learning direcionado para a deteção de padrões de fraude e 4% de procedimentos especializados em eDiscovery.

Os principais desafios associados à tecnologia em matérias de prevenção de fraude identificados pelos inquiridos são a necessidade de alteração e integração dos sistemas internos existentes (32%) e os desafios culturais e resistência às utilizações destas tecnologias (23%).

O estudo da Deloitte identifica, ainda, como principais riscos de corrupção e infrações conexas enfrentados pelas empresas inquiridas os conflitos de interesses não divulgados (36%), o recebimento indevido de vantagem e/ou ofertas (19%) e o abuso de poder (14%).

Em matérias de políticas de integridade, os inquiridos identificam a implementação/melhoria de avaliações de risco de corrupção (32%) como sendo a principal área de foco da sua empresa no futuro.

O Corruption & Fraud Survey Portugal 2022 foi realizado entre os dias 23 de junho e 13 de julho de 2022 junto de gestores e líderes organizacionais. O inquérito obteve um total de 190 respostas, que constituíram a base de análise para o estudo.

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