Catarina Costa: “há um gap entre o talento tecnológico e as necessidades das empresas”

Na foto Catarina Costa, responsável pelo campus da Ironhack em Lisboa

Estudo da Ironhack sobre “O estado do Sector Tecnológico em Portugal” aponta para crescimento do mercado de trabalho do setor, mas faltam profissionais especializados. Para a escola tecnológica, investir no talento local é absolutamente necessário para o sucesso do país na indústria tech.

A escola de formação tecnológica Ironhack acaba de lançar o relatório “O estado do Sector Tecnológico em Portugal“. A partir de dados objetivos e da experiência de diversas fontes relevantes, o estudo releva os principais desafios no mercado e quais serão as tendências para 2023.

Segundo o último estudo da Landing Jobs, é esperado que o mercado tecnológico em Portugal cresça 33% em 2023, sendo que nos últimos dois anos, o número de pessoas a trabalhar neste setor aumentou em mais de 40 mil pessoas. No entanto, de acordo com a Ironhack, há um gap entre o talento tecnológico e as necessidades das empresas, muito devido ao aumento dos salários internacionais e à dificuldade que existe em contratar profissionais vindos do estrangeiro.

Catarina Costa, responsável pelo campus da escola tecnológica em Lisboa, explica que “o desempenho de Portugal aumentou 6,4% nos últimos seis anos de acordo com o Painel Europeu da Inovação, mas ainda existe um grande fosso entre Portugal e outros países europeus. Há espaço para melhorias e vemos que o governo português está empenhado em promover estes avanços. No entanto, tendo em conta que a pandemia provocou um aumento do trabalho remoto e os números de vagas tecnológicas já se encontram acima de níveis pré-covid19, a necessidade de investir em talento local e em formá-lo com competências digitais é mais urgente do que nunca.”

Programadores encabeçam a lista de profissionais mais procurados no país e o cargo mais difícil de preencher é o de engenheiro de software, dado que a oferta de Portugal não satisfaz a procura. Neste sentido, de acordo com Catarina Costa, “conhecimentos em engenharia informática ou IT, um bom nível de inglês e boas capacidades de gestão de software deverão ser as competências prioritárias a promover, dado que são as mais solicitadas nos cargos mencionados”.

Foto de Ironhack

Profissões mais solicitadas

Considerando este contexto, a Ironhack identifica quais as principais tendências que irão marcar as áreas da tecnologia mais solicitadas no mercado:

Web Development

Posições de full-stack, back-end, e front-end constituem quase 50% das posições abertas na área de web development, seguidas por funções de liderança e gestão de projectos (25%). À medida que a Internet avança para a web3, os programadores irão desempenhar um papel crucial no desenvolvimento de tecnologias como a realidade virtual e aumentada e inteligência artificial. Além disso, terão de atualizar continuamente as suas competências para acompanharem as expectativas da indústria e a procura de talentos especializados, tais como programadores de software e engenheiros de apoio AR/VR. À medida que a IA e IoT se tornam cada vez mais importantes, também se espera que os salários nesta área cresçam.

Data Analytics

Podemos esperar aumentos salariais de até 23% para profissionais de análise de dados. A utilização de dados irá aumentar cada vez mais, o que significa que o gap de talento irá expandir-se à medida que mais funções nesta área se tornam disponíveis.

UX/UI Design

Já na área de UX/UI Design, os seus profissionais vão ver o seu papel evoluir e expandir-se, sendo que haverá uma maior necessidade de produtos e serviços mais bem desenhados e user-friendly. Iremos ver uma procura por candidatos mais especializados em áreas como User interface, interface gestual ou interface guiada por voz.

Cibersegurança

Enquanto a inteligência artificial pode ser vista como uma forma de apoiar os esforços de cibersegurança, deep fakes e reconhecimento de voz podem efetivamente ser ameaças à segurança online de uma empresa. Além disso, os ataques são cada vez mais elaborados e difíceis de detetar. Neste sentido, para lidar com as ameaças já existentes e prevenir que novas ocorram, Portugal verá um aumento das funções em cibersegurança e mais esforços em formar talento nesta área.

Foto de Ironhack

Que caminho para Portugal se tornar num líder tecnológico?

A responsável da Ironhack propõe alguns passos essenciais: “Com novas formas de recrutamento e retenção de colaboradores criadas desde a pandemia da COVID-19, Portugal pode tornar-se num ator competitivo no sector tecnológico nos próximos anos. É, contudo, essencial que mantenhamos o foco na atração de talento e que apostemos na formação de profissionais, assegurando que a população está a receber a educação digital necessária”, explica Catarina Costa.

“Uma solução que tem vindo a ganhar popularidade nos últimos anos é a aprendizagem no estilo bootcamp: cursos intensivos que duram alguns meses. Embora possa parecer mais simples para os estudantes ingressarem numa universidade de quatro anos, os bootcamps focam-se nas competências mais importantes e procuram preparar os alunos para as necessidades específicas das empresas. Neste sentido, a Ironhack existe precisamente para colmatar este gap existente no mercado de trabalho. Trabalhamos para oferecer às empresas a próxima geração de profissionais tecnológicos”; conclui.

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