Está a decorrer, em Coimbra, um curso pioneiro de cinema organizado pelo CEARTE. O objetivo é que os formandos possam experienciar todos os papéis que são implicados no processo de fazer um filme e perceberam com o qual se identificam mais.
Devido à falta de formação prática em cinema na zona centro, o CEARTE – Centro de Formação Profissional para o Artesanato e Património – lançou um curso de cinema de 275 horas que teve lugar na sua sede, em Coimbra, e que contou com a participação de 14 formandos. A formação contempla uma componente teórica, onde se pretende estudar a História do cinema e como tem evoluído o processo de produzir um filme até aos dias de hoje, mas também prática, onde os formandos poderão fazer o seu próprio filme.
O formador responsável por esta iniciativa é o realizador Tiago Cravidão com o apoio do Designer Multimeios, dos Caminhos do Cinema Português, Tiago Santos que, em conjunto, procuraram apresentar uma formação onde fosse possível aprender o que é o cinema e como fazer um filme assente numa nova filosofia e através do processo artesanal.
O sistema de aprendizagem do curso segue um modelo pioneiro nesta área. Primeiramente, os formandos tiveram uma contextualização histórica, onde aprenderam o processo evolutivo de montagem de filmes desde o início da História do cinema e qual a nova abordagem que devem seguir. Posteriormente, os formandos tiveram a oportunidade de percorrer os diversos cargos que fazem parte do processo de produção de um filme, desde realizador, argumentista, editor de vídeo e técnico de luzes e som, uma metodologia inovadora face aos cursos de cinema já existentes em Portugal.
O formador Tiago Cravidão, ao refletir sobre o desenvolvimento da formação, coloca algumas questões que dão o pontapé de saída para esta nova abordagem. «O que é o cinema? Quem pode fazer cinema? Às vezes seria interessante esquecer a ideia de que o realizador é a “estrela” do filme».
Tiago Cravidão refere também que “O cinema pode ser uma forma de construir uma comunidade, uma vez que pressupõe que um grupo de pessoas se coordene e que desenvolva uma certa cumplicidade, deixando o individualismo para trabalhar numa equipa em que irão depender uns dos outros. O cinema pode ser uma ética de trabalho, uma filosofia prática” defende.
Carlos Gomes, Vítor Fernandes e Inês Lacerda, formandos que frequentam o curso, afirmam que os maiores desafios se prendem com a competitividade do mercado em Portugal, onde é difícil conseguir emprego apesar do investimento que têm feito em formação. No que diz respeito ao feedback do curso, apontam como principais vantagens a capacidade de lidar com o imprevisto e o facto de cada formando poder experimentar várias funções, o que os ajudará a direcionar-se para uma determinada área no futuro. Ressaltaram ainda a importância do CEARTE na organização da formação, como forma de descentralizar o cinema em Portugal das grandes áreas metropolitanas.
Luís Rocha, Diretor do CEARTE, afirma que o Centro pretende continuar a proporcionar formação de qualidade e que permita os formandos aprenderem com base no “saber-fazer”, adquirindo simultaneamente componentes teóricas e práticas. Apesar de ainda não haver data para a próxima edição da formação em cinema, o CEARTE confirma que quer continuar a ter um papel ativo nesta área e que o feedback de todos os envolvidos tem sido muito positivo