Uma clara maioria dos inquiridos no estudo da IBM deste ano apontaram para um executivo não técnico como o principal defensor da ética na IA. Este resultado revela uma significativa mudança na perceção desta responsabilidade quando comparando com o mesmo estudo em 2018. Ainda assim, embora 79% dos CEOs inquiridos digam estar preparados para implementar práticas de ética na IA, menos de um quarto das organizações estudadas atuaram nessa área.
O estudo do IBM Institute for Business Value (IBV) revelou uma mudança radical nos responsáveis que lideram e defendem a ética na Inteligência Artificial (IA) nas organizações. Quando questionados sobre qual a função que é primordialmente responsável pela ética na IA, 80% dos inquiridos apontaram um executivo não técnico – como o CEO – como o principal defensor da ética na IA, uma posição que revela uma subida acentuada face aos 15% registados em 2018.
O estudo indica ainda que, apesar do forte impulso rumo a uma IA de confiança, incluindo a obtenção de um melhor desempenho em comparação com os pares em sustentabilidade, responsabilidade social e diversidade e inclusão, continua a existir um fosso entre a intenção dos líderes e ações significativas a esse respeito.
Além dos CEOs também os membros do Conselho de Administração (58%) e os acionistas (53%) são agora vistos pelos inquiridos como os que têm mais responsabilidade pela ética na IA dentro das organizações. Valores bem acima dos responsáveis técnicos como Consultores Jurídicos (10%), Responsáveis de Privacidade (8%) e de Risk & Compliance (6%).
A construção de IA de confiança é percecionada como um diferenciador estratégico e as organizações estão a começar a implementar mecanismos de ética na IA. Mais de três quartos dos líderes empresariais inquiridos este ano concordam que a ética na IA é importante para as suas organizações, acima dos cerca de 50% do estudo em 2018.
Ao mesmo tempo, 75% dos entrevistados acreditam que a ética é uma fonte de diferenciação competitiva, e mais de 67% dos inquiridos que consideram importantes a IA e a ética na IA indicam que as suas organizações superam os seus pares em termos de desempenho em sustentabilidade, responsabilidade social, e diversidade e inclusão.
Muitas empresas começaram a fazer avanços neste sentido. De facto, mais de metade dos inquiridos dizem que as suas organizações tomaram medidas para incorporar a ética na IA na sua atual abordagem à ética empresarial e 45% dos inquiridos dizem que as suas organizações criaram mecanismos de ética específicos para a IA, como ferramentas/abordagens de avaliação de risco dos projetos de IA e processos de auditoria e revisão.
No entanto, menos de um quarto dos responsáveis inquiridos admitem que as suas organizações operacionalizaram a ética na IA, e menos de 20% dos inquiridos concordaram significativamente que as práticas e ações da sua organização correspondem (ou excedem) os princípios e valores que foram declarados.
“Como muitas empresas hoje em dia usam algoritmos de IA em todo o seu negócio, potencialmente enfrentam crescentes exigências internas e externas para conceberem estes algoritmos de forma a serem justos, seguros e confiáveis; no entanto, tem havido pequenos progressos em toda a indústria na incorporação da ética nas suas práticas de IA”, disse Jesus Mantas, Global Managing Partner do IBM Consulting.
“Os resultados do nosso estudo do IBV demonstram que a construção de uma IA de confiança é um imperativo de negócio e uma expetativa social, e não apenas uma questão de conformidade. Como tal, as empresas podem implementar um modelo de governação e incorporar princípios éticos ao longo de todo o ciclo de vida da IA.”
A ética na IA requer uma abordagem holística para incentivar, gerir e governar soluções de IA em todo o ciclo de vida da IA, desde a definição da cultura certa para promover a IA de forma responsável, até às práticas, políticas e produtos. O momento para as empresas agirem é agora, considera o responsável da IBM Consulting. Ter uma ampla estratégia de ética na IA integrada em todas as unidades de negócio pode ser uma vantagem competitiva.
O estudo “AI ethics in action: An enterprise guide to progressing trustworthy AI”, foi realizado pelo IBM Institute for Business Value (IBV) e entrevistou 1.200 executivos em 22 países de 22 indústrias para perceber qual a posição dos executivos quanto à importância da ética na IA e na forma como as organizações a estão a operacionalizar. O estudo foi realizado em cooperação com a Oxford Economics em 2021.