A China (-€251 mil milhões), os Estados Unidos da América (-€224 mil milhões) e a Alemanha (-€218 mil milhões) estão no topo da lista dos países mais afetados pelo abrandamento do comércio mundial em 2020. De acordo com a Euler Hermes, acionista da COSEC – Companhia de Seguro de Créditos, estas economias vão perder, em conjunto, cerca de €693 mil milhões em exportações este ano.
O estudo “Global Trade Recession confirmed, watch out for the double-whammy blow due to protectionism”, recentemente lançado pelo grupo líder mundial em seguro de créditos, analisa ainda o impacto da desaceleração das trocas comerciais noutros países comerciais de Portugal. Estima-se que o cenário de abrandamento do comércio mundial impacte as exportações de Espanha e de França em -€89 mil milhões cada, as do Reino Unido em -€152 mil milhões e as de Itália em -€92 mil milhões.
De acordo com esta análise, no primeiro trimestre de 2020 assistiu-se à maior quebra do comércio global desde 2009 – uma contração de -4,3% em relação ao mesmo período de 2019. A tendência, estimam os economistas, deverá agravar-se no segundo trimestre do ano: só em abril a quebra deverá ser de -13% em relação ao período homólogo de 2019.
Por outro lado, a China começa a dar sinais de retoma. Em março – enquanto a Europa generalizava medidas de confinamento e Pequim as levantava – as exportações da China recuperaram 12,4% em relação a fevereiro e +2,3% face ao mesmo período do ano anterior. Nesse mês, as exportações da Zona Euro recuaram -10% em comparação com o mesmo período de 2019. A expectativa dos economistas é de que a situação se agrave no segundo trimestre do ano, dado que cerca de metade do PIB mundial esteve parado para conter a pandemia de Covid-19.
Em relação aos setores que correrem o risco de elevadas perdas de exportação, destacam-se o energético (-€668 mil milhões), seguido dos metais (-€383 mil milhões) e dos serviços de transporte ligados aos fabricantes de automóveis (-€246 mil milhões). Apesar de os fornecedores de máquinas e equipamentos, têxteis e automóveis perderem menos em valor absoluto, os economistas estimam que o valor das suas exportações cairá mais de 15%.
Os únicos setores de atividade que não serão atingidos são os setores de software e serviços informáticos (+€46 mil milhões) e de produtos farmacêuticos (+€24 mil milhões).
os setores de software, serviços informáticos e de produtos farmacêuticos serão os menos atingidos.
Preços acompanham quebra no comércio global
Este estudo mostra ainda que os valores globais do comércio de mercadorias registaram uma forte quebra em março (-3,6% em relação a fevereiro), o que empurrou o valor global do primeiro trimestre para uma quebra de -6,2%.
De acordo com os analistas, esta contração foi resultado do impacto da descida do preço do petróleo e da queda global dos preços das commodities, à medida a que, primeiro na China e depois na Europa, a procura estagnava e o dólar se valorizava significativamente. Os economistas antecipam que, para os exportadores, esta situação deverá agravar o choque da procura e pesar sobre as receitas.
O estudo considera ainda que, até ao final do ano, o comércio global de bens e serviços não vai ultrapassar 90% do seu nível pré-crise, sobretudo devido à diminuição acentuada dos serviços de viagens e de transporte, que também terá uma recuperação mais lenta.
Os riscos do protecionismo
Os autores do estudo alertam para fatores que podem atrasar a retoma da atividade no segundo semestre deste ano, como a adoção de medidas protecionistas sobre produtos médicos, o ressurgimento da retórica do patriotismo económico e a reorientação de posições políticas. Os economistas afirmam que a história económica pode dar aos Estados uma ideia do que não deve ser feito: a Grande Depressão dos anos 30 do século XX foi provavelmente agravada pela adoção de medidas comerciais restritivas.
A Euler Hermes é a líder mundial em seguro de créditos e conta com a maior rede internacional de analistas de risco.