Estudo nacional revela que mais de 6% dos menores entre os 11 e os 18 anos já foram vítimas de ciberbullying. Especialistas recomendam adiar o uso de telemóveis até aos 16 anos para prevenir comportamentos de risco online.
O ciberbullying continua a ser uma preocupação crescente nas escolas portuguesas. De acordo com um estudo promovido pelo Grupo de Trabalho de Combate ao Bullying em Escolas, 6,1% dos jovens com menos de 18 anos afirmaram já ter sido alvo de ataques digitais. A faixa etária mais afetada situa-se acima dos 15 anos, quer no papel de vítimas, quer como agressores. Já entre os 13 e os 15 anos, há maior incidência de jovens que assumem ter presenciado este tipo de comportamentos.
Apesar de os dados colocarem Portugal abaixo da média da OCDE, onde o ciberbullying atinge 7% dos jovens, o fenómeno suscita preocupação junto de pais, educadores e autoridades. A recente recomendação das Nações Unidas para limitar o uso de telemóveis em contexto escolar reforçou a urgência do debate.
Para Jorge Álvarez, CEO da SaveFamily, uma das soluções passa por adiar o acesso aos telemóveis até aos 16 anos. “Mais do que punir, é necessário sensibilizar para um uso equilibrado e responsável da tecnologia”, defende. A SaveFamily, empresa dedicada à tecnologia segura para crianças, tem apostado no desenvolvimento de equipamentos com ferramentas de controlo parental e modos de concentração adaptados ao contexto escolar.

Além de adiar o primeiro contacto com os smartphones, os especialistas defendem que é essencial promover a literacia digital entre os mais novos. Isto implica ensinar os jovens a identificar conteúdos impróprios, violentos ou discriminatórios e a compreender o impacto das suas ações no ambiente digital. A responsabilização pelo que se publica online, seja sobre si ou sobre os outros, é um passo fundamental para prevenir situações de violência psicológica e exclusão.
O uso precoce e desregulado dos dispositivos móveis tem-se tornado comum — com crianças de apenas quatro anos a utilizarem telemóveis com frequência —, o que, segundo os especialistas, potencia comportamentos de risco e dificulta a regulação emocional e social.
A resposta ao ciberbullying passa, assim, por um equilíbrio entre educação, responsabilidade e tecnologia adaptada. Proibir sem explicação não é suficiente: é fundamental envolver os jovens num diálogo contínuo sobre os perigos e as responsabilidades associados à vida digital.