Cinco tendências da indústria FoodTech para os próximos anos

tendências da indústria FoodTech
Foto de Eaters Collective no Unsplash

Relatório do Venture Capital Club da Universidade Católica com a mentoria da Bynd VC prevê as principais linhas de atuação e análise dos mercados ibérico, europeu e global.

A mudança dos hábitos alimentares para regimes mais sustentáveis, a introdução de tecnologia na confeção e uma cadeia de abastecimento cada vez mais local são algumas das tendências traçadas para a indústria FoodTech, no que se refere às soluções tecnológicas aplicadas à indústria agroalimentar, segundo o estudo orientado pela Bynd Venture Capital, sociedade gestora de capital de risco, e desenvolvido pelo Venture Capital Club da Universidade Católica Portuguesa.

O setor de Foodtech tem vindo a crescer de forma significativa nos últimos anos, sendo que as perspetivas apontam que irá alcançar os 250 mil milhões de dólares, até 2022, e os 340 mil milhões de dólares, até 2027. As empresas e projetos envolvidos utilizam tecnologias, como a Internet das Coisas (IoT), Big Data e Inteligência Artificial, para tornar a indústria alimentar mais moderna, sustentável e eficiente em todas as suas fases, desde a produção dos alimentos até à distribuição e consumo.

O relatório destaca a sustentabilidade e a dificuldade em beneficiar da inovação tecnológica, como alguns dos principais desafios da indústria agroalimentar, e é, neste sentido, que surge a oportunidade para a FoodTech.

Neste artigo, a Bynd Venture Capital e o Venture Capital Club da Universidade Católica Portuguesa apresentam algumas das tendências que irão marcar os próximos anos, que podem ser agregadas em cinco áreas principais:

Ilustração do relatório VCC/Bynd VC

Produção e distribuição

Muitos são os serviços e tecnologias que visam otimizar a primeira fase da cadeia de valor da indústria agroalimentar, tornando-a mais eficiente e sustentável. Neste contexto, as aplicações para a agricultura inteligente, que permitem a monitorização das condições climáticas, a automatização das estufas, a gestão das culturas, a monitorização e gestão do gado, a agricultura de precisão, entre outras, estão a reformatar a indústria.

Além da gestão agrícola, importa também mencionar que as mudanças nos padrões de consumo estão a alterar o panorama. Nos próximos anos, o principal objetivo desta indústria será tornar a produção de larga escala neutra em carbono, recorrendo a soluções como a agricultura vertical, que reduz em 98% a área de solo necessário à produção, e, consequentemente, as emissões de carbono e a produção de resíduos. 

Neste âmbito, numa escala global, destacam-se as empresas norte-americana Bowery e a alemã Infarm.

Foto de Megan Thomas no Unsplash

A alimentação do futuro

A crescente procura por novos regimes alimentares cria novas oportunidades e desafios ao setor. No âmbito da transformação dos alimentos, destaca-se o recurso a métodos de bioprocessamento para produzir nutrientes, bem como a melhoria química para apoiar os agricultores e a biodiversidade.

Neste sentido, as empresas do setor alimentar devem alavancar tecnologias como a automação e a robótica para melhor compreender estes ingredientes e o seu impacto na saúde humana. Exemplos disto são a Chef e a Apeel.

Do lado da procura, estima-se que o mercado das alternativas de proteína vegetal cresça 28% anualmente, ultrapassando os 70 mil milhões de euros em 2030, e que se registe uma maior procura por algas marinhas, microalgas, cogumelos e bebidas alternativas pela proliferação da ideologia “alimentos como medicamentos”.

A Oatly, Beyond Meat, ou a Nova Meat são algumas das empresas que têm desenvolvido esta área.

Utilização de tecnologia na confeção

A par de melhorias tecnológicas, novos equipamentos de cozinha inteligentes e dispositivos que ajudam os restaurantes a gerir melhor os seus negócios estão continuamente a emergir.

Alguns dos exemplos mais proeminentes incluem assistentes de voz, chefes robot e sistemas de encomendas automáticas. Adicionalmente, aplicações e serviços que ajudam os restaurantes a reduzir o seu impacto climático e a comunicá-lo podem aumentar a perceção de transparência no setor, especialmente se essa informação estiver disponível nos rótulos dos alimentos.

Na Península Ibérica, as startups mais relevantes para a inovação neste sentido são a Wetechfood, a delectatech, e a Ordatic.

Foto de Eduardo Soares no Unsplash

Uma cadeia de abastecimento cada vez mais curta

A cadeia de abastecimento tem, também, sofrido alterações conforme se vão alterando as necessidades do consumidor. A crescente procura pela entrega de refeições prontas, muito impulsionada pela falta de tempo para cozinhar no ritmo da sociedade de hoje, tem potenciado a criação de startups que oferecem uma solução completa, da preparação à entrega, diretamente aos seus clientes.

Neste âmbito, as soluções da HelloFresh, Gusto e das ibéricas prodto.com e foodStories são as mais proeminentes.

Por outro lado, apesar do decréscimo no financiamento, espera-se que o take-away continue a marcar a indústria da restauração e que a entrega de artigos de mercearia a pedido continue a captar as atenções daqueles que procuram mais conveniência.

Neste segmento, as startups como a as europeias Picnic, Glovo, Delivery Hero e Gorillas são as que têm demonstrado maior relevância.

Foto de Dan Burton no Unsplash

Segurança alimentar

Com os consumidores cada vez mais conscientes do seu consumo, a digitalização das cadeias de abastecimento e, por conseguinte, a possibilidade de rastreabilidade dos produtos ajudam-nos a conhecer a origem dos produtos que consumem.

Neste sentido, e muito por consequência da pandemia, o futuro será a geração de dados desde a produção até ao prato. Espera-se que, além da segurança alimentar e dos métodos de produção, seja cada vez mais necessária a disponibilização de informação clara e transparente sobre a qualidade dos alimentos, incluindo aroma, sabor e benefícios nutricionais.

Por fim, no futuro, as exigências ditarão o cumprimento de regulamentos mais rigorosos no que diz respeito, por exemplo, ao bem-estar animal, à sustentabilidade e ao contributo para a saúde.

As startups qZenseLabs, Trax, Trazable, nutrasign e Oscillum são exemplos neste campo.

Segundo Tomás Penaguião, da Bynd Venture Capital, “A Bynd VC procura acompanhar tendências do ecossistema e contribuir para este tipo de análises que nos ajudam a compreender e a avaliar o panorama global de investimento em diferentes setores. Enquanto investidores nas áreas de saúde e sustentabilidade, é muito relevante para nós percebermos que o mercado ibérico apresenta um potencial enorme de crescimento na área da FoodTech”.

Já Markus Duczek, do Venture Capital Club da Universidade Católica, sublinha que: “A indústria alimentar atravessou uma crise desafiante que obrigou ao encerramento dos negócios por meses a fio. Agora que a indústria da restauração está finalmente a começar a erguer-se das cinzas, as soluções tecnológicas, desde a exploração agrícola até à mesa, estão a moldar o setor”.

Este é o segundo relatório realizado pelas duas entidades. Em maio, foi publicado um relatório sobre as tendências na indústria FinTech, que se refere às soluções tecnológicas aplicadas ao setor financeiro.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor escreva o seu comentário!
Por favor coloque o seu nome aqui

13 + 16 =