23% dos funcionários são vítimas de alguma espécie de bullying no local de trabalho. Este comportamento continua a ser uma questão pertinente mesmo entre as empresas que se aderiram ao trabalho remoto.
Sobrecarregar os colegas com trabalho, minar as opiniões dos outros, excluir membros da equipa da comunicação virtual ou projetar um comportamento hostil num ambiente cibernético são alguns dos sinais de alerta para equipas em teletrabalho e uma das principais causas de demissão nas empresas de todo o mundo.
Um em cada cinco funcionários em todo o mundo admite ter sofrido bullying no local de trabalho – um comportamento que vai muito além das paredes do escritório e atinge o domínio do trabalho remoto. O que é ainda pior: o assédio moral no local de trabalho tem aumentado desde a pandemia – na verdade, há um aumento de 13%, em comparação com os números pré-pandémicos.
Nos Estados Unidos, onde esta situação tem sido acompanhada ao longo dos anos, o bullying responde atualmente por 23% das demissões, ampliando ainda mais a lacuna de qualificação no mercado de trabalho. Então, como minimizá-lo em um ambiente de trabalho remoto?
Diana Blažaitienė, especialista em trabalho remoto e fundadora da Soprana Personnel International, uma agência de soluções de recrutamento e trabalho temporário, explica que “em contraste com o bullying no local de trabalho em tempo real, que pode manifestar-se em padrões mais reconhecíveis, como a afirmação de poder, técnicas de intimidação, intromissão na privacidade dos colegas, fazer comentários ofensivos ou menosprezar as opiniões dos outros, para citar alguns, o bullying remoto pode ser uma questão mais delicada”.
Para Diana Blažaitienė, “Um dos aspetos cruciais do bullying remoto é que todos na equipa podem ser agressores online, não se limitando a colegas de alto escalão. É por isso que as organizações devem criar processos que ajudem todos na equipa – tanto o potencial agressor quanto a vítima – a identificar certos comportamentos tóxicos no ambiente profissional”.
Evitando comportamentos de bullying remoto
A especialista lista certos sinais de alerta que indicam bullying remoto, designadamente exclusão de conversas ou atividades virtuais, aumento constante da carga de trabalho e criação de um ambiente cibernético hostil por meio de emails e plataformas de trabalho remoto.
“Os sinais de bullying remoto nem sempre são claros e podem piorar gradualmente até o ponto em que um trabalhador remoto sente que a sua motivação e eficiência no trabalho são significativamente prejudicadas. Estabelecer limites é um dos momentos mais essenciais para interromper comportamentos de bullying remotos”, acrescentou Diana Blažaitienė.
Para os empregadores, ela sugere estabelecer políticas claras sobre práticas e expectativas de trabalho remoto para os funcionários, a fim de evitar comportamentos injustificados. A promoção de conversas honestas e abertas dentro das equipas remotas e a implementação de check-ins virtuais regulares também permitem que a equipa cultive a confiança no empregador.
“Incentivar a equipa remota a denunciar quaisquer casos de bullying virtual é fundamental”
Diana Blažaitienė
Incentivar a equipa remota a denunciar quaisquer casos de bullying virtual e procurar juntos a melhor forma de responder a esses casos é fundamental para garantir ao funcionário que o empregador o protege.
“Além de medidas mais rígidas, como a criação de diretrizes e procedimentos anti-bullying, os líderes de equipa podem adotar abordagens mais interpessoais, como atividades de construção de grupos de trabalho que levem a uma conexão e compreensão mais profundas entre os membros remotos da equipa”, afirmou a especialista em trabalho remoto.
Também os trabalhadores remotos devem analisar o seu comportamento no local de trabalho, para criar um ambiente livre de bullying. Neste âmbito, Diana Blažaitienė sugere que devem sempre mostrar uma conduta profissional para com os outros colegas, comunicando e delegando tarefas com respeito, abstendo-se de mexericos ou espalhar boatos. Por outro lado, devem procurar participar de todas as reuniões, trocando informações e recursos com todos os membros da equipa e usando oportunidades de desenvolvimento e crescimento profissional para minimizar as explosões de bullying remoto.