Comércio global de minerais pode sofrer rutura de 30% devido a tensões geopolíticas

Foto de Juan Roballo em Freepik

A crescente instabilidade geopolítica poderá interromper até 30% do comércio mundial de minerais essenciais na próxima década. O alerta é avançado pelo mais recente estudo da Boston Consulting Group (BCG), que antecipa uma subida exponencial da procura por minerais críticos como lítio, cobalto, níquel, grafite e terras raras, cujo valor de mercado pode atingir os 750 mil milhões de dólares até 2035.

A pressão sobre as cadeias de abastecimento é agravada pelo facto de 20% do fornecimento necessário até 2035 ainda não estar identificado. Além disso, o tempo médio de desenvolvimento de novos projetos mineiros é de 16 anos, o que compromete a resposta à crescente procura e desincentiva o investimento.

De acordo com a BCG, o contexto atual é marcado por restrições à exportação, medidas protecionistas e dependência de poucos países para o processamento de minerais — sendo a China responsável por 60% dessa atividade. Esta concentração aumenta o risco de fragmentação das cadeias globais de fornecimento e ameaça os objetivos da transição energética e da digitalização industrial.

Foto de BCG

A resposta poderá passar pela criação de hubs minerais regionais, capazes de garantir maior resiliência, eficiência e estabilidade no acesso a matérias-primas. Países como Indonésia, Marrocos e Arábia Saudita já estão a investir em infraestruturas que permitam o processamento local de minerais e a sua integração em cadeias de valor globais. Estes polos promovem acordos de longo prazo, centralizam capacidades logísticas e tecnológicas, e beneficiam de políticas públicas favoráveis à inovação e à sustentabilidade.

Carlos Elavai, Managing Director da BCG em Lisboa, reforça que “a criação de hubs regionais permite mitigar riscos e fomentar a competitividade. Portugal, com os seus recursos de lítio e potencial em energia renovável, pode posicionar-se como um polo estratégico para a Europa, se forem simplificados os processos de licenciamento e instaladas refinarias que valorizem os recursos nacionais”.

A BCG identifica sete pilares para o sucesso dos polos minerais, incluindo acordos estratégicos, acesso a energia e mercados, capacidade de processamento, capital acessível e apoio governamental. A cooperação entre Estados, empresas e investidores será determinante para garantir um fornecimento estável e justo destes recursos fundamentais para o futuro da economia mundial.

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