O consórcio luso-americano, liderado pela dstelecom, anunciou a conclusão da instalação do 2º protótipo de um cabo submarino inteligente nas proximidades do porto de Sesimbra, em mar aberto, com profundidades que chegam a superar os 100 metros. Este projeto faz parte do “Knowledge and Data from the Deep to the Space” (K2D), que visa capturar dados em tempo real para expandir o conhecimento sobre os oceanos.
O cabo submarino inteligente tem 2 km de comprimento e é equipado com sensores que podem monitorizar sismos, tsunamis, fauna marítima, poluição, circulação de embarcações, submergíveis e temperatura da água. Esses dados serão utilizados para criar modelos de análise baseados em geoinformática e inteligência artificial, ampliando a monitorização dos oceanos.
A escolha da localização em Sesimbra deve-se ao facto de integrar a Zona Livre Tecnológica Infante D. Henrique, destinada à experimentação de tecnologia marítima. A investigação e o desenvolvimento dos sensores do cabo foram realizados pelo INESC TEC, pelo Centro de Investigação Tecnológica do Algarve (CINTAL) e pela Universidade do Minho.
Este projeto, financiado em 1,4 milhões de euros, é uma iniciativa bandeira do programa MIT Portugal e foi desenvolvido em colaboração com instituições de investigação norte-americanas. O objetivo é criar um sistema de monitorização global e disruptivo para os oceanos, com a capacidade de lidar com diferentes profundidades, desde os fundos profundos até à superfície.
Embora a atmosfera e as superfícies dos oceanos sejam amplamente monitorizadas através de deteção remota com base em satélites e aviões, as profundezas dos oceanos continuam inexploradas devido à exposição ambiental hostil. Os sensores acústicos do cabo são capazes de detetar a passagem de embarcações, submarinos e cetáceos.
O cabo submarino possui três repetidores de sinais que podem acomodar qualquer equipamento de medição, incluindo sensores de temperatura, pressão, pH, turbidez, hidrofones e acelerómetros. Os dados recolhidos podem ser processados e acedidos em tempo real.
Os próximos passos incluem a operação contínua do equipamento em colaboração com a Marinha Portuguesa e a criação de um modelo de “digital twin” para replicar os dados ambientais do Oceano Atlântico e os efeitos da ação humana.
A dstelecom, que liderou este projeto, tem como objetivo criar o smartcable como um produto diferenciador e de valor acrescentado, com potencial para disseminação global. “A nossa estratégia passa por aumentar o valor acrescentado dos cabos submarinos, convertendo-os não só em autoestradas de dados, mas também acrescentar a capacidade de monitorização, associando uma camada de sensorização a estes elementos que estão alojados no fundo do oceano. Isto vai permitir-nos apresentar uma solução única a este mercado e que esperamos uma disseminação global”, afirmou Sérgio Fernandes, CTO da dstelecom.