Os empresários de diferentes áreas de atividade temem por perdas acentuadas nas receitas e alertam para o atraso e a pouca clareza na implementação das novas medidas restritivas anunciadas pelo governo neste novo confinamento, cujo objetivo é travar o contágio acelerado provocado pela terceira onda do novo coronavírus em Portugal.
Num inquérito da agência de comunicação pressmedia, entre os dias 26 e 28 de janeiro, junto de empresas do seu portfólio, a Empark, líder ibérico e um dos maiores players europeus na gestão de parques de estacionamento, revelou que as perdas das receitas, com o novo confinamento, podem mesmo chegar a 90% em alguns dos seus parques de estacionamento no país.
“No que diz respeito às limitações de circulação, as medidas são desastrosas e prevemos uma quebra acentuada de movimento nos parques de estacionamento e quebras de receitas”, relata Paulo Nabais, Diretor Geral da Empark Portugal.
Já no caso da Fixando, líder nacional para contratação online de serviços de profissionais em 1200 categorias distintas, a constante mudança das medidas estabelecidas pelo governo desperta dúvidas, e causa incerteza.
“A instabilidade, e a falta de clareza na comunicação das medidas leva a uma sensação de incerteza por parte dos profissionais e dos clientes o que, consequentemente, abranda o mercado. Consumidores e profissionais, muitas vezes, apresentam dificuldades em compreender quais as restrições em vigor e de que forma impactam os seus negócios”, explica o CEO Miguel Mascarenhas.
Mas se 2020 foi marcado pela adaptação dos negócios das empresas para se manterem ativas, 2021 já não surpreende tanto, pois as medidas impostas pelo novo confinamento não alteraram o formato com que a maioria das empresas encerrou o ano: com teletrabalho e atendimento online.
“Serviços de personal trainers, e outros ligados a aulas, os profissionais e os clientes já estão habituados a negociar à distância, e isso permite garantir a continuidade dos negócios e a satisfação das necessidades dos clientes mesmo em confinamento”, adianta o líder da Fixando.
A Edigma, empresa portuguesa líder no desenvolvimento e na produção de tecnologia e aplicações multitoque, partilha que encararam o novo confinamento com naturalidade. “Se na primeira vaga avançamos para o confinamento com uma incerteza enorme e com receio do desconhecido, neste momento aconteceu de forma muito natural, não sendo o impacto comparável. O facto de termos cerca de 80% da empresa em trabalho remoto praticamente a tempo inteiro, conjugado com as novas ferramentas e métodos de trabalho adotados ao longo deste percurso permitiu que as medidas mais restritivas fossem adotadas de forma suave”, explica Miguel Oliveira, CEO da Edigma.
Apoios e Soluções?
Cientes da importância das restrições no combate ao aumento de casos de contágio pelo novo coronavírus, os empresários questionam os apoios a determinados setores.
“São medidas positivas e que pecam por não abranger mais áreas de atividade, ou seja, estão demasiado concentradas na hotelaria e restauração quando na realidade outros setores estão também grandemente afetados”, realça Paulo Nabais da Empark.
Para a Summer Vanguard, empresa do ramo do design e decoração, Portugal terá de repensar que atividades tem interesse em estarem abertas. “Somos 8 milhões de consumidores e não há milagres! Temos que pensar na exportação das indústrias e promover os nossos produtos através de algo inovador e digital no resto do mundo, nomeadamente em África”, sublinha Ana Monteiro, CEO da empresa que está há quatro anos a operar no mercado.
Resilientes, os empresários explicam as soluções desenvolvidas e até hoje sustentadas para driblar o período negro que vivem os negócios. A EDIGMA adiantou que ficou evidente, desde logo, que a melhor estratégia que podia ser adotada era a flexibilidade e adaptação constante, com investimento em pessoas.
“Investir na inovação das suas capacidades, na adoção de novas ferramentas digitais para agilizar o trabalho de cada um, onde quer que essas pessoas se encontrem, e tudo isto resultou no lançamento de uma nova área de negócio, relacionada com a gestão de atendimento e experiência do cliente e dois novos produtos, todos eles com provas dadas no mercado nacional e internacional”, complementa Miguel Oliveira.
Já a Fixando, neste segundo confinamento, deu continuidade às medidas que iniciaram em março de 2020, e que têm mantido no decorrer de 2020 até hoje.
“A realização de webinares, para que os nossos profissionais possam melhorar a sua reputação online e adaptar-se ao digital, a promoção de ações de sensibilização através de email-marketing e das redes sociais, para a importância do cumprimento das medidas de segurança e higiene na realização dos serviços. E disponibilizamos também uma ferramenta de pagamentos online – a Fixando Pay – e a certificação dos profissionais que cumprem as regras de segurança”, explica Miguel Mascarenhas.
Pelo que se percebeu do inquérito, a grande conclusão dos lados dos empresários é que a única certeza que têm até aqui é a de que não há certeza de nada, e será preciso gerir e perceber muito bem as oportunidades que se apresentam no atual estado da economia e da sociedade.
“Enquanto seres humanos, é natural ficarmos intimidados pelo caos, contudo prova a história que no caos surgem oportunidades. Se em 2020 experienciamos um período completamente diferente do que estávamos habituados, 2021 continuará num registo fora do habitual”, conclui o CEO da Edigma.