63% das pessoas afirma que a comunicação interna se intensificou devido ao surto de COVID-19, uma realidade que tem vindo a mudar de forma significativa a maneira como vivemos e como trabalhamos. Esta é uma das principais conclusões da pesquisa realizada entre os dias 23 e 26 de março de 2020 pela equipa de Talent Engagement da LLYC em Portugal, que procurou identificar os principais desafios da comunicação interna nas empresas.
Num momento em que o trabalho remoto é uma realidade para muitos, os canais considerados mais eficazes ao nível da comunicação interna foram, em primeiro lugar, o email (85%), seguido das ferramentas de videoconferência (65%) e as plataformas colaborativas (ex., Google Hangouts, Microsoft Teams, Slack, entre outras) que foram a escolha de 59% das pessoas. No que diz respeito à frequência da comunicação, 68% das pessoas recebem informação frequentemente da sua empresa sobre a pandemia (isto é, pelo menos uma vez por semana).
Apenas 10% dos inquiridos afirma sentir-se pouco próximo da liderança da empresa neste momento, o que revela que a crise representa uma oportunidade para as chefias estarem mais perto das suas equipas. No entanto, o estudo identificou algumas das principais preocupações nas empresas: 73% dos inquiridos afirma estar preocupado com a sua produtividade e concentração neste contexto atual, 53% encontra-se receoso com a segurança do seu posto de trabalho e 47% refere estar preocupado com a gestão e coordenação da sua equipa.
Por último, destaque também para os conteúdos que mais interessam às pessoas neste momento: dicas para manter a produtividade no trabalho (62%), conselhos sobre o funcionamento das plataformas digitais (55%) e conteúdos de formação sobre gerir o trabalho e a família neste contexto (50%).
Comunicação interna como estratégia de engagement
Num contexto em que as empresas se deparam com novos desafios de comunicação, criar proximidade e manter o compromisso das pessoas está na ordem do dia. Nesse sentido, a LLYC aconselha os seus clientes a comunicar de forma mais eficiente com as suas equipas e aponta os vetores essenciais da comunicação interna para criar engagement:
Comunicação próxima. Estar próximo implica que a comunicação assimile, compreenda e dê resposta às preocupações dos profissionais, usando uma linguagem clara, acessível e direta. A comunicação quer-se relacional, mais do que nunca.
Comunicação sincera. A comunicação tem de ser genuína e autêntica sob pena de não ser credível. Isso implica que é humano, em circunstâncias como as do atual contexto, poder expressar vulnerabilidade. Partilhar as inquietações face ao futuro quando desconhecemos o impacto que o contexto vai ter é humano e valorizado.
Comunicação sempre presente. É preciso assegurar uma comunicação fluída com as pessoas, sem nunca perder o contacto e de forma a manter toda a equipa informada sobre as decisões tomadas e seu impacto no negócio. As empresas devem ser uma fonte de informação relevante para as suas pessoas.
Comunicação bidirecional. Dois grandes problemas que as empresas enfrentam na hora de comunicar são: falar sem escutar e falar sem responder. Garantir resposta e feedback é essencial. As empresas devem disponibilizar espaços próprios e os canais adequados para que as pessoas possam expressar os seus receios e as suas dúvidas, mostrando-se disponíveis para as ouvir e trabalhar em soluções.
Comunicação proativa. Conhecer e monitorizar as preocupações das pessoas permite-nos detetar insights para planear ações de comunicação que antecipem necessidades e criem engagement.
Comunicação coerente. Tempos difíceis trazem uma oportunidade às empresas de mostrar a verdadeira cultura organizacional. Mais do que narrativas pomposas, são precisos relatos envolventes, com propósito e que consubstanciem a ação. É tempo de storydoing e não de storytelling.
Comunicação com perspetiva de longo prazo. O mundo como o conhecíamos não será o mesmo. Nesse sentido, há uma oportunidade de gerar conteúdos e experiências que sirvam de “catarse coletiva” nos espaços de trabalho. Reagir agora não deve limitar-nos de pensar proativamente no que virá depois.
A pesquisa foi realizada pela LLYC, uma companhia global de consultoria de comunicação e assuntos públicos, e decorreu entre os dias 23 e 26 de março de 2020, com um total de 106 respostas válidas.