A utilização de criptomoedas poderá não ser do interesse de todos, mas acredito que ainda por desconhecimento. Durante muito tempo foi considerada uma moeda confinada a um espaço virtual e cujas transações e valorizações eram impercetíveis para a grande maioria das pessoas. Na realidade é uma moeda digital, de transação, mas que não é impressa nem controlada por nenhuma entidade, tal como o Dólar ou o Euro.
O debate de como as criptomoedas deverão passar do virtual – um espaço internético fechado – para serem inseridas na economia real sempre existiu. É uma situação que se tem analisado e que fará parte de um futuro cada vez mais próximo, visto que a sua utilização tem crescido substancialmente. Vejamos o caso da bitcoin, uma das mais conhecidas moedas digitais cuja capitalização no ano passado foi superior à capitalização do Banco Central da Rússia. Uma situação que nos leva a questionar, como é que a capitalização poderá ser superior a um país da dimensão da Rússia?
A passagem de um ambiente virtual para o mundo real, onde existem as transações de processos físicos, efetuadas no dia-a-dia, começou a ser explorada através do lançamento de alguns cartões de crédito, com montantes pouco significativos. No entanto, este é efetivamente um cliente muito apetecível para qualquer tipo de negócio, especialmente o imobiliário, considerando os valores praticados no setor. Ao longo do tempo, a criptomoeda deverá ser cada vez mais encarada como uma forma de transação e aquisição e, gradualmente, irá sair de um ecossistema fechado.
O problema que se coloca é que esta passagem do mundo virtual para o real tem vários entraves; problemas legais difíceis de ultrapassar, a questão da origem dos capitais, os comprovativos obrigatórios dos vários países relativamente às leis de branqueamento e, nesse aspeto, a Europa é bastante restritiva. No entanto, a regulamentação que tem vindo a surgir veio conferir alguma segurança à origem dos capitais, o que possibilita a transação e a transição entre a moeda virtual e a moeda real.
No início do processo houve desconfiança por parte de alguns mercados, pelo facto de qualquer pessoa poder estar apta a fazer emissão da moeda e a mesma sair do controlo dos bancos centrais, mas muitos países também já perceberam que esse crescimento é inevitável e preferem associar-se a ele, transformando-se também em agentes desse mercado, com confiança e equilíbrio e num futuro próximo.
Devem apenas ultrapassar-se os obstáculos legais dos comprovativos de origens de capitais, pois na realidade é uma moeda como outra qualquer, é como comprar em Euros com uma conta proveniente da América ou da China. Basta fazer-se o câmbio, um processo tão usual e volátil como acontece habitualmente.
A quantidade de dinheiro que existe torna esta transição muito apetecível e num futuro próximo iremos certamente assistir à tentativa de captar os investidores que estiveram no mercado das criptomoedas para ativos convencionais, como o caso do imobiliário, sempre muito ambicionado. Por este caminhar, provavelmente num curto espaço de tempo esta questão já não será tão debatida, será o “novo normal” para investidores, bancos e cidadãos em geral.