Criptomoedas no mercado imobiliário – Realidade ou Intenção?

Foto de Tejaswin Gundala em Unsplash

A utilização de criptomoedas poderá não ser do interesse de todos, mas acredito que ainda por desconhecimento. Durante muito tempo foi considerada uma moeda confinada a um espaço virtual e cujas transações e valorizações eram impercetíveis para a grande maioria das pessoas. Na realidade é uma moeda digital, de transação, mas que não é impressa nem controlada por nenhuma entidade, tal como o Dólar ou o Euro.

O debate de como as criptomoedas deverão passar do virtual – um espaço internético fechado – para serem inseridas na economia real sempre existiu. É uma situação que se tem analisado e que fará parte de um futuro cada vez mais próximo, visto que a sua utilização tem crescido substancialmente. Vejamos o caso da bitcoin, uma das mais conhecidas moedas digitais cuja capitalização no ano passado foi superior à capitalização do Banco Central da Rússia. Uma situação que nos leva a questionar, como é que a capitalização poderá ser superior a um país da dimensão da Rússia?

A passagem de um ambiente virtual para o mundo real, onde existem as transações de processos físicos, efetuadas no dia-a-dia, começou a ser explorada através do lançamento de alguns cartões de crédito, com montantes pouco significativos. No entanto, este é efetivamente um cliente muito apetecível para qualquer tipo de negócio, especialmente o imobiliário, considerando os valores praticados no setor. Ao longo do tempo, a criptomoeda deverá ser cada vez mais encarada como uma forma de transação e aquisição e, gradualmente, irá sair de um ecossistema fechado.

Os cartões de crédito foram os primeiros a ligar o ambiente virtual ao mundo real nas transações.

O problema que se coloca é que esta passagem do mundo virtual para o real tem vários entraves; problemas legais difíceis de ultrapassar, a questão da origem dos capitais, os comprovativos obrigatórios dos vários países relativamente às leis de branqueamento e, nesse aspeto, a Europa é bastante restritiva. No entanto, a regulamentação que tem vindo a surgir veio conferir alguma segurança à origem dos capitais, o que possibilita a transação e a transição entre a moeda virtual e a moeda real.

No início do processo houve desconfiança por parte de alguns mercados, pelo facto de qualquer pessoa poder estar apta a fazer emissão da moeda e a mesma sair do controlo dos bancos centrais, mas muitos países também já perceberam que esse crescimento é inevitável e preferem associar-se a ele, transformando-se também em agentes desse mercado, com confiança e equilíbrio e num futuro próximo.

Devem apenas ultrapassar-se os obstáculos legais dos comprovativos de origens de capitais, pois na realidade é uma moeda como outra qualquer, é como comprar em Euros com uma conta proveniente da América ou da China. Basta fazer-se o câmbio, um processo tão usual e volátil como acontece habitualmente.

A quantidade de dinheiro que existe torna esta transição muito apetecível e num futuro próximo iremos certamente assistir à tentativa de captar os investidores que estiveram no mercado das criptomoedas para ativos convencionais, como o caso do imobiliário, sempre muito ambicionado. Por este caminhar, provavelmente num curto espaço de tempo esta questão já não será tão debatida, será o “novo normal” para investidores, bancos e cidadãos em geral.

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Vítor Reis é Diretor da Escola Superior de Atividades Imobiliárias – ESAI. MPhil em Property Valution na Northumbria Universty, Newcastle, Inglaterra, Membro do Royal Institution of Chartered Surveyors, Perito Oficial da Lista Permanente do Tribunal da Relação de Lisboa. Licenciado em Gestão Imobiliária é também Avaliador Imobiliário certificado pela Comissão de Mercado de Valores Mobiliários, Avaliador Imobiliário do Património do Estado, através do Ministério das Finanças – Direcção-Geral do Tesouro, Avaliador Imobiliário para instituições financeiras e Árbitro do Tribunal Arbitral – Centro de Arbitragem da Propriedade e do Imobiliário. Tem ampla experiência na realização de avaliações de património de empresas e Particulares e como Consultor Imobiliário na área de Investidores Institucionais e Internacionais.

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