Crise no Mar Vermelho: “Empresas Devem Reforçar a Resiliência das suas Cadeias de Abastecimento”

Na foto: Carlos Elavai, Managing Director e Partner da BCG em Lisboa.

A crise no transporte marítimo de mercadorias no Mar Vermelho está a gerar impactos globais significativos, afetando o comércio global. Segundo um estudo da Boston Consulting Group (BCG), existem quatro cenários possíveis para o desfecho desta crise, que vão desde uma resolução imediata até um prolongamento ao longo do próximo ano, com potencial consequente crise regional.

A intensificação dos ataques dos rebeldes Houthis, desde outubro de 2023 levou os transportadores a desviar a maioria dos navios da rota Extremo Oriente-Europa para sul, através do Cabo da Boa Esperança. Isso resultou num aumento significativo do tempo de navegação, afetando especialmente o Mediterrâneo Oriental.

De acordo com Carlos Elavai, Managing Director e Partner da BCG em Lisboa, esta crise tem impacto substancial no comércio mundial, aumentando os prazos de entrega e os custos de transporte, afetando negativamente empresas e economias expostas. “Neste contexto, é imperativo que os agentes portugueses mais expostos estejam atentos aos desenvolvimentos e apostem no aumento da resiliência das suas cadeias de abastecimento, identificando rotas alternativas e aumentando níveis de stock para assegurar o abastecimento”.

Foto de Tawatchai07 em Freepik

O estudo realizado pela Boston Consulting Group (BCG) prevê quatro cenários possíveis para o desfecho da crise no Mar Vermelho. O mais otimista aponta para a “Resolução Imediata”. Se a crise terminasse no final deste mês, a atividade marítima normal seria retomada no segundo trimestre de 2024, embora a procura pelos serviços de transporte de mercadorias a curto prazo permaneça reduzida.

Um cenário de “Prolongamento até ao final do ano” obrigaria os transportadores a aumentar a velocidade dos navios, bem como a capacidade de carga, além do aumento da distância percorrida, com consequências no consumo de combustível. Nesta situação as taxas de frete marítimo poderão triplicar ou quintuplicar em relação aos níveis anteriores à crise.

Se a crise se prolongar “Até ao início de 2025”, a procura pelos serviços de transporte será afetada até à segunda metade do ano. No pior cenário, uma “Crise Regional da Península Arábica” com o encerramento do estreito de Bab el-Mandeb, os transportadores teriam de redirecionar toda a frota, afetando as redes de comércio atuais.

Carlos Elavai adverte que esta crise marca uma mudança no setor do transporte marítimo de mercadorias e destaca a necessidade de preparação para futuras perturbações. O responsável da BCG recomenda que as empresas devem adaptar-se ao contexto geopolítico e investir na resiliência das suas cadeias de abastecimento, garantindo rotas comerciais alternativas e uma capacidade de resposta rápida.

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