Désirée Melusine: “Ninguém faz acontecer. Primeiro é preciso testar!”

Désirée Melusine revela os segredos do sucesso empreendedor: testar, validar ideias e aprender com o fracasso sem perfeccionismo.

na foto: Désirée Melusine, CEO e cofundadora da plataforma Locallyher

«O problema de muitos empreendedores é lançar uma ideia sem antes a testar», afirma Désirée Melusine, CEO e cofundadora da plataforma Locallyher, sublinhando que avançar sem validação prévia é o principal erro cometido por quem cria um negócio.

Com mais de 15 anos de consultora dedicada à construção e otimização de produtos digitais e experiência do utilizador, Désirée Melusine acredita que «ter uma boa ideia não basta». É necessário testá-la rigorosamente antes de dar os próximos passos, um conceito que frequentemente escapa aos empreendedores menos experientes.

«Muitas vezes o empreendedor pensa: “tive uma ideia, vou fazer acontecer”. Eu já não penso assim. O percurso deve passar primeiro por testar a ideia, criar um MVP (produto mínimo viável), validar no mercado e, só depois, avançar. Ninguém faz acontecer sem testar primeiro», esclarece Désirée, que já contribuiu para o desenvolvimento de mais de 110 produtos nas áreas de IA e Smart Cities.

Foto de Freepik

Locallyher: Uma plataforma para mulheres empreendedoras

A ideia para criar a plataforma Locallyher surgiu diretamente da própria experiência pessoal de Désirée ao chegar a Portugal em 2008. A empreendedora sentiu enormes dificuldades em encontrar profissionais especializadas, e percebeu que o mesmo acontecia a muitas outras mulheres empreendedoras em Lisboa.

«Ouvi muitas vezes outras mulheres profissionais dizerem: “Porque é que eu nunca soube de ti?” ou “Eu moro há tantos anos em Lisboa e não sabia que eras uma excelente profissional!”. Percebi que o problema não era falta de talento, mas sim a ausência de uma forma eficaz de as conectar», explica.

Foi precisamente esse problema que inspirou Désirée a desenvolver uma solução que vai além de um simples diretório digital. « Locallyher não é apenas uma plataforma de divulgação de serviços. É também uma forma de partilhar conhecimento de maneira informal. Posso aprender com uma profissional durante uma conversa ao pequeno-almoço, mesmo que não esteja diretamente a vender o seu serviço», esclarece.

Foto de Zhangxiao em Freepik

Saber pedir ajuda é crucial

Outro momento decisivo no crescimento da Locallyher foi o reconhecimento por parte de Désirée das suas próprias limitações. Apesar de forte em tecnologia e desenvolvimento de produto, a empreendedora admite ter grandes dificuldades em marketing e vendas. Foi aí que decidiu convidar Mia Piao, especialista em vendas, para cofundar o projeto.

«Chegou um momento em que percebi que tinha muitos dados e muito research, mas não podia avançar sozinha. Falei com a Mia sobre as minhas dificuldades e até sobre a intenção de desistir. Ela respondeu-me: “Então amiga, estou à espera da tua proposta”», conta Désirée, sublinhando que «o ego não pode estar no meio do negócio».

Após a entrada de Mia, a Locallyher evoluiu significativamente. O projeto foi oficialmente apresentado no Web Summit e hoje conta com 15 mil seguidoras gratuitas nas redes sociais, preparando-se para abrir oficialmente a plataforma no final de abril.

Na foto: Désirée Melusine, CEO e cofundadora da plataforma Locallyher

Humanizar a tecnologia e as relações comerciais

O conceito por trás da Locallyher é oferecer uma experiência mais humana do que os tradicionais motores de busca comerciais. O algoritmo da plataforma privilegia a proximidade geográfica, mas também possibilita a pesquisa por idioma, facilitando o contacto com profissionais adaptadas às necessidades específicas das utilizadoras.

«O nosso Google Search vem num formato completamente humanizado, onde cada profissional tem uma página pessoal para criar uma relação mais próxima e autêntica com as clientes. As pessoas gostam disso», refere a empreendedora.

Imagem de website de Locallyher

Falhar é aprender

Désirée Melusine defende que o medo de falhar é o maior obstáculo do empreendedorismo e que este deve ser encarado como uma oportunidade valiosa de aprendizagem.

«O perfeccionismo literalmente destrói-nos e não pode existir no desenvolvimento de um produto ou lançamento de uma ideia. Não devemos ter medo de voltar atrás e aprender com isso», salienta. Ela afirma ainda que «não gosta quando empreendedores dizem que o seu negócio é como um bebé», porque isso cria um apego emocional que pode impedir a evolução natural da ideia.

«Se não deu certo, acabou. Vamos tentar outra coisa. É preciso avançar sem colocar emoções excessivas. Dar um passo atrás também contribui para a transformação e evolução», conclui.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor escreva o seu comentário!
Por favor coloque o seu nome aqui

20 − 19 =